first day again

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—Você tá bem, mamãe?—Ellie perguntou quando viu Mal parada, analisando o material na mesa.

—Achei que íamos ter mais tempo antes de ter que te mandar para a escola.

Ellie já tinha cinco anos e meio. Pelo estado de Auradon, era obrigatório que começasse a frequentar a primeira série e, como ela ainda não havia começado, Mal e Ben receberam notificação do conselho tutelar dizendo que caso a garota não entrasse em um colégio, teriam de tomar medidas cabíveis em relação à guarda da menina. Não querendo perde-la, o casal matriculou ela em uma escolinha particar perto do castelo.

Mesmo assim, o coração de Mal doía por ter de despedir da menina. Ainda lembrava de quando ela tinha três anos e frequentou a creche por um dia.

—Não fica triste.—Sorriu, ainda orgulhosa de si mesma por conseguir formular agora as palavras corretamente.—Eu volto, prometo.

—Cuidado, okay? A mamãe te ama muito, não quero que nada aconteça.

—E lembra do que eu disse, certo?—Ben cruzou os braços, parado na soleira da porta.

—Sem magia.—Ellie deu de ombros, desanimada.—Por que não posso usar magia?

—Assusta as outras crianças.—Devolveu ele.

—Mas... mamãe disse que as pessoas tem que gostar de mim quando eu for quem eu sou.

—E ela está certa. Você não é só uma feiticeira, é uma criança muito amada e inteligente que precisa de colegas da sua idade.—Insistiu o rei.—Hoje você não é princesa, está bem? É só uma criança tentando se enturmar. Agora, dê tchau para sua mãe que o vovô vai te levar no colégio.

Ela correu até Mal logo depois da genitora ter colocado seus materiais na bolsa e a abraçou, dando um beijo doce em sua bochecha e tocando sua barriga com cuidado, se despedindo do irmãozinho.

—Achei que você levaria ela.—A mulher sussurrou.

—Meu pai se dispôs.

—Quando ele voltou?

—Ontem a noite.

A garota de ilha deu de ombros, se sentando na cadeira ao sentir náuseas.

—Apenas fale para ele tomar cuidado na estrada.—Suspirou ela.

(...)

—Vamos para um piquenique hoje?—Ben sorriu, se ajoelhando em frente à cadeira.

—Você tem que trabalhar.

—Não, eu tenho que ficar em casa e garantir que a minha esposa ficará bem.

—Posso ler um livro, posso arrumar a casa, assistir um filme. Fico bem sozinha.

—Posso fazer tudo isso com você.—Ele prosseguiu.—Podemos ler juntinhos na cama, dividir as tarefas de casa ou nos abraçar enquanto vemos filmes.

—Ben, não precisa disso. Você tem responsabilidades.

—Quero esfriar a cabeça perto de você hoje.—Insistiu.—Estou sobrecarregado e estar perto de você me tranquiliza.

—Te tranquiliza por eu estar mais maluca que você ou por-

—Porque você é meu porto seguro.

—E que tal se ao invés de fazermos essas coisas, você sentar e conversar comigo sobre como anda você.—Mal pontuou, se jogando na poltrona da sala, com as mãos no ventre.

Seu bebê estava no sexto mês. Ela já sabia que não era outra menina, mas ele ainda não. Estava mais cuidadosa, estava amando a gravidez. Faria isso milhares de vezes mais.

—Você sempre pergunta como eu estou e sempre acaba comigo chorando. —Termina ela.

—Olha eu... não quero falar muito sobre isso, só... me chateia saber que Ellie está envelhecendo porque ela precisa cada vez menos de nós.—Pontuou o homem.—To chateado por saber que qualquer dia posso dormir e acordar com o telefonema do hospital dizendo que a minha mãe morreu. Preocupado com a sua gravidez e frequentemente pensando se você está bem. Doido de raiva do meu pai por não estar presente. Ele não é tão presente para Ellie, não é presente para os meus irmãos, largou minha mãe doente sozinha e é vive no meu pé. Ainda por cima bêbado. As vezes quero socar ele.

—Por que não só... soca?

—Mal! Ele é meu pai!

—E? Isso é motivo suficiente para não ensinar uma lição para ele?

—Não fazemos isso em Auradon, okay? Ele tem que aprender com os erros e infelizmente só daria certo se todos se afastassem dele. Luca é ingênuo demais para isso.—Debateu, se aproximando da mulher.—Estou feliz que estamos fazendo isso de novo.

—Acho legal que esteja tentando me distrair. Mas você tem um reino para cuidar!

—Estou feliz que nosso bebê esteja bem, apesar de você se recusar a dizer se é outra princesinha ou se vou ter um jogador de futebol.—Tocou com cuidado o ventre da esposa, se ajoelhando ao lado do sofá.

—Ben!

—Ei! Eu também preciso me distrair do primeiro dia, tá legal? Me preocupo se ela vai ficar bem, se as pessoas vão ser legais com ela, se o primeiro ano não vai ser um saco por ela já saber o alfabeto, ler, os números, somar, subtrair, dividir, multiplicar e odiar brincar de massinha. Digo, é só isso que fazem no primeiro ano, não é?

—Geralmente nem aprender a ler eles fazem totalmente.—Ela deu de ombros.

—Então! Podíamos ter colocado ela em uma escola especializada, não ter enfiado ela com um monte de crianças ricas que não sabem ler!—Reclamou ele, se levantando.—Vou busca-la.

—Ben, não. Relaxe. Espere até que ela diga como está sendo. Vai ser uma droga mesmo, mas você prefere que a sua filha de cinco anos esteja na sala com crianças de onze?—Comentou ela.—Acho demais. Acho que machucariam ela.

—Podíamos pagar a Fada madrinha Lara lecionar para ela. Digo, ela poderia ter aulas comuns avançadas, boas maneiras e até magia.—Sorriu o rei.

—Não sei se eu quero isso.

—Por que não?

—Ben, é realmente muito legal que ela seja inteligente. Mas querendo ou não, ela é uma criança. Ela precisa de outras crianças a volta dela, precisa lidar com tarefas do dia a dia. Aprender boas maneiras em bailes como toda princesa e magia se aprende na prática.—Resmungou.—A Fada madrinha é um porre para ensinar qualquer coisa, confia em mim. As aulas de boas maneiras eram um saco, literatura dava sono, e eu era a única aluna da aula de magia, e ela preferia explicar que não era bom usar magia do que dizer como usar. Por isso eu sempre acabava sem saber nada e implorando para Bela me explicar as coisas.

—Me preocupo muito com o futuro dela, sabe? E quando partirmos e...

—Somos bem jovens ainda.—Mal garantiu.—E mesmo assim, quando partirmos ela vai dar um jeito. Estamos mostrando para ela um caminho bom. Ela tem uma vida boa e ainda vai encontrar alguém que a ame e entenda. Ela só... precisa ter esse contato com outras crianças. Até porque em breve terá outro bebê aqui, e eles estarão disputando atenção.

—Acha que ela ficará com ciúmes?

—Se eu acho?—Ela riu por uns instantes, acariciando o ventre enquanto o bebê se movimentava.—Eu tenho certeza. É óbvio.

Ficaram em silêncio por alguns segundos e Ben passou a encarar o chão.

—Será que se... eu conversar com seu pai, ele deixa minha mãe viver por mais alguns anos?

—Não sei se é assim que funciona, Benny. Ele é só o Deus do submundo. Acredito que ele só receba as almas que vão, não sei se é ele quem tira. Mas... bom, não custa tentar.

—Só... queria que ela tivesse tempo para ver eles crescerem.—Gaguejou ele, lágrimas começando a escorrer até ele rir novamente.—Bom, parece que não é só você que acaba chorando quando conversamos.
















Ruim mas estou sem ideias

going crazy - História malenOnde histórias criam vida. Descubra agora