sleep with u

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FLASHBACK ON

Benjamin sempre soube certas coisas sobre Mal por observação. Ele não era médico e não podia dar à ela um diagnóstico, mas ele tinha quase certeza que o funcionamento de sua cabeça e algumas de suas ações se deviam a algo que atualmente já tinha um nome.

Ela provavelmente não sabia, por conta de onde nasceu e também nunca saberia se não descobrisse sozinha, porque Ben sabia que se dissesse algo para ela, ela passaria a se odiar ainda mais por algo que sempre esteve com ela.

—Você quer sair um pouco?—Sussurrou, puxando ela para pertinho.

Mal estava sentada no braço do trono no meio do salão de baile, comendo de uma bandeja de morangos. As pessoas dançavam a música alta, riam e conversavam e aquilo parecia estar deixando ela cansada. Ela estava apática, sentada quietinha.

—Você é o rei. Não precisa... sabe, fazer sala para os convidados?

—Você é meio que convidada também. Posso te fazer sala no meu quarto.—Ele sorriu timidamente.—E não é do jeito... maldoso.

—Benji...

Mal odiava que ele deixasse de lado suas responsabilidades por ela. Ele era rei e eles só namoravam há uns oito meses. Tudo bem, já eram noivos, mas algumas pessoas ainda insistiam em julgar o garoto por aceitar estar com alguém tão desajeitada. A filha de uma vilã.

Mas para ele, ela era muito mais.

Ela não era só filha de uma vilã, porque seus pais não podem te definir. Em primeiro lugar, Malévola era má, e isso sua herdeira nunca foi.

Mal era bonita e tinha sardinhas que sempre escondia por debaixo de uma fina camada de maquiagem. Só ele sabia disso.

Mal era a melhor companheira do mundo. Era engraçada e divertida e estar com ela era uma dádiva que poucos tinham, já que ela não tinha grandes habilidades sociais.

Mal era uma boa noiva. Ela sabia o momento certo de parar, ela sabia quando que tinha de colocar ele antes de seus desejos.

Mal seria uma boa mãe e uma boa rainha, mas, acima de tudo, Mal nunca poderia ser definida por seu sangue e origem.

Porque ela era muitas coisas. Ela era depressiva, ansiosa, companheira, linda, engraçada, manhosa, gentil, corajosa, inteligente, e tantas outras coisas.

Mal não era a filha da Malévola. Era uma pessoa totalmente diferente. Porque ela sabia amar. Ela sabia ser mundana como os outros e gostar de coisas comuns.

Sua cor favorita era roxo. Ela gostava de chocolates e de morangos. A flor favorita era cempasuchil — o que não era tão legal assim, porque ele quase nunca achava para comprar — e ela não gostava muito de televisão. Gostava do sol porque cresceu sem ele, e, acima de tudo, gostava muito, muito dele.

—Vamos, eu sei que o barulho está te incomodando.—Ele sorriu de canto gentilmente; agora puxando-a tão perto que já não estava mais no braço do trono e sim em seu colo.—Está quieta há quase quarenta minutos.

—Só estou cansada. Acho que acordei muito cedo para Evie terminar esse vestido.—A garota suspirou, girando em seu dedo o anel de fera.—Preciso dormir um pouco. Sinto que estou tão exausta que poderia chorar agora mesmo.

—Não seja por isso.—O homem a afastou lentamente e se ergueu, dando as mãos para ela e caminhando para fora do salão, rumo a seus aposentos.—Vamos, eu vou cuidar de você.

(...)

—O que foi?—O menino sussurrou, acariciando os cachos da garota em seu colo. Já era a quinta vez que ela se remexia sem motivo algum.

going crazy - História malenOnde histórias criam vida. Descubra agora