- Ela nem está te ouvindo. - Dante murmurou sentado em sua cadeira da mesa de jantar.
Ellie tentava puxar assunto com os pais, mas estavam a ignorando como castigo por ter inventado aquela mentira idiota. Ben jantava e lia o jornal da manhã que não tinha conseguido ler pela manhã, e Mal dava papinha para Lottie em sua cadeirinha.
- Está ocupada demais com Lottie, não é? - Resmungou Ellie.
- Não, eles não gostam quando a gente mente. É coisa de gente da ilha. - Contou Austin, cortando a carne delicadamente para a irmã menor.
- Por que você só não pede desculpas? - Diana sorriu para o mais velho em agradecimento e começou a comer seu jantar.
Os pais se mantiveram em silêncio, cada um atento a sua própria atividade. Haviam esquecido que era tão difícil ser pais de um bebê e quando a pequena pedia por colo durante a noite, deixavam de dormir.
- Não vou pedir desculpas. Eu só quero viver com meu namorado e-
-A tia Jas não vai querer também.-Murmurou Dante.-E pra que vocês querem morar juntos se vocês se veem toda semana?
-Não é suficiente.
-Sua irmã está muito saidinha.-Ben disse, encarando o menino enquanto afastava o jornal.-É uma pena que Auradon caia nas mãos de uma irresponsável.
O rei virou o jornal para que a esposa visse: os dois de mãos dadas na capa, caminhando junto com os moradores. Eram acessíveis e aceitavam demandas do povo. Auradon agora era a maior potência entre os países pois não causava guerra, não havia índice de fome ou desigualdade e muitas pessoas diziam que isso se deviam ao governo dos atuais reis.
Mal analisou a manchete e sorriu para o marido, encostando o pé no pé dele por debaixo da mesa. As pessoas gostavam dela. Gostavam de suas ideias e de como governava. Por fim, não serviu só para gerar herdeiros.
"AURADON SEGUE EM PRIMEIRO LUGAR NA LISTA DE REINOS COM MELHOR ECONOMIA E EDUCAÇÃO: VEJA O QUE DIZEM VOSSAS MAJESTADES."- Charlotte é melhor do que nós? Por isso agora só ela recebe atenção de vocês? - Perguntou Ellie.
- Eu não quero papinha. - Austin deu de ombros, declarando que não precisava da mesma atenção que a bebê.
- E eu não acordo de noite pra tomar leite. - Disse Dante.
- Grande demais para dormir no berço. - Se pronunciou Diana, afastando o prato ao terminar de comer. - Pelo menos mamãe e papai ainda dão colo para a gente.
FLASHBACK ON-Papai... Sabia que eu me lembro da primeira vez que te vi?-Ela sussurra, vendo a luz da lua sobre a sobrancelha erguida do rapaz.
-O que quer dizer?
-O dia que eu nasci! Claro, bobinho... A mamãe estava gritando e chorando... Eu não sei porque. Tinha muito sangue, e a tia Evie. Estava tão frio que eu comecei a chorar. A luz estava incomodando meu olho, mas eu senti algo me esquentar... Era uma tolhinha. Depois alguém me agarrou, e quando meu olho se acostumou com a luz, eu vi ela. Estava sorrindo... e ela estava bem cansada até você chegar.-Suas maozinhas passeiam pelo rosto do genitor como um carinho, enquanto ele sorria ao ouvir toda aquela historia.-Você me abraçou no seu peito, olhando para mim. Mal sabia segurar um neném, mas estava feliz.
-Consegue se lembrar da vida toda?-O loiro surpreso, segue sussurrando para não acordar a esposa que se encolhia próximo a eles que gestava o segundo bebê e estava exausta.
-Não.Eu vi... Algumas lembranças suas, algumas das vezes que você me abraçou. Suas melhores lembranças. Vi você com a mamãe no casamento de vocês. E o dia que você conheceu ela. O dia que eu nasci e o dia que a tia June nasceu. Você gosta da tia Ju, papai?- E por que não gostaria?
- Vocês não conversam muito que nem eu e meu irmãozinho.- As mãos da pequena tocaram o ventre da mãe para se referir ao menino ali dentro.
- Quando... quando eu era pequenininho, do seu tamanho, meu papai não queria ficar só com a minha mamãe, e ela ficava sempre sozinha. Aí eu ficava com ela para cuidar dela, já que ninguém cuidava.- Contou.- Quando June nasceu, eu ganhei uma amiga, apesar de ela ser meio resmungona.
-Austin vai ser meu amigo também?
- Se você quiser...
- Quero! - Ela disse um pouco mais alto, fazendo a mãe se remexer ao seu lado, ainda dormindo.
- Você... pode ser legal assim sempre? Sua mamãe ainda quer ter muitos bebês, você vai ter vários amigos.
FLASHBACK OFF
No fim da tarde, Ellie resmungava no sofá, tentando forçar uma mamadeira à Lottie. Não adiantava berrar ou reclamar, aparentemente aquela garotinha esquisita que sequer compartilhava com eles do mesmo sangue só respeitava a rainha-mãe, não a rainha filha.
- Para de ser uma fera, ela não vai tomar assim. - Austin murmurou, puxando a garotinha para os braços. - Sério, começo a concordar com o papai quando ele diz que você vai ser uma rainha terrível e uma mãe ainda pior. Você não está vendo que ela não está com fome? Mamãe disse que era só quando ela chorasse.
- Não vou esperar ela chorar, quero sair. Vou... vou para Agrabbah ver o-
- Ah não. A mamãe e o papai falaram para você cuidar da gente. - Diana reclamou, cruzando os braços pequenos enquanto via o mais velho balançar a bebê.
- Não sou sua mãe pra ficar te dando jantinha. Eles saíram os dois porque quiseram.
- Saíram os dois porque estavam preocupados. Babaca! - O menino ruivo comentou. - Você não viu o Dante se tremendo no chão?
- O Dante é epilético desde que nasceu e nunca deu em nada, não tem motivo para chilique.
- Lembra do tio Carlos que a mamãe sempre conta? Ele morreu de epilepsia também. - A mais nova murmura e os irmãos se encaram por um tempo até que Ellie voltasse a falar.
- Vocês tem onze e sete anos, acho que já idade para se virar, não? - A loira resmungou. - Não é só porque-
O telefone tocou, indicando à Ellie que seus pais estavam a sua procura.
Depois do almoço, Dante teve uma crise forte de convulsões. Seus pais fizeram de tudo, o que sempre faziam, mas nada funcionou. Mal, aos prantos, colocou o garoto nos braços e entregou a chave do carro ao marido: o casal saiu as pressas para um hospital pediátrico, e sequer teve tempo de chamar alguém para cuidar das crianças, deixando a mais velha para cuidar dos mais novos.
- Oi, pai. - Disse, colocando o aparelho no ouvido após ver no visor o nome de seu pai.
- Ellie... - A voz cansada do homem soou de seu lado da linha, e ele fungou. - Como vocês estão?
- Quando vocês voltam? - Ellie reclamou, se erguendo para se afastar de seus irmãos idiotas. - Sério, eu não aguento mais eles.
- Vamos demorar um pouco, meu bem.
- Vou largar eles sozinhos. Não tenho obrigação.
- Seu irmão morreu, Ellie! - Ben murmurou de seu lado da linha, caindo no choro novamente. - Sua mãe passou mal, precisa de observação médica. Vamos demorar.
A menina fechou os olhos com o impacto das palavras, mas não se sentia culpabilizada.
- Sério, pai. Se não chegarem na próxima hora, vou deixar essas duas com Austin e dar o fora.
Perdoem o sumiço de uma pobre autora que faz seis horas na escola, duas na faculdade, trabalha quatro horas e ainda faz quatro de cursinho pra ser alguém nada vida KKKKKKKKKKKKK (eu juro que o resto do tempo eu durmo e ando de onibus)
Até mais!
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going crazy - História malen
FanficEnlouquecendo. Era assim que Mal se sentia desde que noivou o rei de Auradon. Mas seria essa uma coisa ruim? *não há mevie aqui* (postada também no Spirit)