scream

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"Eu te amo, por favor, vamos conversar."

A mensagem de Ben chegou poucos minutos depois. Ele provavelmente estaria no carro, quase chegando no castelo agora.

"Me responde. Ou ao menos atenda minhas ligações." - Ele insistiu.

"Peça que venham buscar as coisas dela amanhã."

"Vai desistir? Assim, fácil? Largar dela?"

"Você tomou ela de mim, Ben. O que quer que eu faça? Você é o rei, e deu sua ordem. Eu devia saber que isso ia acontecer mas... escolhi acreditar em você." - Mal digitou de volta. As mãos ainda tremendo e lágrimas descendo por seu rosto enquanto ela se cobria até a cabeça, deitada na beliche com um paninho de Ellie na mão.

"Eu não tomei ela de você. Só estou levando ela para um lugar bom, Mal, preciso que entenda. Não quero que deixe de ser mãe, você ainda vai ver ela."

"Quantas vezes por semana? Uma? Aos sábados de tarde? Ela nem vai lembrar quem eu sou daqui a algum tempo." - digitou ela. - "Já que não teve a decência de deixa-la ser criada pela mãe, pode ao menos entrega-la a sua mãe? Confio nela para fazer a coisa certa."

(...)

MADRUGADA
3H36

—Vem, Ellie.—Ben chamou novamente, encarando a menininha que o encarava no canto do quarto.

—Não.

—Vamos dormir. Vem.

—Não.—Ela choramingou, abrindo o berreiro logo em seguida. Seus olhinhos enchendo de lágrimas e as bochechas corando enquanto ela gritava, esfregando o rosto com as maozinhas gordas.—Mamãe!

—A mamãe não tá aqui.—Disse ele, se levantando a caminhando até ela, abaixando-se para ficar na mesma altura.—Sei que costuma dormir com ela, mas papai pode dormir com você hoje.

—Não!—Ellie gritou em meio ao choro, se jogando no chão para chorar.—Mamãe. Mamãe.

Ele fechou os olhos.

Paciência, Ben. Paciência.

Um.

Dois.

Três.

Quatro.

Pegou o celular, abrindo as mensagens e tendo certeza que Mal ainda estava acordada quando digitou.

"O que faço para ela dormir?"

"Ela só dorme depois de mamar. Sua mãe saberia disso, deveria ter entregado para ela."

"Não vou dar minha filha para minha mãe criar. Não sou irresponsável." - ele enviou. - "Ela não quis mamar. Está gritando que 'Mamãe' tem horas."

"Por que, será?"

O ícone de online da menina sumiu, e ela não respondeu mais nenhuma mensagem.

Tudo bem, ela estava odiando ele, mas superaria. Ellie não ia mamar com alguém que não conhecia. E não iria dormir com ele.

—Você quer chupeta?

—Não, quelo mamãe.

—A mamãe não tá aqui agora, Ellie. Nós precisamos dormir.

Seu choro era firme, e ela implorava por algum aconchego. Não era o aconchego dele que ela queria. Queria o carinho da mãe.

—Mamãe...

Três batidas soaram na porta, e Ben se afastou da criança para ir até lá.

—Estou ouvindo um bebê.—Bela murmurou, empurrando o filho e praticamente invadindo o quarto.

—Ellie vai... morar comigo a partir de agora.

—Mal concorda com isso?

Notando o silêncio do filho, ela se virou, encarando ele com raiva.

—Você tomou Ellie da mãe dela?—Gritou, se aproximando.—Está louco? Mal se quisesse poderia chamar a polícia por sequestro.

—Eu sou o pai dela.

—E? Isso te dá o direito?—Insistiu a senhora. O choro da criança invadindo suas orelhas.

—Eu só... não queria ele perto do colega dela, queria que Ellie tivesse uma vida melhor que o campus então eu...—Gaguejou Ben.

—Arrancou ela da mãe. Oh, pobre criança.—Bela caminhou pelo quarto, se ajoelhando logo em frente à menina chorosa.—O que foi, amorzinho?

—Mamãe!—Sua mãozinha se pendurava na boca, e ela se babava enquanto chorava, implorando para que devolvessem seu porto seguro.

—Ela mamou?

—Não quis.—O garoto fera devolveu.

—Tentou a chupeta?

—Não quer também.

—Você não pode cuidar dela. Vai mata-la.—A mulher insistiu.—Ben... essa menina vive com a Mal desde que nasceu. Ela ainda é amamentada. Mal sequer deve dar chupeta para ela.

—Devia ver ele, é um idiota.

—Tudo isso por ciúmes, Ben. Achei que tinha te criado melhor do que isso.—Ela puxou a neta pelos braços, e colocou-a no colo enquanto a bebê se debatia.—Peça para o motorista me levar para a faculdade. Vou devolver essa menininha para a mãe.

—Não. Mãe, ela fica.

—Não.  Não fica.—Disse.—Sabe por quê? Porque ela só te conhece como o papai que aparece as vezes para brincar. Mal é o mundo dessa menininha, e ela não sabe viver longe dela. Sequer imagino como... como Mal deve estar.

(...)

—Obrigada, Bela.—Chorou Mal.

—Mamãe!—Ellie sorriu, segurando as madeixas do cabelo da mãe com carinho enquanto recebia o seio dela em sua boca.

Teria sido difícil dormir sem ela.

Mal sabia disso.

Ellie também.

Mal se sentia vazia e sozinha quando Ellie não estava na beliche com ela.

Ellie se sentia desprotegida. Sentia frio e fome, porque só aceitaria mamar com quem conhecia, e só conhecia sua mamãe.

—Acabou tudo, sabe?—Mal suspirou.—Com o Ben. Nós... não vamos mais nos casar.

—O que?

—Ele prometeu que não separaria a gente e tirou ela de mim. Se você não tivesse trazido ela de volta, eu viria ela uma vez por semana.—Ela soluçou, se recuperando das horas que passou achando que o mundo estava desabando.—Não posso ficar sem a minha filha, Bela. Não posso me casar com o seu filho e prometer amar ele acima de tudo quando ele tem coragem de me machucar desse jeito.

—Não acho que ele tenha feito por mal. Foi... idiotice, e eu já briguei com ele.—Insistiu a mulher, se sentando no braço da poltrona.—Mas... não deixe ele fazer isso de novo, okay? Me ligue! Ellie acordou um castelo inteiro na base da gritaria.

going crazy - História malenOnde histórias criam vida. Descubra agora