for sure

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—Te trouxe a janta.—Sorriu ele de canto, se sentando na cama com uma bandeja no colo.

—Não estou muito bem para comer. Minha diabete tá alta também. Não... não quero.—Mal deu de ombros.—Não se preocupa com isso. Vai dormir.

—Quero fazer as pazes.

—Você não precisa disso. Só está querendo fazer as pazes porque eu chorei hoje, mas não se preocupa, não vai mais acontecer.—Ela se encolheu, puxando a coberta para cima do corpo.

—Quero fazer as pazes porque isso não faz bem para a gente. Muito menos para os nossos filhos.—Ben insistiu.—A gente não se fala há quase uma semana e eu não estou dormindo direito, comendo direito, me sinto deprimido.

—Eu estou ótima.

—Sim. Pessoas que estão ótimas choram mesmo bastante.—Resmungou.

—Eu quero ficar sozinha. Me deixa ser uma mãe ruim sozinha, tá legal?—Se sentou, acendendo o abajur.—Se eu quisesse jantar, tinha comido. Eu não preciso de você para tudo, ainda sei cozinhar e comer.

—Eu sei. Eu sei.—O rei sussurrou, abaixando o olhar. Ele não queria mais brigar, só... queria a esposa dele de volta.—Sabe o que eu também sei? Você não é uma mãe ruim. Você cuida deles o tempo todo, da o melhor de si e nós sempre recebemos elogios da criação da Ellie, ficamos orgulhosos mas foi você quem fez isso. É o seu esforço.

—Está falando isso da boca para fora.

—Não estou. O que falei da boca para fora foi que você era uma mãe ruim.—Disse.—Eu te amo. E tudo bem, podemos ter filhos quando você quiser. Mas como teríamos filhos se nem nos falamos?

Os olhos dela estavam brilhantes mesmo na luz do abajur. Os olhos dóceis claros, cheios de lágrimas. Ele tinha magoado ela, e dizer que a amava não ia resolver tudo.

Caralho, ela dava o sangue por aquelas crianças. Abrindo mão até de sua própria liberdade as vezes por isso, recusando convites de Evie ou de Jas para sair porque não teria ninguém para ficar com as crianças. Ela se preocupava o tempo todo. Por que era ruim?

—É na hora da raiva que as pessoas falam o que pensam.

—Você esqueceu que também disse que eu sou um pai ruim?

Mal se encolheu, desviando o olhar.

Tudo bem, ela sabia que Ben provia e organizava tudo o que eles tinham. Era graças a ele que as crianças tinham comida, roupa e um teto, mas nada dessas coisas preenchia o buraco no coração que a ausência de um pai causava nas crianças. Ben nunca estava em casa, só chegava a noite quando ambos já estavam dormindo, e as vezes nem Mal tinha mais ânimo.

—É isso o que pensa, não é?—Ele abaixou o tom junto com o olhar, se sentindo ainda mais chateado do que antes. Achava que ela tinha falado aquilo da boca para fora, mas...

—Não aguento mais ser sozinha.—Contou ela, soluçando.—Eu te amo. Você é um pedaço de mim e eu... não sei viver sem você. Mas... eu nem vivo com você. Você só aparece a noite. O que me mantém bem é saber que você vai voltar.

Ele começou a chorar junto com ela, um misto de emoções cheias de palavras confusas que machucariam.

—Mas isso não é o suficiente para as crianças.—Prosseguiu Mal.—Saber que você só volta de noite é o que machuca eles, porque querendo ou não, Ellie está crescendo e vendo que você nunca está aqui. Ela está... se tornando você. Quando era criança. Preocupada o tempo todo comigo como se soubesse que eu posso surtar a qualquer momento. Austin te chama o tempo todo. No começo achei que era porque era a única palavra que ele sabia. Mas ele sabe que a palavra se refere a você. E você não está. O que sinceramente me chateia porque eu estou aqui. Eu estou, mas não sou eu quem ele quer.

going crazy - História malenOnde histórias criam vida. Descubra agora