Bourbon

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—Quantas rainhas você conhece, que realmente criam seus filhos?

A voz de Ben repercutiu pelo quarto, mas não obteve efeito nenhum em Mal, que estava estendida na cama, coberta até a cabeça.

Só existiam três rainhas que realmente criavam os filhos.

Ela.

Bela.

Jas.

Todas as outras sequer amamentavam. Amas de leite e babás criavam crianças perfeitas no castelo, deixando tempo para que o rei e a rainha fizessem seus deveres reais, ou até mesmo fizessem mais filhos.

Mas a garota da ilha estava se sentindo péssima pois estava sobrecarregada e lhe foi dito que precisaria abrir mão de algo.

Ela tinha um reino.

Um casamento.

E uma filha.

Sua bebê faria três anos no mês seguinte. O Conselho disse apenas para coloca-la em um berçário.

Mas ela... não podia abrir mão da menina que cuidava com tanto amor. Não podia perder seus momentos sorridentes com descobertas novas, ou cada frase nova que aprendia a elaborar, cada mundo que inventava com seus brinquedos de pelúcia. Ela era mãe, não queria assistir sua filha crescer ao longe.

E se sentia mal por isso. Se sentia a pior mãe do mundo por ter feito matrícula da sua neném em uma escolinha e deixado-a lá para seu primeiro dia, porque não sabia se tratariam ela tão bem quanto ela era tratada em casa. Isso a assustava.

—Duas rainhas criam seus filhos.—Mal soluçou de volta.—Sua mãe e Jas.

—Errado. São três rainhas.

—Quem é a terceira?

Ben largou os sapatos ao pé da cama. Iria coloca-los, mas o inicio de seu expediente no trabalho não era tão importante quanto a sanidade de sua esposa.

—A terceira é você.—Sussurrou ele, Zé sentando na beiradinha da cama, tocando os fios macios da mulher.—Você, a rainha de Auradon, deu a luz a aquela menininha sozinha durante uma tempestade e cuidou dela sozinha durante mais que um ano em uma faculdade. Você estava lá e comemorou na primeira palavra e nos primeiros passos. Você sorri sempre que ela te chama, da colo sempre que ela pede, beijinhos quando chora e deixa ela dormir com a gente quando ela tem pesadelos. Está sempre preocupada se ela comeu ou se dormiu bem.

—Acabei de dar ela para outra pessoa cuidar.

—Não é o fim do mundo, okay? Não é como se ela não fosse voltar ao meio dia.—O garoto insistiu.—Agora, levante, temos muito para fazer hoje.

—Não... posso... posso ficar aqui hoje? Não me sinto bem.—Gaguejou Mal, se virando para olha-lo.

As bochechas macias estavam rosadas assim como seu nariz. Os olhos vermelhos e inchados enquanto lágrimas escorriam. Ela não se sentia bem emocionalmente.

—Você só fica se eu puder ficar com você.

—Por quê?

—Porque eu... não quero que fique sozinha enquanto pensa nisso, porque sozinha você só se põe para baixo... você vai ficar pior.—Ben se deitou, sem se preocupar com seu terno se amassando com a ação. Apenas a abraçou e acolheu seu rosto frágil em seu peito, querendo reconforta-la.—Não quero te ver triste assim.

—Você não pode largar um reino por um dia inteiro porque estou chateada.—Ela devolveu, mesmo que aceitando o carinho.

—Quando vai entender que eu trocaria tudo isso por um beijo seu?—O menino fera deu um beijo doce no topo da cabeça da esposa, sentindo-a se agarrar nele em um abraço também.

going crazy - História malenOnde histórias criam vida. Descubra agora