Esqueça as Chamas e a Tempestade (Livro 1 da série: Herdeiros)

Capitulo 1

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Alya Miller

Como pode, o sentimento de medo e felicidade andarem juntos? Sentimentos extremos e postos, como céu e mar. Bom, eu não sei, mas neste momento, para mim faz total sentido.

Finalmente consegui uma bolsa na melhor universidade de Nova Iorque e a felicidade que sinto por estar realizando um sonho é tão incrível que não parece ser real, no entanto, o medo de deixar sua zona de conforto, as pessoas que ama, e nada ser como você esperava, vem átona.

Acabo de pousar em Nova Iorque e o frio na barriga me atinge em cheio só de pensar como será meu futuro daqui pra frente, respiro fundo para acalmar meu coração que bate forte no peito, forte de saudade dos meus pais e amigos, mas também forte de empolgação.

Assim que dou meu primeiro passo para fora do aeroporto, sinto o vento fresco da cidade me abraçar, fazendo com que os meus fios loiros, desalinhassem e o seguisse como uma dança. Então, meu celular toca, me tirando do transe em quem estava.

Sorrio ao ver "papai" brilhando na tela.

— Alô, pai?

Não sou nada surpreendida quando uma voz feminina e carinhosa, soa do outro lado da linha.

— Filha meu amor, já chegou? Está bem? Precisa de algo? — dispara mamãe, me tirando uma boa risada.

— Pegou o telefone do pai de novo, dona Maria?

— Você sabe que não tenho celular, minha filha — defende-se.

— Porque não quer, te disse que ia comprar um pra você.

— Eu não me dou bem com essas tecnologias — rio, porque sei que ela usa mais o celular do papai, do que ele mesmo — Como você está, filha?

— Já tô com saudade, isso é possível? — meu coração aperta só de pensar neles.

— Eu também meu amor, você sabe que pode voltar a qualquer momento, não sabe?

É claro que eu sei, meus pais são os melhores pais do mundo. Estão sempre me apoiando nas decisões que tomo e aconselhando. Sei que até se eu matasse alguém, eles me ajudariam a esconder o corpo.

— Sei disso mãe, mas a senhora me conhece, eu não vou desistir dos meus sonhos, não importa o quão difícil seja. — digo, convicta da minha decisão.

— Eu sei meu amor — Sua voz soa chorosa do outro lado da linha — Você já é uma mulher agora, mas saiba que no fundo sempre será minha pequena.

Engulo o nó que forma em minha garganta.

Sei que tenho que ser forte por todos nós, Boston não é tão longe, é só 4 horas de viagem, posso visitar eles sempre que puder.

Mas ainda sim, isso não torna a distância mais fácil.

— Papai está aí? — Mudo de assunto, afastando a lágrima que estava prestes a vir.

— Está trabalhando e fiquei com o celular dele para te ligar, ele tá morrendo de saudade também e disse que assim que chegar em casa irá te ligar.

— Trabalhando? O que aconteceu? — pergunto, preocupada.

Papai é bombeiro, e seu trabalho sempre me deu medo, não sei como ele consegue fazer o que faz. Desde de criança o vejo como um herói sem capa, porque é isso que ele é, um herói para toda a cidade.