L O R E N Z O
Quando eu era pequeno meu pai costumava falar que pressentiamos o mal, naquela época não acreditei.
Mesmo chegando antes de Estela furar os dedos colhendo rosas, ou ajudado Noah na sua primeira crise por causa da diabetes.
Quando ajudei Ísis naquele dia que nos marcou, estava preocupado com ela, e não tem um dia que eu não me culpe pelo o que aconteceu, porquê se tivesse explicado que me senti pequeno diante do sentimento que estava descobrindo sentir por ela, nada daquilo teria acontecido.
Mas agora, olhando para ela tão insegura quanto naquela época um ódio descomunal doma meu corpo.
Deixei Laura em casa e só depois chequei a minha caixa de mensagens, recebi o aviso que Dan estava dando uma festa, não queria vir mas algo me arrastou para cá, uma força maior puxando-me para estar aqui.
E enxergando o mesmo medo e confusão que vi nos seus olhos naquela noite, não pensei duas vezes antes de me aproximar.
__ o que porra, você acha que está fazendo com ela?
O olhar de Ryan primo de Daniel alternou entre mim e Ísis.
__ você conhece ela?
__ ela é minha, então se não quiser ter as duas mãos arrancadas para fora do seu corpo é melhor se afastar.
__ foi mal cara, achei que ela estava desacompanhada.
__ e você acha uma boa ideia, drogar qualquer mulher desacompanhada, será que não tem a capacidade de levar uma mulher para sua cama sem droga-la seu imbecil?
__ Lo...ren...zo? Nossa, como é bom ver você, diz para ele que eu tenho medo... que...__ Ísis diz ao se afastar de Ryan e antes que seu corpo caia eu a seguro em meus braços.
__ ei, eu estou aqui.
__ não vai deixar que...ele... me toque?
__ não, ninguém vai tocar em você sem seu consentimento.
Suas pálpebras estão pesadas, tenho que leva-la para casa e pedir que um médico examine para saber se está tudo bem.
__ vai embora daqui, vai logo filho da puta.__ rosno para o homem que entra no seu carro, deixo que ele vá embora porque tudo que importa no momento é Ísis ficar bem.
***
__ você... está me carregando no colo?__ questiona com a voz arrastada e sorrio.
__ sim, como uma princesa.
__ não... eu não gosto de ser princesa.
__ claro que não, você é a rainha do baile lembra?
Ela sorri e toca meu rosto.
__ nunca...vai...me contar... o que fez para que eu fosse a vencedora não é?
__ se eu te contar agora... amanhã você esquece?
__ com certeza... tem muita droga nas minhas veias... ele... disse que ... era uma balinha.
Filho da puta!
Respiro fundo e entro no seu quarto, ignorando Lilith no seu terrário, ela me encara com seu olhar acusador e reviro os olhos.
__ nem vem cobra, não foi eu quem fez isso com sua mãe.__ respondo e ela me mostra a língua.
Concentro-me em deitar Ísis na sua cama e checo sua temperatura, alívio me domina ao constatar que não está com febre.
__ me... conta, eu saber...
__ tá bem, no dia do concurso.__ me sento ao seu lado e seguro sua mão. __ você estava tão cabisbaixa e como foi antes de tudo acontecer, uma ideia muito louca surgiu na minha mente, eu meio que ofereci ajuda para entrar no time a quase todos os garotos da nossa escola, não tinha como ameaçá-los, usei a inteligência e você venceu, mas sabe o que torna a situação mais idiota ainda, é que depois que eu os ajudei eles disseram que votariam em você de qualquer forma, me senti usado mas o seu sorriso naquele dia recompensou tudo.__ seus olhos estão fixos nos meus, mas ainda distantes.
__ mas me magoa muito que eu não tenha sido o rei que guiou você pelo salão.__ confesso e sorrio ao vê-la de olhos fechados.
Me levanto da cama, e já estava prestes a sair do quarto para ligar para o tio, quando noto que a cobra está sem comida.
__ o que a Ísis te dá para comer?__ questiono e tudo que consigo é o silêncio do quarto e a língua de Lilith.
Olho para cima do terrário e encontro uma caixa escrito " alimentar a bebê "
Ignoro o nome e alcanço a caixa encontrando uns petiscos que devem servir até a dona acordar e dar-lhe uma refeição descente.
Ou ela pode simplesmente falecer.
A segunda opção me parece tentadora.
__ hoje é seu dia de sorte Lilith, estou de ótimo humor.__ declaro e coloco os petiscos pra ela.
Devolvo a caixa ao seu lugar e saio do quarto, tiro meu celular do bolso e ligo para o meu tio explicando a situação e pedindo para que ele traga um médico para examiná-la melhor.
Encerro a chamada encarando tia Sara no corredor de braços cruzados usando um roupão escrito " bonequinha "
__ ela já está na cama, espero que fique bem.__ falo e ela abre um sorriso que não chega ao seus olhos.
__ obrigada filho, mia príncipessa não pensa direito as vezes, Ísis é complicada.
__ entendo, não me agradeça fiz o que devia ser feito, meu pai não criou um covarde.
Ela se aproxima e toca meu rosto.
__ eu sei, e me orgulho disso.
__ agora eu preciso ir tia, tenho que resolver um assunto pendente.
__ está indo atrás de quem fez isso com ela?
__ sim.
__ por mais que eu seja a favor da violência contra esses idiotas que acham que podem tudo, tenho que alertá-lo bambino, não faça nada que se arrependa depois.
Eu sei a quê ela se referia, por mais que Ísis e eu não tenhamos contado nada a ninguém, no fundo sempre desconfiei que tia Sara sabia o que havia acontecido, os seus olhos me encarando com a mesma preocupação que mamãe naquele dia só alimentam a minha teoria.
__ não se preocupe tia, só tem uma coisa que me arrependo de não ter feito, e com certeza não é acabar com um idiota.__ declaro recebendo um beijo no rosto antes dela entrar no quarto.
Respiro fundo e sigo para fora da mansão.
Levei duas horas para encontrar o desgraçado, aos beijos com uma desconhecida. Afasto a garota com delicadeza e o encaro de maneira fria.
__ você não achou que eu ia simplesmente ignorar o que fez não é?__ questiono e meu lado sombrio se alimenta do medo que enxerga em seus olhos.
A noite vai ser bastante divertida.
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O Sucessor: Família Ferrari - livro II
Romance* Hater to friends to love * slow burn * fake dating Lorenzo Ferrari, o sucessor da cadeira de Don da máfia italiana, é um homem decidido e obstinado que gosta de se desafiar não só nas pistas de corrida, como também na vida. Ele só não imaginava...