capítulo 54| infinito

1.5K 265 29
                                    

Eu odeio sentir que estou me perdendo. Foi assim quando fiz o que não devia anos atrás. E agora neste momento me sinto igual...os mesmos sentimentos só que maiores.

A raiva e frustração me tomam por completo e me sinto uma Ísis totalmente diferente e o pior? É que eu gosto mais dessa.

Não sou uma mulher que deixa passar as oportunidades, quando decido que quero alguma coisa mesmo que custe eu a tenho e caso não consigo, não perco meu tempo tentando reconquistá-la.

-- tem certeza que deseja fazer isso? Estou perguntando de novo, porquê vamos ser punidos seriamente por isso.

__ seu pai é o chefe certo?__ pergunto e Lorenzo balança a cabeça confirmando.

__ pois escute caro mio, eu quero que o chefe vá se danar se me repreender por defender os meus.__  afirmo sem um pingo de arrependimento na voz e espero que seus olhos verdes analisem minha expressão séria.

__  odeio sentir que estou cedendo as coisas muito rápido para você... cazzo! O que custa dizer não?__ essa última parte saiu mais como um sussurro para si mesmo.

__ vamos entrar ou vai ficar questionando o quanto você já está cadelando por mim?__  pergunto e ele me encara embasbacado.

Mordo os lábios para não sorrir.

__ o quê? Eu? Cadelando por você? Bateu com a cabeça no carro do seu pai?

Estreito os olhos e fito sua falha tentativa de disfarçar o que ambos sabemos que ele é.

Um grande cachorro que se eu mandar latir, ele faz e ainda me dá a patinha.

__ é melhor entrarmos essa conversa sobre níveis de queda não estão me fazendo bem.

Sorrio.

__ queda né? Você tem um desfiladeiro por mim caro mio.

__ e você? Não vai contar a sua parte, aquela que também tem uma por mim.

Abro a porta e antes de fitar os dois problemas encaro Lorenzo e falo.

__ eu não assumiria isso nem sob tortura.

Caminho para frente, mas ele me puxa pela cintura fechando a porta novamente e grudando minhas costas na mesma.

Seus olhos vasculham meu rosto e sinto sua respiração beijar meus lábios... o hálito mentolado me faz querer coisas.

Perto demais.

__  tem certeza rainha? Eu conheço várias torturas que podem te fazer abrir essa boca linda rapidinho.__  sussurra em meu ouvido e sorrio.

__ é mesmo? Quando chegar a oportunidade vou querer saber mais sobre elas.__ afirmo mordiscando seu lábio inferior e soltando para poder afastá-lo, abrir a porta e adentrar na sala.

Sinto meu corpo pesar diante da visão que tenho agora.

Os dois irmãos com as mãos amarradas sobre a cabeça e apenas o rosto de Lucca está machucado, enquanto o tiro no joelho de Laura ainda sangra, sorrio das suas expressões de dor.

__ quem diria não é mesmo? Que um dia, o cara que eu achei ser um amigo se tornaria um ladrão meia boca e a irmã dele... a doce e inocente Laura que nunca deu trabalho para os pais...a menina que sofria pelos cantos, seria capaz de seduzir o próprio irmão e ainda organizar um plano de roubar aqueles que poderiam ajudar.

__ você não é ninguém para falar de mim Ísis... acha que não sei o que fez no seu passado e ainda deixou pessoas levarem a culpa por isso.

Travo o maxilar e fecho os punhos.

Mas antes de pensar em avançar sobre ela, concentro-me no real motivo de estar aqui e sorrio de lado.

__  sabe... eu não sou Dio, para perdoar seus pecados, mas julgá-los eu posso, pelo menos aqueles que indiretamente estão relacionados à mim... escute, o que farei aqui não tem nada a ver com o que vocês dois fizeram... é só uma filha ferida querendo vingança pelos pais.

__ nossa, que comovente bateria palmas se não estivesse com as mãos amarradas.__  Lucca diz e abro um sorriso.

__  adoro homens com senso de humor... são tão mais.__  faço uma pausa e caminho até ele deslizando as unhas pela abdômen machucado. __  interessantes.__ afundo três delas ali e não me arrependo quando o líquido carmesim escorre pela superfície esbranquiçada.

Retiro olhando para sua expressão de dor e limpo os dedos na sua calça.

__ mas costumo perder o interesse muito rápido também e pelo mesmo motivo, você deixa de ser interessante e passa ser inconveniente... mas você, nunca foi interessante já inconveniente...

__ cale a boca sua vadia.__  esbraveja e dou um tapinha eu sou rosto mantendo a minha calma.

Estou tão surpresa quanto eles, achei que a fúria dominaria meu corpo, mas estou a mantendo sob controle.

Por enquanto.

__ com você, meu tio e meu pai se resolvem, meu assunto aqui é com ela.__ aponto para a loira ao lado dele que me encara com um sorriso triunfante mesmo tendo uma expressão de dor notável no seu rosto.

__ você não vai me matar de uma vez não é? Prefere me torturar, me matar aos poucos.

__ exatamente, mas antes eu preciso muito explicar uma coisa interessante que eu descobri quando completei dezoito anos.

__  não quero saber de porra nenhuma.__ explica e sorrio lascivamente.

__ foda-se... estudos apontam que ser queimado vivo é uma das piores sentenças de morte que uma pessoa pode receber, a pele queimando as poucos até derreter e virar cinzas... e...

__ para!__ brada amedrontada.

__ ah! Agora você está com medo?

__ você é boa demais para fazer isso.- aponta e curvo os lábios num sorriso.

__ você realmente acredita que eu sou uma das mocinhas? __  debocho indo até os caixotes e tiro um galão de gasolina e seus olhos me encaram arregalados.

__ por favor Ísis, não faça isso comigo, eu... sinto muito.

__ me poupe, você não sente nada, só está tentando me manipular para sair ilesa da situação... e não funciona comigo._ explico abro o galão e atiro o líquido sobre o seu corpo, Lorenzo me olha com um misto de preocupação e admiração.

Ele deve estar achando que estou em surto por causa da raiva, mas é totalmente diferente dessa vez.

Quando você passa por um trauma eles te modificam profundamente, não adianta mentir para si mesma e falar que tá tudo bem, porque no fundo sabemos que não está e essa coisa que cresce dentro precisa sair e eu deixei sair... deixei sair quando dei meu primeiro beijo e fui parar na cama de um fedelho que me estuprou.

E estou deixando sair agora quando quase perdi a minha mãe, são situação diferentes eu sei. Mas não quero que me julguem como a garota que precisa de pena porque teve um passado infeliz e por isso tomou certas atitudes.

Quando no final você pode ter os dois mundos em uma pessoa só.

Eu gosto de me comparar com o fogo, ele aquece, mas sempre que se aproximam demais queima.

Não quero mais queimar ninguém, exceto a desgraçada que estava roubando meu pai e quase matou a minha mãe.

E se isso não for motivo o suficiente para tirar a vida dela, eu simplesmente quero que se foda a moral e bons costumes.







O Sucessor: Família Ferrari - livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora