Eu odeio sentir que estou me perdendo. Foi assim quando fiz o que não devia anos atrás. E agora neste momento me sinto igual...os mesmos sentimentos só que maiores.
A raiva e frustração me tomam por completo e me sinto uma Ísis totalmente diferente e o pior? É que eu gosto mais dessa.
Não sou uma mulher que deixa passar as oportunidades, quando decido que quero alguma coisa mesmo que custe eu a tenho e caso não consigo, não perco meu tempo tentando reconquistá-la.
-- tem certeza que deseja fazer isso? Estou perguntando de novo, porquê vamos ser punidos seriamente por isso.
__ seu pai é o chefe certo?__ pergunto e Lorenzo balança a cabeça confirmando.
__ pois escute caro mio, eu quero que o chefe vá se danar se me repreender por defender os meus.__ afirmo sem um pingo de arrependimento na voz e espero que seus olhos verdes analisem minha expressão séria.
__ odeio sentir que estou cedendo as coisas muito rápido para você... cazzo! O que custa dizer não?__ essa última parte saiu mais como um sussurro para si mesmo.
__ vamos entrar ou vai ficar questionando o quanto você já está cadelando por mim?__ pergunto e ele me encara embasbacado.
Mordo os lábios para não sorrir.
__ o quê? Eu? Cadelando por você? Bateu com a cabeça no carro do seu pai?
Estreito os olhos e fito sua falha tentativa de disfarçar o que ambos sabemos que ele é.
Um grande cachorro que se eu mandar latir, ele faz e ainda me dá a patinha.
__ é melhor entrarmos essa conversa sobre níveis de queda não estão me fazendo bem.
Sorrio.
__ queda né? Você tem um desfiladeiro por mim caro mio.
__ e você? Não vai contar a sua parte, aquela que também tem uma por mim.
Abro a porta e antes de fitar os dois problemas encaro Lorenzo e falo.
__ eu não assumiria isso nem sob tortura.
Caminho para frente, mas ele me puxa pela cintura fechando a porta novamente e grudando minhas costas na mesma.
Seus olhos vasculham meu rosto e sinto sua respiração beijar meus lábios... o hálito mentolado me faz querer coisas.
Perto demais.
__ tem certeza rainha? Eu conheço várias torturas que podem te fazer abrir essa boca linda rapidinho.__ sussurra em meu ouvido e sorrio.
__ é mesmo? Quando chegar a oportunidade vou querer saber mais sobre elas.__ afirmo mordiscando seu lábio inferior e soltando para poder afastá-lo, abrir a porta e adentrar na sala.
Sinto meu corpo pesar diante da visão que tenho agora.
Os dois irmãos com as mãos amarradas sobre a cabeça e apenas o rosto de Lucca está machucado, enquanto o tiro no joelho de Laura ainda sangra, sorrio das suas expressões de dor.
__ quem diria não é mesmo? Que um dia, o cara que eu achei ser um amigo se tornaria um ladrão meia boca e a irmã dele... a doce e inocente Laura que nunca deu trabalho para os pais...a menina que sofria pelos cantos, seria capaz de seduzir o próprio irmão e ainda organizar um plano de roubar aqueles que poderiam ajudar.
__ você não é ninguém para falar de mim Ísis... acha que não sei o que fez no seu passado e ainda deixou pessoas levarem a culpa por isso.
Travo o maxilar e fecho os punhos.
Mas antes de pensar em avançar sobre ela, concentro-me no real motivo de estar aqui e sorrio de lado.
__ sabe... eu não sou Dio, para perdoar seus pecados, mas julgá-los eu posso, pelo menos aqueles que indiretamente estão relacionados à mim... escute, o que farei aqui não tem nada a ver com o que vocês dois fizeram... é só uma filha ferida querendo vingança pelos pais.
__ nossa, que comovente bateria palmas se não estivesse com as mãos amarradas.__ Lucca diz e abro um sorriso.
__ adoro homens com senso de humor... são tão mais.__ faço uma pausa e caminho até ele deslizando as unhas pela abdômen machucado. __ interessantes.__ afundo três delas ali e não me arrependo quando o líquido carmesim escorre pela superfície esbranquiçada.
Retiro olhando para sua expressão de dor e limpo os dedos na sua calça.
__ mas costumo perder o interesse muito rápido também e pelo mesmo motivo, você deixa de ser interessante e passa ser inconveniente... mas você, nunca foi interessante já inconveniente...
__ cale a boca sua vadia.__ esbraveja e dou um tapinha eu sou rosto mantendo a minha calma.
Estou tão surpresa quanto eles, achei que a fúria dominaria meu corpo, mas estou a mantendo sob controle.
Por enquanto.
__ com você, meu tio e meu pai se resolvem, meu assunto aqui é com ela.__ aponto para a loira ao lado dele que me encara com um sorriso triunfante mesmo tendo uma expressão de dor notável no seu rosto.
__ você não vai me matar de uma vez não é? Prefere me torturar, me matar aos poucos.
__ exatamente, mas antes eu preciso muito explicar uma coisa interessante que eu descobri quando completei dezoito anos.
__ não quero saber de porra nenhuma.__ explica e sorrio lascivamente.
__ foda-se... estudos apontam que ser queimado vivo é uma das piores sentenças de morte que uma pessoa pode receber, a pele queimando as poucos até derreter e virar cinzas... e...
__ para!__ brada amedrontada.
__ ah! Agora você está com medo?
__ você é boa demais para fazer isso.- aponta e curvo os lábios num sorriso.
__ você realmente acredita que eu sou uma das mocinhas? __ debocho indo até os caixotes e tiro um galão de gasolina e seus olhos me encaram arregalados.
__ por favor Ísis, não faça isso comigo, eu... sinto muito.
__ me poupe, você não sente nada, só está tentando me manipular para sair ilesa da situação... e não funciona comigo._ explico abro o galão e atiro o líquido sobre o seu corpo, Lorenzo me olha com um misto de preocupação e admiração.
Ele deve estar achando que estou em surto por causa da raiva, mas é totalmente diferente dessa vez.
Quando você passa por um trauma eles te modificam profundamente, não adianta mentir para si mesma e falar que tá tudo bem, porque no fundo sabemos que não está e essa coisa que cresce dentro precisa sair e eu deixei sair... deixei sair quando dei meu primeiro beijo e fui parar na cama de um fedelho que me estuprou.
E estou deixando sair agora quando quase perdi a minha mãe, são situação diferentes eu sei. Mas não quero que me julguem como a garota que precisa de pena porque teve um passado infeliz e por isso tomou certas atitudes.
Quando no final você pode ter os dois mundos em uma pessoa só.
Eu gosto de me comparar com o fogo, ele aquece, mas sempre que se aproximam demais queima.
Não quero mais queimar ninguém, exceto a desgraçada que estava roubando meu pai e quase matou a minha mãe.
E se isso não for motivo o suficiente para tirar a vida dela, eu simplesmente quero que se foda a moral e bons costumes.
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O Sucessor: Família Ferrari - livro II
Romance* Hater to friends to love * slow burn * fake dating Lorenzo Ferrari, o sucessor da cadeira de Don da máfia italiana, é um homem decidido e obstinado que gosta de se desafiar não só nas pistas de corrida, como também na vida. Ele só não imaginava...