capítulo 11| justiceiro

1.7K 291 33
                                    

Eu jamais seria um carrasco, matando a sangue frio pessoas inocentes.

Esse era o meu pensamento quando mais jovem, mas agora diante de todo o caos que se transformou a minha vida, nada do que falei ou disse anos atrás serviria de consolo para que eu poupasse a vida desse filho da puta na minha frente.

O rosto cheio de hematomas nos quais dediquei tempo e concentração para fazer um grande estrago sem matar o desgraçado.

__ porra! Seu moleque! Vai me matar? Faça logo, seja como o seu pai e poupe seu tempo, não direi nada.

Abro um sorriso irônico e me aproximo novamente da bandeja com utensílios de tortura.

__ gosta dos métodos do meu pai? Que tal se eu aplicar um deles com você?

Ele revira os olhos com dificuldade e respira fundo.

__ você nunca chegará ao pés dele.__ provoca e se fosse o Lorenzo de meses atrás, isso me reduziria à um garoto indefeso. Mas agora irei mostrar para este cretino que posso ser bem pior do que meu pai.

__ cara, você está enchendo o meu saco, e porra! Ainda não te matei porque só vou fazê-lo, quando abrir a porra da boca para colaborar comigo, quem ofereceu a barganha que aceitou?

Sorri mesmo que sem alguns dentes, estou quase lançando um martelo contra a sua boca imunda.

__ ele é um velho conhecido do seu pai.

__ não seja cínico, inimigos de Pietro Ferrari não duram muito tempo.

Soltou um pigarro, tentando desvencilhar-se das cordas que usei para amarrá-lo.

Poderia algemar? Sim, mas os nós que fiz estão tão fortes que o sangue circula com dificuldade por ali.

__ não é o que dizem as más línguas, quando seu pai não fez nada em relação a filha de casar com um inimigo declarado dele, isso acendeu desejos ocultos em boa parte dos seus inimigos adormecidos.

__ pare de falar entrelinhas e vá direto ao que me interessa, diga quem o mandou e talvez eu demonstre alguma clemência.

Em sua face estava estampado o quanto ele não se importa com seu destino.

__ não quero clemência, me mate.

Abro um sorriso ladino e seus olhos se abrem parecendo não esperar pelo o que tenho para falar.

__ e quem disse que me referia à você? Estou falando deles.

Acendo a luz do cômodo que até então estava mal iluminado e meu sorriso aumenta ao ver algo diferente em seus olhos desde que começamos essa merda três horas atrás.

surpresa, medo e pavor.

__ meu pai não seria baixo assim não é? Trazer dois meninos inocentes com um futuro tão próspero pela frente para ver o pai ser morto.

Posso ouvi-lo ranger os dentes diante dos rostos dos seus dois filhos um de cinco e outro sete anos, é claro que eu não faria mal aquelas crianças mas ao pai delas que era um filho da puta, ah! Esse eu iria foder se não me desse uma informação útil.

__ deixe meus filhos fora dessa merda.

__ então caro mio, comece a abrir a boca, porquê só irei perguntar mais uma vez, quem ofereceu dinheiro em troca da sua traição?

Respira fundo e alterna o olhar entre mim e seus filhos.

__ tutto bene, apenas tire eles daqui, não quero que precisem ver isso.

__ ver o quê papai? __ o garoto inocente questiona e finjo indiferença.

__ nada figlio, apenas leve o seu irmã para casa cuide dele e da sua mãe..

__ esse homem vai machucá-lo papai?__ o outro questiona e sorrio esperando sua resposta.

Quando escolheu trair a Cosa Nostra não pensou neles, ao menos agora parecia estar tramando algo para disfarçar sua ausência no futuro.

Remorso? Não senti.

Escolhas precisam ser feitas quando se está em meio a selva, ou você é o rei ou o subordinado. No meu caso eu era o sucessor e queria fazer valer o meu futuro cargo.

Seja por respeito ou pelo medo, não me importo, contanto que ambos tenham o mesmo efeito, minha palavra será lei.

__ não filho, o papai vai viajar, o tio aqui vai ajudá-lo.

Com prazer, darei uma passagem só de ida para o inferno.

Já cansado desse drama faço sinal para que o mesmo soldado que os trouxe, leve de volta.

Quando estamos novamente a sós, seguro em seu maxilar forçando-o a me encarar.

__ agora seja um bom pai e abre a porra da boca com a informação que preciso.

Ele respira com dificuldade e sorrio sem mostrar os dentes.

__ a família Marchese ainda está... magoada com o suposto noivado interrompido pelo Don.

__ que se fodam, vá direto ao ponto.

__ estou dizendo, que eles ofereceram muitos euros para ter um informante dentro da Cosa Nostra e bom, dinheiro rege o mundo assim como você disse mais cedo.

__ vendeu sua alma por alguns euros, sabe o que é mais tolo da sua parte?

Arrasto o canivete sobre seu rosto arrancando um pedaço da sua pele enquanto seguro seu maxilar para que não grite.

__ maldito!__ brada cuspindo sangue e sorrio.

__ é que meu pai te recompensaria em dobro se tivesse sido fiel.

As palavras diretas parecem ter o efeito que esperava, sabendo que irá morrer enxergo o arrependimento em seus olhos, porém esse pequeno detalhe não me causa nada além de uma vontade enorme de eliminá-lo deste mundo.

__ perdão garoto, fui fraco, mas... me deem outra chance.

Me afasto dele e suspiro satisfeito por ver o líquido carmesim escorrendo pela sua barriga.

__ podemos brincar de acerte o alvo, veja bem, irei tentar acertar o botão entreaberto da sua camisa.

__ me mate de uma vez.__ pede, mas ignoro.

__ esqueci de avisar que sou péssimo de mira. __ minto e pego uma ponto quarenta e aponto em sua direção errando o primeiro disparo fazendo com que a bala se aloje na barriga.

Seu grito desesperado me fez atirar outra vez só que do lado oposto.

__ me desculpe, vou tentar acertar da próxima vez.

__ mal-di-to... desgraçado! __ esbraveja cuspindo sangue e sorrio acertando o seu joelho fodido.

__ o único merecedor dessas ofensas é você, que além de tudo é um traidor, olho por olho e dente por dente filho da puta.__ finalmente acerto o botão enquanto ele se atrapalha para respirar me aproximo e enfio o cano da arma em sua boca.

Fixo meus olhos nos seus e sinto-me como juíz prestes a sentencia-lo, antes de efetuar o disparo alcanço três moedas de ouro em meu bolso e jogo sobre o seu colo ensanguentado.

__ espero que Anúbis aceite essas três moedas para que você possa fazer uma boa passagem para o mundo dos mortos.

Ele balbucia alguma coisa.

__ deixe-me adivinhar você não quer o dinheiro? Foda-se.

Efetuo o disparo e sinto a adrenalina me dominar ao ver o sangue escorrer pelo outro lado.

Deixo a arma ali e sigo para fora do galpão, ainda precisamos de mais informações, e se Jacobo ou o pai dele pretendem atacar a Cosa Nostra, estaremos pronto.



O Sucessor: Família Ferrari - livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora