O Sucessor: Família Ferrari - livro II

Capítulo 4 | lilith

Trentino- Itália 

M A R I A   Í S I S

Poucas pessoas tem o meu ódio e Lorenzo Ferrari está no topo da minha lista, eu o odeio, odeio com todas as minhas forças, motivos? Eu posso fazer uma lista de todos, mas o principal deles é que desde pequeno ele fez da minha infância um inferno  como se o seu ódio gratuito não fosse o suficiente ainda me fez de palhaça na adolescência e eu prometi a mim mesma que eu seria o seu carma da vida adulta e bom eu já comecei. 

Há alguns meses desde as férias eu venho competindo com ele e sempre ganhando, ele ganhou de mim uma vez e isso me destruiu, não estou disposta abrir mão de mim mesma novamente e muito menos para ele.

Ou melhor, para homem nenhum, minha mãe me disse anos atrás que eu sou uma força da natureza e eu acredito nisso fielmente.

Eu não era uma garota ruim, eu fui boa e me abri com quem não devia e colhi aquilo que semeie e desde então não fui mais a mesma e nem consigo ser.

Olho para minha Lilith uma cobra- rei negra que não possui veneno mas eu não a deixaria me morder, ela foi presente do meu pai durante uma viagem a China para acordos de máfia.

Tenho ela a quatro anos, desde que Lorenzo matou meu escorpião e eu o golpeie no abdômen, fiquei em uma tristeza profunda não por ele é claro, mas sim pelo exótico animal de estimação que encontrei no quintal da nossa casa na Silícia e então eu vi um documentário sobre serpentes na Discovery e decidi que queria uma, minha mãe ficou relutante mas o meu pai não só aceitou a ideia como a trouxe duas semanas depois de ir a China e é claro que nós dois ouvimos um sermão sobre responsabilidades.

Ela me encara e sinto como se soubesse todos os meus segredos, gosto da conexão que tenho com bichos exóticos e que a maioria das pessoas tem medo, isso me fez ficar encantada com a  bioquímica mas acabei me formando como fisioterapeuta para cuidar da vó Joana que se acidentou dois meses antes de eu decidir o que iria estudar e vê-la debilitada acabou comigo,  me fez pensar que se algum dos meus pais ou meus tios precisassem de um fisioterapeuta eu estaria de prontidão para ajudar e acabei me apaixonando pela área. Em relação ao golpe com faca que desferi contra o Ferrari eu sabia onde perfurar sem mata-lo, mas a minha mãe e principalmente a tia Aurora ficaram muito decepcionadas comigo, porém não me arrependo e se voltasse no tempo faria de novo. 

__ filha? __ a voz suave da minha mãe me faz desviar a atenção do terrário para a porta observando minha linda genitora de braços cruzados, os cabelos loiros caindo em cascatas sobre eles e um semblante preocupado em seu rosto que mesmo com o passar dos anos não perdeu a sua beleza.

__ sim

respira fundo e questiona.

__ onde estava?

__ correndo. __ pontuo direta, porquê nunca gostei de rodeios e minha mãe sabe disso e do quanto amo a adrenalina que as corridas me proporcionam.

__ venceu? 

o sorriso em meu rosto a faz entender e deixa a porta sentando-se ao meu lado na cama.

__ o Lorenzo estava lá?

__ sim e perdeu de novo.

__ não consigo entender todo esse ódio mútuo que vocês dois sentem um pelo outro.

suspiro e  encaro seus olhos azuis.

__ mãe, isso é algo pessoal e não quero me abrir sobre o assunto.

__ tutto bene, mas houve um período em que se tornaram amigos, nunca vi os dois tão bem quanto naquela época, mas depois isso mudou radicalmente ao ponto de você feri-lo gravemente... algum dia vai me contar o que aconteceu naquela época.

__ talvez eu conte, mas não hoje.

__ aposto que essa criatura peçonhenta já sabe. __ aponta olhando para Lilith e sorrio.

__ ela sabe de muitas coisas senhora Romano, mas acredite eu não contaria isso a ninguém antes de contar a você. 

__ eu acho muito bom, mas eu só perguntei pelo Lorenzo porque tenho uma noticia não tão agradável para você amore mio.

franzo o cenho e espero que prossiga.

__ é que seu pai e ele são muito unidos e por causa da discussão dele com o seu tio seu pai o convidou para passar um tempo aqui o ajuda...

__ ah não mãe, por favor me diz que o papai não fez isso comigo, por que não enfiou logo uma estaca em meu coração?

__ primeiro, não me corte quando estiver falando e segundo seu pai não sabe o que aconteceu entre vocês  e como não está disposta a se abrir vai ter que conviver com seu carrasco por um bom tempo.

__ argh! Isso não é justo, eu sou a filha dele.

__ filha... você também ficou com os Ferrari quando eu e seu pai estávamos viajando e foi uma ideia sua não querer ir.

eu sei e isso será a pior decisão da minha vida para sempre, mas que se dane o erro me tornou o que sou hoje amável com quem realmente merece.

amor não é algo que se pode dar a qualquer um, assim como não demonstrar onde dói porque é exatamente aí que irão te atacar, mostrar sua fraqueza dá ao seu inimigo munição e eu com certeza não estou disposta a fazê-lo novamente.

__ eu farei o possível para não usar um pistola desta vez.

__ e ainda tem mais... ele será o seu professor de auto defesa.

que maravilha! Assim posso quebrar a cara dele sem desculpas.

__ por que está sorrindo dessa maneira? 

__ como?

__ como se estivesse planejando algo que tenho certeza que nos causará problemas. 

__ relaxa mãe, eu sou uma boa garota.

__ essa piada só convence o tolo do seu pai eu sei bem a filha que tenho.

__ a senhora quem me criou assim. 

ela sorri e acaricia meu rosto. 

__ não deixe que a decepção que teve a torne uma pessoa ruim, porque você com certeza não é.

__ não se preocupe mãe eu só detesto o Lorenzo, mas de modo algum faria algo que colocasse sua vida em risco.

beijo o seu rosto e me senti meio que judas, porque eu obviamente não iria mata-lo, mas nada me impede de provocá-lo. 

eu colhi o que semeie e  Lorenzo Ferrari também colherá.