O Sucessor: Família Ferrari - livro II

capítulo 56| incrédulo

O silêncio dura tempo demais, até que uma voz nos tira do transe.

__ lavação de roupa suja, que bela maneira de entreter o meu dia. __ Lucca ironiza e meu pai pigarreia.

__ venha comigo Lorenzo.__ começa e antes que eu consiga argumentar ele diz. - agora!

Segue em direção a porta e dou uma última olhada no cadáver e engulo em seco, odiando a sensação de que estou prestes a enfrentar uma das batalhas mais duras da minha vida.

Me sinto preparado? Não! Mas irei tirar um peso enorme das costas.

(...)

Papai me encara com uma expressão inelegível enquanto cruza os braços.

__ estou esperando... a explicação.

__ primeiro de tudo não fiz nada de caso pensado a Ísis viria sozinha e eu não podia deixar minha namorada só...

__ disso não quero saber Lorenzo, preciso que fale o motivo de não ter contado que foi você quem deu o primeiro disparo que ocasionou o sucesso do meu resgate na Albânia. __  diz e respiro fundo ignorando o embrulho em meu estômago e tomando a coragem necessária para desabafar toda a merda que venho guardando todos esses meses.

__  e o senhor ainda pergunta o motivo? Pai, fez questão de me humilhar perante todos os seus melhores amigos, não me deixou argumentar nada sobre a Bella e ainda fez questão de me diminuir como homem e como filho... me magoou de tantas maneiras, do capo eu já esperava essa atitude, afinal ele não sente nada por ninguém, mas do meu pai... esperava que mínimo medisse as palavras para não magoar um filho, eu jamais trataria o meu da maneira como fez... quando eu era pequeno o senhor era meu espelho, ignorei toda a minha adolescência e me dediquei a ser o sucessor perfeito para o grande Pietro Ferrari mas tudo que recebi em troca foi " eu já esperava que falhasse " __ enxugo uma lágrima solitária e engulo em seco segurando o choro.

__ filho eu...

__ não! Agora o senhor vai me ouvir.__  corto e ele permanece calado.

__ eu nunca pude ter uma vida normal, porque o fardo de ser o filho que substituirá a cadeira de capo me impediu, nunca fui a festas da minha faculdade, porque estava ocupado estudando sobre toda essa merda de máfia e o que ganhei? O que vou ganhar? Me diz pai, porque no momento eu só perdi... antes de ir para o treinamento, me apaixonei pela Ísis de uma maneira tão genuína que me fez repensar se queria ser o filho perfeito, sem falhas, sem dar trabalho... e adivinha pai? Quando a beijei pela primeira vez, soube que não amaria nenhuma mulher além daquela em minha frente... mas, não tinha espaço para ela na vida que levaria quando chegasse a hora do treinamento então eu fui um idiota e a afastei.

Não consigo mais segurar o choro, as lembranças estão mais vivas do que nunca agora.

__  não existe um dia em minha vida, que não me arrependa de não ter ficado com ela, não tê-la escolhido... por que por minha culpa ela foi para aquela maldita festa e por minha culpa ela foi estuprada... e por minha culpa alguém morreu.

__  não!- ele lamenta com os olhos marejados. __  por favor, me diga que não fez nenhuma dessas coisas meu filho...

__ desculpe papai.__  disse sorrindo sem ânimo. __  o seu filho perfeito é falho pra caralho, desde os quinze anos...

__Dio mio! Eu sinto muito Lorenzo.__ confessa chorando e nego.

__ não sinta, todas as decisões partiram de mim, eu quem escolhi a máfia, escolhi ser o seu reflexo, ser como o senhor.

__ não sou perfeito, nunca fui, e não, não deveria ter falado com você daquela maneira meu filho, não irei usar desculpas como " estava nervoso " naquele momento, descontei toda minha frustração em você que não merecia, só queria ajudar... eu... sinto tanto meu filho... não tem um dia que eu também não me arrependa de ter sido um pai tão ruim para você e seus irmãos.