capítulo 49| ódio e desejo

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Í S I S

Ainda não consigo explicar a sequências de fatos que nos trouxe até aqui. Lorenzo me confunde, depois de simplesmente decretar no meio do nosso circuito, que sou dele agora parece alheio a tudo que está acontecendo.

E estou preocupada, ele não reagiu bem a notícia de que Lucca teria uma julgamento, se dependesse dele e de Dom o Ferrari traidor estaria jogado em uma vala qualquer.

Mas ainda existe uma questão que não foi explicada até agora e é essa que me faz me aproximar de Laura que aos prantos encara o irmão ser jogado sem qualquer delicadeza no galpão.

-—por favor! Ele não queria, foi a única solução... nós vamos devolver o dinheiro... eu posso trabalhar para pagar. — implora limpando as lágrimas e ignoro suas lamentações colocando-a contra a parede, literalmente logo após deixarmos o galpão.

—você fazia parte disso?- questiono e ela suspira concordando.

-—como você pôde? Porra Laura, o Lucca eu até entendo ser um cretino sem caráter, mas você? Que merda meu pai fez?

—nada... você não iria entender, ninguém ia entender o que eu e Lucca temos... eu o amo.

— eu sei, sei que é seu irmão... mas não justifica apoiá-lo nessas loucuras.- pontuo e ela engole o choro para me afastar.

— não venha com justificativas, estamos na merda juntos a bastante tempo para sabermos o que vale ou não a pena... daria tudo certo se não fosse você...

— ah! Agora eu sou a culpada?— questiono irônica e ela bufa.

—é sim, se não fosse essa obsessão doentia que Lucca tinha em tentar te conquistar nós estaríamos bem longe de vocês e de toda essa sociedade que só serve para julgar.

— julgar o quê? O quão ladrões vocês são? Porquê é isso que são, dois desgraçados que roubaram meu pai, aquele quem deu um lar e recebeu uma facada nas costas... você merece estar naquele galpão tanto quanto ele.

—então me leve, prefere estar junto dele do que de você... que atrapalhou todos os nossos planos.

-— quais planos? Só roubar não foi o suficiente?

—Ísis... eu não queria que isso tomasse a proporção que tomou.- respira fundo e pisca várias vezes espantando as lágrimas. -— o início de tudo era só pegar um pouco do dinheiro do tio e depois ir embora, mas aí ele te viu e decidiu que seria uma boa ideia brincar de gato e rato e ainda tem o Lorenzo.

A menção dele de maneira carinhosa faz algo dentro de mim se corroer.

Ciúmes! É o que meu subconsciente aponta, mas me recuso a aceitar essa hipótese.

-— o que ele tem a ver com tudo isso?-— questiono e a ladra fica em silêncio.

—- vamos Laura, o gato não comeu a porra da sua língua, me responda.

-— ele me fez sentir tão bem, tão... cuidada e importante... o abraço dele me deixou sentir suficiente, pela primeira vez em muito tempo -— confessa e começa a corar.

Era só o que me faltava, Laura estar interessada amorosamente no Lorenzo, o seu primo.

—- e mesmo assim não conseguiu desistir do plano, continuou a ajudar meu pai a ser roubado.

-— eu já disse que posso trabalhar para pagar a dívida.

—- quer ser uma puta nas boates do tio Pietro? Quer ser reduzida a uma nada só para pagar uma dívida que não fez sozinha.

—- estou disposta a qualquer coisa para salvar o Lucca... tem que tirá-lo de lá, nós vamos embora e prometo que nunca mais terão notícias nossas.

Gargalho enquanto me afasto dela, que analisa minha expressão debochada com uma de quem está falando muito sério.

-— acha mesmo que existe essa possibilidade?- pergunto e seu semblante confiante, não vacila em momento algum, mesmo quando confirma com um aceno. -— você deve ser muito inocente para acreditar nisso.

—- eu acredito que as coisas vão ser esclarecidas com o tio Pietro e ele irá entender o que nos levou à isso... somos da família dele.

-— mas na hora de roubar enfiaram o parentesco no cu.-— desdenho e diria vários outras coisas, se não fosse pela presença do meu carrasco bem ao meu lado, encarando-me com um olhar carregado de sentimentos mas infelizmente não consigo lê-los e ele também não deixa transparecer.

-— pode nos deixar a sós?-— questiona com um tom de voz bem diferente do cara que quase matou o primo horas atrás.

Engulo meu ódio e desejo de atirar Laura da primeira escada que eu encontrar e apenas confirmo com um aceno.

-— não vou demorar aqui, pode me esperar para conversamos?

-— tem certeza que quer conversar hoje?

-— absoluta Ísis, me espere nos jardins... acabo aqui e encontro você lá.—- explica e novamente concordo, mesmo que a contragosto.

Me afasto o suficiente para não ser vista e ao mesmo tempo em que ainda consigo ouvir a conversa odiando a sensação que se apodera do meu peito.

Porra! Eu não sou uma mulher ciumenta, nunca fui, mas essa coisa semelhante à um incomodo só acontece quando Lorenzo está por perto com Laura Ferrari.

-— está tudo bem?-— ele pergunta e enfio o dedo na boca simulando um vômito.

Se ela está bem? Puta que pariu, ela roubou seu tio seu idiota, quem deveria estar sendo paparicado é o meu pai.

-— sim... só estou me sentindo tão mal com tudo isso... eles não entendem Lorenzo... juro pela minha vida que não queria roubar o tio Miguel... mas o Lucca disse que seria pouco, nunca vi a cor desse dinheiro ele quem guardou, só não sei se ainda tem.

—- Laura, seja sincera comigo por favor, eu vim aqui, com a intenção de te ajudar, mas para isso você também precisa cooperar.-— explica com uma calma que não tem nada haver com sua personalidade.

Por que ele está agindo assim?

-— eu... não sei por onde começar.

-— respire ok?- pede tocando seu rosto e engulo em seco.

Ela concorda e repete os movimentos que ele pede, inspirando e respirando e aos poucos até parecer realmente melhor.

-— consegue falar agora?- pergunta puxando sua mão para se sentar com ele no banco ao lado da entrada da varanda.

-— eu... tô me sentindo péssima Lorenzo.—- confessa. -— eu sou uma pessoa muito ruim.

Existe tanta dor na maneira como ela fala que deixo de lado minha raiva para tentar entendê-la.

-— foi uma situação horrível sim, mas se deixar ser levada pela idiotice do Lucca não te transforma em alguém ruim Laura.—- explica e suspiro um pouco admirada com a maturidade que está tendo para conversar com ela.

-— você não está entendo... não é por isso que sou uma má pessoa.

-— então me conte, estou aqui para te ajudar.

E depois de alguns minutos em silêncio, parecendo ponderar sobre dizer ou não, Laura decide abrir a boca para me deixar sem palavras.

-— eu... e Lucca nós nos amamos Lorenzo, mas não como irmãos.











O Sucessor: Família Ferrari - livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora