Observo Jason caminhar pelo lugar onde estávamos. Era uma sala de estar, um tanto grande e espaçosa, mas simples, com uma lareira, a qual ele estava ascendendo.
Haviam dois sofás de cor vinho e uma poltrona preta, com uma pequena mesa de centro, feita de vidro e vigas de madeira.
O brilho da lua vinha das janelas com grades de ferro e cortinas marrons claras, que balançavam com o frio da noite entrando com os chuviscos.
Logo Jason vai até elas e as fecha, fazendo o vento cessar dentro da sala.
- Sente-se, senhorita Alice.
- Só Alice, por favor...
Ficava sem jeito quando ele me tratava com tanta cordialidade.
- Claro, perdão.
Sento no sofá em frente a lareira, enquanto vejo-o ir para outro cômodo perto da sala, deveria ser a cozinha, a qual ficava atrás de mim.
- Espere um minuto, irei fazer um chá.
- Não, realmente não precisa se incomodar com isso.
- Vou deixar a água fervendo pelo menos.
Ele já estava na cozinha, não conseguia ver como era, apenas a luz que vinha até mim.
Lâmpada... Que diabos é uma lâmpada? Acho que foi ele quem inventou.
- Pronto, querida.
Jason retorna e senta-se no sofá junto a mim, cruzando suas pernas, um tanto distante do meu corpo.
- Gostaria de fazer às perguntas ou eu às faço primeiro?
Fico um tanto pensativa, mas acho que às perguntas dele deveriam ser mais importantes, afinal, ele me salvou hoje.
- Por favor, pode começar.
- Bem, Alice... Quase levou um tiro no bordel, vamos começar aqui.
- Aquele homem era um bêbado qualquer, havia me dado uma informação sobre a sua loja estar aberta. Então, quando estava voltando, ele havia me parado e cobrado muito dinheiro pela informação... Tentei ignorá-lo, pois estava totalmente fora de si, porém ele sacou a arma e...
Faço uma pausa, já imaginando o que havia acontecido...
- Claro, mas não se preocupe, querida. Ele não irá fazer mais isso.
- Como tem tanta certeza?
- Não tenho.
Mas o sorriso leve em seus lábios dizia outra coisa além de uma resposta simples...
- Bem, agora o que mais me intrigou... A polícia procurando-lhe arduamente naquele orfanato.
Suspiro profundamente, não queria que ninguém soubesse daquilo... Mas era melhor Jason saber por meus lábios do que por de outras pessoas.
- Eu.. Fiz algo a alguém muito importante.
- Prossiga.
- Estava internada naquele orfanato fazem poucos dias, Doutor Angus Bumby era o responsável pelo local.
- Oh, Doutor Angus. Realmente, um nome forte.
- Eu o matei hoje.
Os olhos esverdeados de Jason me encaram friamente, mas sua face não demonstrava medo ou pânico, de forma alguma. Ao contrário, um sorriso amargo se faz por seus lábios avermelhados.
Ele apenas dá um aceno com a cabeça, como se aquela situação não fosse tão horrível assim, mas realmente, era.
- Continue.
Pensei que ele iria me expulsar se sua casa neste momento, mas fiquei arrepiada por querer continuar a me ouvir.
- Angus era o meu psiquiatra neste curto tempo, eu trabalhei também no orfanato, como faxineira, além de ser sua paciente. Mas Angus utilizava sessões hipnóticas em todos os nós... Todas as crianças.
- E isso levava a algum resultado?
- O único resultado disto era a lavagem cerebral! Ele as marcava com números nas roupas, deixando-as lesadas a cada sessão, pronto para vendê-las a pedófilos de Londres.
- Hm, mas esta é uma acusação muito grave, Alice.
- Entende que se eu o denunciasse, ninguém iria acreditar em mim?
- Horas, você é uma bela garota, poderia tentar.
- Você realmente não me conhece, não é?
Jason não fala nada, apenas esperava a minha apresentação.
- Angus matou a minha família quando eu era criança... Abusou de mim nas sessões hipnóticas... Tirou tudo de mais precioso que eu tinha. Por causa dele fiquei internada dez anos em estado catatônico em um hospício. Acha que levariam uma louca em consideração?
- Definitivamente, não.
- Não estou pedindo que você confie em minhas palavras... Mas esta é a minha resposta para a sua pergunta.
Pensei que Jason ficaria triste após tudo isso, mas ele ainda mantida a compostura, não demosntrando nenhum sentimento ao caso.
- Eu não vejo motivos para não acreditar em você... Não acho que mentiria sobre tudo isso. Claro, ainda tenho minhas dúvidas, mas passo a palavra para você.
- Está bem... Por que estava me perseguindo?
- Mesmo você não querendo a minha companhia para voltar, fiz questão em assegurar a sua segurança. Não me arrependo nenhum pouco.
- Você arriscou sua imagem e vida por mim...
Jason apenas emite um riso um tanto sarcástico para mim.
- Não queria perder você de vista, querida... Talvez, fosse o destino.
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Jason, The Toy Maker - O Outro Lado do Gume
Romance๑Dark Romance๑. +18 - Querida Alice Liddell... O seu País das Maravilhas será meu! Suas palavras eram tão doces, assim como a sua feição e o seu jeito encantador. Mas, as coisas muitas vezes não são o que parecem ser... Jason não era apenas um home...