CAP. 98 - Nova Londres

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O resto do dia havia sido silencioso... Jason estava afastado, sendo notório a sua ignorância e raiva pelo que aconteceu.

Ele apenas se afundou no trabalho, deixando-me andar livremente pelos andares do apartamento...

Eu não iria perturbá-lo na loja novamente, não após o que fiz ontem... Acho que já causei confusão demais em tão pouco tempo.

Talvez Jason estivesse me evitando para não descontar sua raiva em mim, pelo menos é o que penso... Ou ele é um velho mal humorado e rabugento com qualquer coisa.

Se eu pudesse ser eu mesma, falaria isso para ele, sem ter medo do que Jason fosse fazer quanto a minha língua afiada. Iria falar "Essa sua ignorância é porque está quase chegando aos 100 anos?"

Mas com certeza ele me puniria de uma forma nada prazerosa.... Precisava logo de sua porta azul, e isso só o tempo iria me fornecer.

Havia cansado de ficar no ateliê do primeiro andar... Acabei de limpar o cavalo branco, o qual estava sujo de sangue seco, foi difícil de tirar essa coisa.

Quando estou saindo para o corredor, encontro Mr. Glutton subindo as escadas e descido ir atrás dele, o qual percebe no mesmo instante.

G. - Eaee!

- Não fale isso, não é muito reconfortante.

G. - Mas eu gostei.

Continuamos subindo os andares, mas eu nem se quer saberia para onde estávamos indo.

G. - Tá me seguindo por quê?

- Não tenho nada para fazer.

G. - Por que não vai limpar o apartamento do Jason?

- Porque não sou uma empregada. Aliás, pensei que eram os brinquedos que faziam isso.

G. - Então poupe o nosso trabalho e limpe por nós.

- Acho que não... Prefiro seguir você.

G. - Tanto faz, estou indo no terraço tomar um sol.

- Sol em Londres? Aqui só existe fumaça e nuvens de poluição.

G. - Vai querer vir ou não?

- Claro.

Passamos pela porta trancada do terceiro andar, fazendo-me lembrar do sufoco que havia passada lá dentro... Acho que nunca mais queria entrar naquela prisão bizarra.

Era estranho essa situação, pois a algum tempo atrás o que eu mais queria era entrar lá dentro, e agora, não quero chegar nem perto.

A porta com tela da cobertura de Jason estava apenas encostada, mas o ar puro vinha de longe até nós... Ainda não conseguia acreditar como ele mantinha todas essas plantas vivas em um lugar tão corrosivo como Londres.

- É bom sair um pouco...

G. - Acho que devo agradecer a você.

- Agradecer pelo quê?

Digo sentando sobre a pequena mesa de ferro, onde eu e Jason tomávamos chá, quando nossos segredos eram segredos e tudo parecia ser "normal".

G. - Pela refeição! Aquela garota não tinha muita carne, mas mesmo assim estava deliciosa.

- Ah, se quiser posso caçar mais dessas para você. Parece que o que mais tem nessa loja são vadias.

G. - Seria ótimo, mas Jason não ficaria nada contente em ter tantas mulheres mortas no meio da loja.

- Não consigo entender como a polícia ainda não prendeu ele.

Mr. Glutton solta algumas risadas sarcásticas enquanto rola sobre a grama.

Jason, The Toy Maker - O Outro Lado do GumeOnde histórias criam vida. Descubra agora