CAP. 46 - Dinah

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Olho com diversão para Jason, tentando entender como ele conseguia ser tão educado em um assunto íntimo como este.

- Prazer em degustar? Ah, então deve ter gostado do sabor "doce".

Jason larga o copo de suco sobre a mesa, encarando-me um tanto perplexo pelas palavras que saiam de minha boca.

- Horas, estou sentindo-me provocado.

Solto um pequeno riso em concordância.

- Eu? Provocar o senhor? Acha que perdi o juízo?

Digo terminando de engolir a minha bebida, comendo pequenos pedaços do pudim delicioso... Como ele poderia fazer receitas tão perfeitas, se nem ao menos gostava delas?

- Talvez jamais tenha tido juízo, minha cara.

- Até você irá dizer que estou louca?

- Louca? Não. A última coisa que acharia era dizer que alguém inteligente como você seria louca, querida. Já lhe disse para não me comparar com a ralé que lhe chamava disto.

- Sabe... Notei que tinha informações sobre mim, as quais jamais passei para você.

- Interessante, realmente... Dei um pequeno jeito para conseguir alguns papéis particulares.

- Que papéis seriam estes?

- Seus arquivos e históricos dos anos que ficou internada.

Paro de comer o pudim no mesmo instante. Nem eu mesma teria aquilo, muito menos lido!

- Eu quero vê-los!

- Compreendo a sua reação, mas não acha que isto deve ficar fora de suas mãos por enquanto?

- ... E por que deveria? São papéis sobre mim! Tenho direito de saber o que existe neles.

- Claro, claro... Podemos ler durante a noite, juntos. O que acha? Assim poderá tirar algumas de minhas dúvidas também.

Ele já deveria ter lido tudo... Já saberia o que tinha de perguntar para mim, e eu estava a mercê de sua boa vontade.

- Está ótimo para mim.

- ... E não irá me agradecer por ter pego os seus documentos... E os seus utensílios que deixou no orfanato?

Neste instante, quase engasgo-me com o doce pudim de morango.

- Você conseguiu os meus objetos também??

- Sim, minha querida. Chegaram hoje de manhã, devem estar todos ali.

- Obrigado... Por conseguir tudo isso novamente... Não sei como posso agradecer a você.

Um leve murmúrio sai dos seus lábios, enquanto passa um guardanapo por eles... Seu sorriso era oculto, mas estava ali.

- Gostaria de lhe pedir um pequeno favor em troca...

- O que seria?

- Seria extremamente grato se não fosse um incômodo poder dormir com a senhorita em minha cama, hoje, novamente.

- Ah, dormir? Claro... Mas sei que..

Neste instante, algo aparece nos muros do jardim da cobertura. Estava ao longe, porém atrás de Jason, ficando focado bem em minha vista.

Levanto-me da mesa quase que imediatamente, indo de forma rápida ao muro baixo.

Jason não dizia nada, apenas sentia seu olhar grudado mortalmente em mim a todo instante.

O pequeno gato preto pula em meus braços assim que fico em sua frente, abraçando-o e acariciando o seu pelo liso.

Caminho até a mesa outra vez, encarando Jason em seguida.

- Jason, está é Dinah! A minha gatinha.

Mas ele nada dizia, poderia notar uma certa reprovação em seus olhos...

- O que foi..? Não gosta de animais?

- Não gosto de gatos.

- Ah, mas você irá adorar ela! Tenho-a desde que nasci... Ela sempre me encontra... Até mesmo quando fui presa, ela apareceu em minha cela!

- Perdão, querida... A senhorita já foi presa?

- Sim, mas iremos falar disto uma outra hora. Apenas me diga, posso levar ela para dentro?

A feição no rosto de Jason não era nada boa... Por que ele não gostava de gatos..? Eram tão fofos e fieis... Menos Cheshire, ele até poderia ser fiel, mas não era fofo como Dinah...

- Maldição, está bem... Pode levar ela para dentro.

- Obrigado!

Digo entrando para as pequenas escadas da saída da cobertura, mas escuto Jason sussurrar atrás de mim.

- Espero que não vire petisco para o Mr. Glutton...

E ao mesmo tempo sua risada ecoava baixo.

- Eu estou ouvindo isso, Jason!

- Sabia que gatos pretos dão azar?

- E sabia que pessoas ruivas são do demônio?

- Horas, se está se referindo a mim... Posso dizer que não está errada.

- Pare de ser tão difícil... Dinah não irá nos atrapalhar, ela é uma boa garota.

Já estávamos chegando a entrada do seu apartamento no segundo andar... Dinah estava dormindo em meus braços, ela era tão pequena e quentinha.

- A senhorita disse que sua gata está lhe fazendo companhia desde que nasceu... Então ela teria 20 anos?

- Sim, ou talvez um pouco mais.

- Sabe que isto é impossível, não é? Gatos não vivem tanto tempo assim.

Coloco Dinah no canto do sofá, fazendo um ninho com as almofadas para ela.

- Ah, Dinah é especial... O tempo no lugar onde ela mais vive, não existe.

- Horas, ela vive em qual lugar, então?

Viro-me para Jason, que estava logo atrás de mim, retirando a sua cartola, arrumando um lado de seus cabelos ruivas para trás de sua orelha esquerda.

- Talvez você já saiba...

Jason, The Toy Maker - O Outro Lado do GumeOnde histórias criam vida. Descubra agora