Olho com diversão para Jason, tentando entender como ele conseguia ser tão educado em um assunto íntimo como este.
- Prazer em degustar? Ah, então deve ter gostado do sabor "doce".
Jason larga o copo de suco sobre a mesa, encarando-me um tanto perplexo pelas palavras que saiam de minha boca.
- Horas, estou sentindo-me provocado.
Solto um pequeno riso em concordância.
- Eu? Provocar o senhor? Acha que perdi o juízo?
Digo terminando de engolir a minha bebida, comendo pequenos pedaços do pudim delicioso... Como ele poderia fazer receitas tão perfeitas, se nem ao menos gostava delas?
- Talvez jamais tenha tido juízo, minha cara.
- Até você irá dizer que estou louca?
- Louca? Não. A última coisa que acharia era dizer que alguém inteligente como você seria louca, querida. Já lhe disse para não me comparar com a ralé que lhe chamava disto.
- Sabe... Notei que tinha informações sobre mim, as quais jamais passei para você.
- Interessante, realmente... Dei um pequeno jeito para conseguir alguns papéis particulares.
- Que papéis seriam estes?
- Seus arquivos e históricos dos anos que ficou internada.
Paro de comer o pudim no mesmo instante. Nem eu mesma teria aquilo, muito menos lido!
- Eu quero vê-los!
- Compreendo a sua reação, mas não acha que isto deve ficar fora de suas mãos por enquanto?
- ... E por que deveria? São papéis sobre mim! Tenho direito de saber o que existe neles.
- Claro, claro... Podemos ler durante a noite, juntos. O que acha? Assim poderá tirar algumas de minhas dúvidas também.
Ele já deveria ter lido tudo... Já saberia o que tinha de perguntar para mim, e eu estava a mercê de sua boa vontade.
- Está ótimo para mim.
- ... E não irá me agradecer por ter pego os seus documentos... E os seus utensílios que deixou no orfanato?
Neste instante, quase engasgo-me com o doce pudim de morango.
- Você conseguiu os meus objetos também??
- Sim, minha querida. Chegaram hoje de manhã, devem estar todos ali.
- Obrigado... Por conseguir tudo isso novamente... Não sei como posso agradecer a você.
Um leve murmúrio sai dos seus lábios, enquanto passa um guardanapo por eles... Seu sorriso era oculto, mas estava ali.
- Gostaria de lhe pedir um pequeno favor em troca...
- O que seria?
- Seria extremamente grato se não fosse um incômodo poder dormir com a senhorita em minha cama, hoje, novamente.
- Ah, dormir? Claro... Mas sei que..
Neste instante, algo aparece nos muros do jardim da cobertura. Estava ao longe, porém atrás de Jason, ficando focado bem em minha vista.
Levanto-me da mesa quase que imediatamente, indo de forma rápida ao muro baixo.
Jason não dizia nada, apenas sentia seu olhar grudado mortalmente em mim a todo instante.
O pequeno gato preto pula em meus braços assim que fico em sua frente, abraçando-o e acariciando o seu pelo liso.
Caminho até a mesa outra vez, encarando Jason em seguida.
- Jason, está é Dinah! A minha gatinha.
Mas ele nada dizia, poderia notar uma certa reprovação em seus olhos...
- O que foi..? Não gosta de animais?
- Não gosto de gatos.
- Ah, mas você irá adorar ela! Tenho-a desde que nasci... Ela sempre me encontra... Até mesmo quando fui presa, ela apareceu em minha cela!
- Perdão, querida... A senhorita já foi presa?
- Sim, mas iremos falar disto uma outra hora. Apenas me diga, posso levar ela para dentro?
A feição no rosto de Jason não era nada boa... Por que ele não gostava de gatos..? Eram tão fofos e fieis... Menos Cheshire, ele até poderia ser fiel, mas não era fofo como Dinah...
- Maldição, está bem... Pode levar ela para dentro.
- Obrigado!
Digo entrando para as pequenas escadas da saída da cobertura, mas escuto Jason sussurrar atrás de mim.
- Espero que não vire petisco para o Mr. Glutton...
E ao mesmo tempo sua risada ecoava baixo.
- Eu estou ouvindo isso, Jason!
- Sabia que gatos pretos dão azar?
- E sabia que pessoas ruivas são do demônio?
- Horas, se está se referindo a mim... Posso dizer que não está errada.
- Pare de ser tão difícil... Dinah não irá nos atrapalhar, ela é uma boa garota.
Já estávamos chegando a entrada do seu apartamento no segundo andar... Dinah estava dormindo em meus braços, ela era tão pequena e quentinha.
- A senhorita disse que sua gata está lhe fazendo companhia desde que nasceu... Então ela teria 20 anos?
- Sim, ou talvez um pouco mais.
- Sabe que isto é impossível, não é? Gatos não vivem tanto tempo assim.
Coloco Dinah no canto do sofá, fazendo um ninho com as almofadas para ela.
- Ah, Dinah é especial... O tempo no lugar onde ela mais vive, não existe.
- Horas, ela vive em qual lugar, então?
Viro-me para Jason, que estava logo atrás de mim, retirando a sua cartola, arrumando um lado de seus cabelos ruivas para trás de sua orelha esquerda.
- Talvez você já saiba...
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Jason, The Toy Maker - O Outro Lado do Gume
Romance๑Dark Romance๑. +18 - Querida Alice Liddell... O seu País das Maravilhas será meu! Suas palavras eram tão doces, assim como a sua feição e o seu jeito encantador. Mas, as coisas muitas vezes não são o que parecem ser... Jason não era apenas um home...