- E quem não ficaria apaixonado por mim, não é mesmo?
Jason ri em discrepância, passando os seus olhos por todas aquelas bonecas espalhadas pelo terceiro andar.
Poderia ficar com ódio por isto, e estava... Mas não iria passar deste limite... Jason não tiraria-me do sério tão facilmente outra vez.
- E por quem elas se apaixonaram, Jason? Pelo gentil e encantador dono de uma loja de brinquedos renomada, ou pelo que estou vendo em minha frente?
Digo ao cruzar as pernas, demonstrando que não sentia um pingo de medo por sua imagem tenebrosa, que tentava me ameaçar a todo custo.
- E o que quer dizer com isso, sua insolente?
Ele saberia muito bem o que queria dizer. Ninguém em sã consciência ficaria com um homem que se transformava em um monstro assassino e torturador de crianças. E era óbvio que por esse motivo, todas elas teriam virado bonecas.
- Quero dizer que prefiro muito mais você nesta forma verdadeira, do que um manipulador barato.
Ele ria enquanto massageava meu pescoço com suas garras, ameaçando apertá-lo, mas não ligo para isso...
- Está provocando-me na hora errada, bonequinha...
- O que posso fazer se idolatro você em sua versão alternativa? Me diga, alguma delas já fez isso? Ou todas se assustaram quando viram você assim?
Jason para de olhar para mim, fitando um ponto fixo aos nossos pés, como se estivesse pensativo... E era isso o que eu queria.
- Se estas moças viraram bonecas, não foram dignas de toda a sua dedicação, não aceitaram você como é verdadeiramente... E é por este motivo que sou diferente de todas elas. Sabe que aceito você, Jason.
Sua expressão navegava entre a fúria e a dúvida, enquanto seus pulsos estavam cerrados por cima da mesa metálica, parecendo estar entrando em devaneio.
- Me diga, Jason... Alguma delas disse que estava apaixonada pela forma em que se encontra agora?
Um sorriso cínico é formado em meus lábios. Sim, eu estava machucada, minhas costas sangravam, assim como algumas partes de minha nuca... Mas naquele instante, eu aguentaria tudo.
Seus olhos entram dentro dos meus, tão verdes e brilhantes como nunca, mas as linhas em sua face pareciam conter um sentimento de remorso.
Meu coração pula ao ouvir o estrondo do soco que Jason desfere naquela mesa, partindo-a ao meio, fazendo o meu corpo escorregar para o chão.
Mas antes que eu caia sentada entre a mesa partida, minha cintura é agarrada por suas longas unhas brancas, segurando-me por de baixo de seu braço.
Ele realmente não havia me respondido? Eu finalmente fiz aquele homem ficar sem palavras..? A minha preocupação agora era para onde ele estava me levando naquele terceiro andar infinito.
- Poderia pelo menos me dizer para onde está me levando?
- Mudança de planos.
Escutava os gritos das crianças se aproximarem... Acho que aquele lugar deveria ser um calabouço... Não compreendia a imensidão daquilo.
Começo a olhar para os lados após descermos uma escada de pedra, mal iluminada por tochas foscas.
Observo dezenas de celas, não muito grandes, mas todas grudadas em meio às paredes, escuras... Algumas estavam vazias, mas outras tinham pequenas crianças presas dentro delas.
Eu as reconhecia claramente... Rostos familiares do Lar onde eu vivia. Jason realmente havia pego todas elas... Inacreditável a sua insanidade.
- Sabe, querida... Não acho mais necessário um concerto em você.
Ele ria ao passarmos por todos eles, encolhidos em suas prisões, amedrontados apenas pela presença de Jason.
- Ah, concordo plenamente.
Estávamos caminhando pelas celas, afastando-nos de seus choros, chegando a uma outra sala, a qual tinha uma porta em seu final, feita de ferro enferrujado, com várias trancas.
- Seu discurso foi convincente, querida... Mas será punida severamente por suas atitudes. Irritou-me profundamente.
Sabia que era quase impossível haver alguma negociação com Jason, principalmente quanto às crianças que ele havia raptado... A polícia iria tentar achar o culpado, mas duvido que chegassem até Jason.
Sou jogada em uma cela a parte, batendo as minhas costas no chão daquele lugar imundo, grunhindo de dor com o impacto.
Ele iria se arrepender pelo que estava fazendo comigo... Iria sobreviver apenas para fazê-lo pagar. Mas, por hora, deveria jogar o seu jogo.
- Acha que precisa me tratar assim? Já disse que faço qualquer coisa por você, Jason... Não gostaria de ficar aqui, longe de você.
- Deve entender que se comportou muito mal... E eu não consumo ser piedoso, está com muita sorte!
- Apenas por aquela colher? Ah, sabe que isto é um costume para mim...
- Este seu lado até pode me agradar, mas não tente utilizá-lo perante a mim.
Jason estava virando suas costas, saindo daquela prisão onde eu me encontrava, ameaçando fechar a porta.
- Deve estar acostumada com prisões, não é mesmo? Então isto não será nada para você, garota desobediente.
Se eu tivesse outra colher, talvez eu tentaria furar o seu pescoço novamente, apenas pelo ódio subindo em meu corpo.
- Ah, mas não se preocupe... Irei voltar em breve, muito em breve... Mas, enquanto isso, aproveite o seu castigo.
Jason bate à porta enquanto ainda estou ajoelhada sobre aquele chão sujo, sem ver saída alguma daquele encarceramento.
Tento me levantar e ir até a cama em seu canto... Escutava as crianças gritarem após ouvir uma das celas serem abertas... Já deveria imaginar o que ele estava fazendo.
Mas então, uma voz corta o silêncio recente de minha prisão.
C. - Parabéns, Alice... Achou alguém mais louco que você.
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Jason, The Toy Maker - O Outro Lado do Gume
Romance๑Dark Romance๑. +18 - Querida Alice Liddell... O seu País das Maravilhas será meu! Suas palavras eram tão doces, assim como a sua feição e o seu jeito encantador. Mas, as coisas muitas vezes não são o que parecem ser... Jason não era apenas um home...