CAP. 111 - Olhos no Céu

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Estava deitada sobre o peito de Jason, enquanto olhávamos para cima, entre as árvores, observando as estrelas coloridas no céu, mesmo que estivesse com a leve névoa em meio aos galhos...

Escutava a caixa de música cantando em seu interior, sendo belo como conseguia ser forte e suave... Acho que Jason realmente me amava.

- É estranho dizer isto, mas sinto como se pertencesse a este lugar, assim como você, querida.

- Desde que pisei em seu apartamento, já sentia um pouco deste mundo, impregnado nas paredes...

- Existem coisas que as pessoas normais jamais conseguiram compreender, magias antigas podem viver entre nós.

- Eu nem sequer sei exatamente o que sou... Mas acho que é algo parecido com o que você é.

- Hm, deixe-me ver...

Jason segura o meu rosto, apontando para o seu, esticando os meus lábios.

- Seus dentes são perfeitos, não ficam pontiagudos como os meus.

- Não tente negar, Jason. Somos praticamente iguais.

- O que seria de mim e de meu orgulho se concordasse com isto.

- Ou pode deixar esse seu ego um pouquinho de lado e aceitar que finalmente achou alguém que compreendesse você.

- Hm, é realmente surpreendente que uma garotinha passando fome pelas ruas de Londres iria se tornar isto.

- Talvez para você foi uma surpresa, mas sempre fui isso... Apenas não tinha como lhe mostrar.

Parecia que tudo estava perfeito... Jason acariciava os meus cabelos, enquanto conversavamos sobre a luz da lua, escutando sua singela música...

- Pretende me contar por que este lugar parece tanto com os ideais de minha loja?

- Não foi proposital... Mas tudo o que é processado em minha mente, é refletido aqui de alguma forma. Não sei explicar...

Sento ao lado de Jason, não me incomodando mais por estarmos nus, lado a lado.

- Seria como se eu fosse o cérebro deste mundo... Cheshire me disse que se eu morresse, o País das Maravilhas também iria.

- Então não deveria ser uma espécie de rainha ou soberana daqui? Ao invés de ficar fugindo de criaturas que nem sei o que são...

- Deve entender o quanto antes que não possuo controle sobre nada daqui, tudo é apenas criado, e o que posso fazer é sobreviver aos delírios de minha mente.

- Compreendo tudo o que diz, querida Alice.

Jason senta-se junto a mim, passando seus dedos por meus ombros, puxando-me para o meio de suas pernas, agarrando-me enquanto conversávamos.

Suas garras acariciavam os meus braços, fechando-me dentre seu peito, enquanto apoiava seu rosto por meu ombro, continuando a falar ao lado de meu ouvido...

- Hm, então a senhorita criou este espaço baseado em mim... Fascinante.

- Criar é um termo muito forte para o que aconteceu... Quando um sentimento estrondoso invade meu peito, isso afeta diretamente tudo aqui... E quando disse que amava você, este lugar surgiu, porém não foi intencional. Já lhe disse que não posso controlar o que é refletido...

- Então, de certa forma, eu sou o dono desta área.

- Não seja tão convencido, Jason...

- Quem diria que eu fosse tão importante ao ponto de ter um bioma apenas meu e com minhas características espelhadas em todos os lugares!

Sentia o seu ego inflar cada vez mais, junto de seu pênis atrás de mim, ficando um tanto arrependida de ter contado isso a ele.

- Você é realmente impossível!

- E você... É apenas minha!

- Será mesmo que sou?

Viro meu rosto para o de Jason ao meu lado, observando seus incríveis olhos verdes brilharem, sorrindo para ele em provocação...

- Não brinque com isto, querida... Jamais deixarei você ir embora.

Começamos a nos beijar docemente, sentindo Jason apertar-me ainda mais contra seu corpo...

C. - Ah, que lindo, maravilhoso! Se eu tivesse mãos, iria aplaudir vocês! Mas, acho que não faria questão.

Dou um leve pulo nos braços de Jason, encarando Cheshire sobre o galho de uma árvore acima de nós, mas havia algo em seus olhos.

- Poderia ser menos inconveniente!! Aliás, o que diabos é isso em seus olhos?

C. - Ah, isto aqui? É um óculos para cegos, ele deixa minha visão completamente escura, pois não quero estragar a minha sanidade que já não anda muito boa.

- Poderia ter enviado uma carta, o que acha?

Jason fala zombando de Cheshire, mas no mesmo instante solto um grito ao ver algo cair do céu bem a nossa frente... Era a poltrona de Jason, totalmente arranhada, destroçada, arruinada!

C. - Não sei enviar cartas, mas posso enviar poltronas.

- ... O quê....?

Jason me deixa ao chão, enquanto caminha em direção a poltrona, como se fosse o velório de alguém importante para ele, estava apático.

C. - Sim, sim... Realmente uma pena. Mas vamos ao que me interessa, quero tirar logo isto de minha cara. O Executor está vindo e devem sair daqui o quanto antes.

- O QUE VOCÊ FEZ COM A MINHA POLTRONA?!?

C. - Alice pode amar você, mas eu te odeio.

Jason me encara como se eu devesse fazer alguma coisa, mas apenas consigo me levantar e olhar com pena e uma pontada de divertimento.

- E-eu posso tentar fazer outra para você... Sinto muito, não esperava por isto.

Engulo o meu riso, olhando para Cheshire acima da árvore, não sabendo dizer como ele poderia ter coragem de fazer esse tipo de coisa e ser tão covarde em outros momentos.

- Jason, precisamos sair daqui, só não me sinto nada confortável em estar.. Sem roupas.

C. - Não se preocupe, Alice. Trouxe um vestido para você.

Ele joga um tecido vermelho sobre mim, o qual aparece dentre suas patas, voando até minhas mãos.

- E PARA MIM?!?

C. - Dê seu jeito.

Cheshire some, deixando nós dois a sós, enquanto Jason estava tendo um ataque de raiva, arranhando o tronco de uma árvore qualquer.

- EU JURO!! IREI MATAR AQUELE GATO SARNENTO!

Jason, The Toy Maker - O Outro Lado do GumeOnde histórias criam vida. Descubra agora