CAP. 28 - Vapor Ruivo

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Terminamos de comer um tanto ansiosos pelo que parecia, como se estivéssemos esperando que algo fosse acontecer após o jantar.

Mas apenas retiramos as louças e começo a lavá-las antes que Jason diga que não.

- Sabe querida... Pensei que teria ficado amedrontada pela noite de ontem. De qualquer forma, peço perdão.

- Amedrontada?

Dou uma pequena risada sarcástica.

- Isto é um pouco difícil de acontecer.

- Oh, sua coragem e determinação parecem ser inabaláveis. Por qual motivo a senhorita tornou-se tão forte ao que parece?

- Talvez tenham sido as cirurgias brutas... Os anos presa em confinamento por salas acolchoadas e brancas... Ou então pelo trauma que um homem qualquer causou em minha vida.

- Isto muda totalmente quem somos... Mas fico feliz que tenha lhe tornado mais forte, querida.

- Sabe, fico um tanto triste por ter te envolvido nestes problemas naquela noite... Não pude nem sequer pegar os meus pertences no orfanato.

Estava tão distraída com a louça que nem sequer percebo Jason encaixar seu corpo por trás do meu, segurando em minhas mãos e lavando a louça junto a mim...

- Jamais me importei em ajudá-la, Alice...

Meu corpo treme por um segundo, não estava acostumada com esse toque físico tão abrupto.

Talvez tenha sido um reflexo rápido, mas quando percebo já havia pego uma faca de dentro da pia, mirado em direção a Jason, que ergue suas mãos para o alto em defesa.

Minhas mãos estavam trêmulas sobre a arma, mas Jason nada diz, apenas se aproxima novamente depois do que havia acontecido, segurando em minhas mãos sem medo algum.

- Não irei fazer nenhum mal a você, querida...

Então ele abaixa minhas mãos, fico totalmente sem jeito após aquilo... Abaixo a minha cabeça, não tendo coragem de encará-lo.

- N-não consegui controlar..

- Seus reflexos parecem ser tão ágeis... Aonde aprendeu isso?

Nem sequer assustado ele estava. Seus dedos retiravam a faca de meus dedos com cuidado, jogando-a na pia outra vez.

- E-eu não sei...

- Ah...

Outra vez, assim como tantas vezes, ele ergue meu queixo quando não consigo olhar fixamente em seus olhos.

Outra vez, assim como tantas vezes, ele ergue meu queixo quando não consigo olhar fixamente em seus olhos

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- A senhorita tem realmente tanto potencial...

Estava confusa, triste por ter feito aquilo com Jason, pois jamais fui tocada desta forma... Mas não consigo dizer nada, pois meus lábios estavam em situação catatônica.

- Deixe-me terminar de lavar, querida. Na cama do meu quarto tem uma camisola negra para você, achei que se sentiria mais confortável com o modelo que escolhi.

Apenas saio da cozinha um tanto rápido, ainda sentindo aquela faca fria e úmida em minhas mãos... Se ele fosse um homem agressivo, eu teria ferido seu corpo..? Eu realmente seria uma assassina?

Fecho a porta do quarto de Jason, sentando sobre a cama, percebendo que o pequeno Bons Sonhos estava me observando entre os travesseiros...

No entanto, ignoro-o por agora, retirando minhas roupas ali mesmo e colocando a camisola preta por cima... Ela teria um grande decote na frente, mas ao menos não era transparente.

Assim que encaro o Bons Sonhos, ele estava caído para o lado, com sua cabeça virada para mim, dando a sensação de que estava me observando o tempo todo...

Arrumo ele entre os travesseiros, já achando aquelas suas atitudes normais, pois pelo que Jason havia dito, seu coelho poderia ser hiperativo, eu acho.

Fico alguns minutos deitada na cama, mas não havia colocado as cobertas sobre o meu corpo... Pois estava em dúvida se deveria ir lhe dar boa noite...

Um homem tão gentil e compreensivo... Acho que após aquela cena, era isso o que ele merecia.. Por estar cuidando tão bem de mim.

Suspiro profundamente, esperando um pouco mais de tempo passar, levantando-me e ameaçando tocar na maçaneta da porta...

Aperto a faixa que estava no busto de minha camisola, arrumando-a em meu corpo. Logo abro a porta, mas então percebo que alguns barulhos vinham do banheiro próximo.

Ah, ele deveria estar ocupado... Não iria incomodá-lo no banheiro...

Mas assim que viro minhas costas para o quarto outra vez, a porta do banheiro emite um leve barulho, após ser aberta.

O corpo de Jason estava parado entre a porta e o corredor, encarando-me por alguns segundos entre o vapor que saia por trás de suas costas...

Ele utilizava um roupão fino, de cor vinho, deixando-o totalmente aberto em seu peitoral, com apenas a faixa amarrada em sua cintura...

Seus cabelos vermelhos estavam molhados, caídos por sua face pálida e ombros largos. Apenas seus olhos esmeraldas e boca rubra estavam destoando-se por seu rosto...

Seus músculos estavam úmidos, Jason suspirava calmamente, fazendo movimentos leves por seu corpo... Meus olhos não desgrudavam daquela visão...

- ...Gostaria de algo, querida?

Jason, The Toy Maker - O Outro Lado do GumeOnde histórias criam vida. Descubra agora