CAP. 21 - Pequeno Rato

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- Está bem...

Passo minhas mãos pela bancada cheia de serragem de madeira, aquele cheiro era tão recente e revigorante...

Não entendia como em um lugar tão miserável como Londres, Jason conseguiria viver se diferenciando de tudo o que já havia visto.

Quando entrei em sua loja, senti como se estivesse entrando em outro mundo... As cores, a vida, parecia que tudo havia voltado.

Ao atravessar aquela porta, antes tudo era cinza e marrom, tóxico, podre e perigoso... Mas aqui, haveria vida.

Seu dom por controlar os brinquedos... Eu estaria imaginando este homem? Não, ele era real! Mas controlar brinquedos é impossível aqui! Então, o que Jason era?

Dúvidas e mais dúvidas... Mas por incrível que pareça, ficar junto a ele estava sendo agradável, ao menos Jason parecia ser um bom homem.

Estava sendo difícil demais julga-lo... Não queria me entregar tão fácil ao seu jeito doce. Talvez, esperar um pouco mais para conhecê-lo em momentos oportunos... Seria o correto.

Então meus olhos rodam aquele ateliê tão grande... Qualquer criança enlouqueceria neste lugar. Tantos armários e gavetas, alguns revirados e outros fechados...

Haviam peças que eu nem saberia para que serviam, a maioria delas, para ser sincera.

Mas vejo ao chão, o que parecia ser a cabeça de um cavalo de madeira, um tanto mal esculpido, como se fosse um protótipo em desenvolvimento.

Ando até ele, jutando-o do piso e levando até o balcão... Um cavalo, era tudo o que uma dama precisa para protege-la.

- Preciso de lâminas...

Sim, eu queria esculpi-lo... Olho abaixo do balcão, vendo diversas ferramentas para fazer trabalhos talhados em madeira.

As lembranças vinham como um turbilhão... O quanto já segurei algo assim em minhas mãos e o usei com tanta dedicação para salvar a minha vida.

Iria demorar, obviamente, mas tempo era o que mais teríamos durante o dia... Havia um relógio de cuco acima da porta, era colorido por vermelho e amarelo em seus detalhes... E o tempo passou rápido.

Minhas mãos já estavam um tanto avermelhadas pela lâmina que imitava um estilete em minhas mãos, mas a cabeça do cavalo estava quase pronta.

Quando olho para a porta após sabe-se lá quantas horas, Jason havia colocado apenas sua cabeça na abertura, seus olhos pareciam atentos ao que eu fazia.

Mas assim que percebe que o havia visto, ele retira suas mãos do suporte da porta e some pelo corredor. Me espionando outra vez... Já deveria saber.

Mas não iria criar um caso apenas por isto, ele deveria estar curioso, nada mais.

Não é para menos, estou fazendo um barulho enorme ao retirar os estilhaços de madeira.

Bem, ao menos a cabeça está pronta, isso demorou mais de duas horas... Porém agora faltava apenas limpar e pintar. Ele iria ficar idêntico a minha amada arma...

Pensei que nunca iria ver algo parecido em um mundo que não fosse o meu, mas se estivesse sendo feito por minhas mãos, talvez eu pudesse trazer um pouco desta magia para cá...

Tintas... Eu precisava de tinta prata, brilhante. Começo a abrir os armários, mas haviam apenas peças sem sentido algum. Porém, algo rola pelo armário, caindo aos meus pés.

Era uma pequena faca... Mas havia um líquido vermelho e seco, respingado em sua lâmina...

Quando faço menção em pegá-la para ver melhor, algo pequeno passa entre minhas pernas, preto e peludo, roubando-a de mim e correndo para a porta.

- Liquirizia!

Jason, The Toy Maker - O Outro Lado do GumeOnde histórias criam vida. Descubra agora