- O destino pode ser estranho às vezes...
Seu sorriso iluminava aquele lugar, junto com a lareira acesa em nossa frente.
- Com licença, querida. Irei pegar o chá.
- Está bem.
Cruzo minhas pernas no sofá enquanto o espero. Olho para as minhas roupas e estavam piores do que nunca, até mesmo um tanto rasgadas pela corrida que havia feito... Enquanto Jason estava impecável.
- Fiz especialmente para você, deve estar cansada após isso tudo.
- Bom, foi você quem me carregou até aqui, então merece mais do que a mim.
- Quanta gentileza, Alice.
- Como conseguiu correr daquela forma? Quero dizer, sem se cansar.
- Hm, sou um homem muito ágil.
Jason diz colocando sua boca em uma xícara de porcelana, a qual haviam brinquedos pintados ao seu redor.
- Você quem o fez?
- Sim, a maioria das coisas que estão aqui.
- Isso é incrível, fico impressionada com a sua criatividade e habilidade!
Jason deixa sua xícara sobre a mesa, junto com o bule de chá, olhando para mim com seus olhos calmos.
- Algo me diz que talvez você não seja tão diferente assim, Alice.
- Ah, os médicos também diziam isso...
Escuto uma risada sair de seus lábios, enquanto toma outro gole do chá. Agora era a minha vez de experimentar, sentindo um líquido doce passar por minha boca.
- Hmm, isso está muito bom... Parece mel.
- Claro, eu mesmo adicionei mel puro no chá, mas devo lhe dizer que não sou muito apreciador dos doces... Mas achei que fosse gostar.
Um homem que ama brinquedos e coisas coloridas não gostava de doces?
- Sei que pode parecer chato elogiar você o tempo todo... Mas tudo o que suas mãos fazem é encantador.
- A senhorita é uma dama extremamente gentil... Gostaria de mais?
- Claro.
Estendo minha xícara para ele, o qual adiciona um pouco mais do chá para mim.
- Perdoe-me perguntar, doce garota... Mas como você matou aquele homem?
Engasgo por um segundo com o chá em minha língua, encarando Jason um tanto sem jeito.
- Perdão, querida... Não é necessário responder.
- Não, está tudo bem... Contanto que você não ligue..
Digo colocando a xícara sobre a mesa e juntando minhas mãos por cima do meu avental.
- Oh, sabemos que matar é muito errado.
Mas a sua feição discordava de sua frase, deixando aquilo um tanto bizarro... Talvez Jason estivesse tentando reconfortar-me.
- Ele estava indo para uma viagem, o segui até a estação de trem... Joguei toda a verdade descoberta em sua face, Angus zombou de mim, disse que ninguém acreditaria. Então escutei o trem aproximando-se, não pensei duas vezes e o joguei nos trilhos.
- Devo dizer que fez a coisa certa.
- V-você acha..?
- Obviamente, querida... Às vezes a melhor das decisões envolve sacrifícios.
- Matar é errado... Mas..
- ... Mas?
Olho para as minhas mãos, não acreditando em tudo o que eu havia feito para recuperar as minhas memórias... Quanta carnificina em meu país das maravilhas.
- Oh, acho que estamos indo para um assunto ruim...
- Compreendo, você deve estar cansada, certamente.
- Jason...
Suspiro profundamente, tocada por tudo o que ele havia feito, mas deveria perguntar...
- Sim?
- Quanto a polícia...
- Oh, polícia... Jamais gostei desses homens invasivos. Fique tranquila, querida Alice, não irei contatar ninguém.
- Você é o único que sabe disso... Da verdade.
- E acredito em você.
- Obrigado.. Mesmo não conhecendo você totalmente, vejo que quer me ajudar.
- É admirável você reconhecer isso.
Jason levanta-se do sofá, já havíamos tomado todo o chá em nossa conversa.
- Irei preparar a sua cama.
- O quê? Não, não! Dormirei no sofá!
- Como posso deixar uma garota tão linda dormindo em meu sofá?
Ele retira-se da sala, indo até a cozinha enquanto fico remoendo aquela resposta... Mas, ao mesmo tempo, sentia estar descobrindo mais sobre aquele homem... E não eram necessariamente coisas boas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Jason, The Toy Maker - O Outro Lado do Gume
Romance๑Dark Romance๑. +18 - Querida Alice Liddell... O seu País das Maravilhas será meu! Suas palavras eram tão doces, assim como a sua feição e o seu jeito encantador. Mas, as coisas muitas vezes não são o que parecem ser... Jason não era apenas um home...