CAP. 11 - Gentileza Exuberante

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- O destino pode ser estranho às vezes...

Seu sorriso iluminava aquele lugar, junto com a lareira acesa em nossa frente.

- Com licença, querida. Irei pegar o chá.

- Está bem.

Cruzo minhas pernas no sofá enquanto o espero. Olho para as minhas roupas e estavam piores do que nunca, até mesmo um tanto rasgadas pela corrida que havia feito... Enquanto Jason estava impecável.

- Fiz especialmente para você, deve estar cansada após isso tudo.

- Bom, foi você quem me carregou até aqui, então merece mais do que a mim.

- Quanta gentileza, Alice.

- Como conseguiu correr daquela forma? Quero dizer, sem se cansar.

- Hm, sou um homem muito ágil.

Jason diz colocando sua boca em uma xícara de porcelana, a qual haviam brinquedos pintados ao seu redor.

- Você quem o fez?

- Sim, a maioria das coisas que estão aqui.

- Isso é incrível, fico impressionada com a sua criatividade e habilidade!

Jason deixa sua xícara sobre a mesa, junto com o bule de chá, olhando para mim com seus olhos calmos.

- Algo me diz que talvez você não seja tão diferente assim, Alice.

- Ah, os médicos também diziam isso...

Escuto uma risada sair de seus lábios, enquanto toma outro gole do chá. Agora era a minha vez de experimentar, sentindo um líquido doce passar por minha boca.

- Hmm, isso está muito bom... Parece mel.

- Claro, eu mesmo adicionei mel puro no chá, mas devo lhe dizer que não sou muito apreciador dos doces... Mas achei que fosse gostar.

Um homem que ama brinquedos e coisas coloridas não gostava de doces?

- Sei que pode parecer chato elogiar você o tempo todo... Mas tudo o que suas mãos fazem é encantador.

- A senhorita é uma dama extremamente gentil... Gostaria de mais?

- Claro.

Estendo minha xícara para ele, o qual adiciona um pouco mais do chá para mim.

- Perdoe-me perguntar, doce garota... Mas como você matou aquele homem?

Engasgo por um segundo com o chá em minha língua, encarando Jason um tanto sem jeito.

- Perdão, querida... Não é necessário responder.

- Não, está tudo bem... Contanto que você não ligue..

Digo colocando a xícara sobre a mesa e juntando minhas mãos por cima do meu avental.

- Oh, sabemos que matar é muito errado.

Mas a sua feição discordava de sua frase, deixando aquilo um tanto bizarro... Talvez Jason estivesse tentando reconfortar-me.

- Ele estava indo para uma viagem, o segui até a estação de trem... Joguei toda a verdade descoberta em sua face, Angus zombou de mim, disse que ninguém acreditaria. Então escutei o trem aproximando-se, não pensei duas vezes e o joguei nos trilhos.

- Devo dizer que fez a coisa certa.

- V-você acha..?

- Obviamente, querida... Às vezes a melhor das decisões envolve sacrifícios.

- Matar é errado... Mas..

- ... Mas?

Olho para as minhas mãos, não acreditando em tudo o que eu havia feito para recuperar as minhas memórias... Quanta carnificina em meu país das maravilhas.

- Oh, acho que estamos indo para um assunto ruim...

- Compreendo, você deve estar cansada, certamente.

- Jason...

Suspiro profundamente, tocada por tudo o que ele havia feito, mas deveria perguntar...

- Sim?

- Quanto a polícia...

- Oh, polícia... Jamais gostei desses homens invasivos. Fique tranquila, querida Alice, não irei contatar ninguém.

- Você é o único que sabe disso... Da verdade.

- E acredito em você.

- Obrigado.. Mesmo não conhecendo você totalmente, vejo que quer me ajudar.

- É admirável você reconhecer isso.

Jason levanta-se do sofá, já havíamos tomado todo o chá em nossa conversa.

- Irei preparar a sua cama.

- O quê? Não, não! Dormirei no sofá!

- Como posso deixar uma garota tão linda dormindo em meu sofá?

Ele retira-se da sala, indo até a cozinha enquanto fico remoendo aquela resposta... Mas, ao mesmo tempo, sentia estar descobrindo mais sobre aquele homem... E não eram necessariamente coisas boas.


Jason, The Toy Maker - O Outro Lado do GumeOnde histórias criam vida. Descubra agora