CAP. 128 - O Carpinteiro

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Jason caminhava pelas pontes obscuras e ao mesmo tempo iluminadas pelas luzes do teatro, o qual brilhava em seu meio, chamando a atenção de tudo ao seu redor.

Observava-o cantarolar sem preocupação alguma, enquanto suas mãos estavam por trás de sua cintura. As plumas brancas em seu ombro flutuavam na água e aquilo o deixava ainda mais belo.

- Você sempre conseguiu fazer isso?

- Fazer o que, querida?

- Transformar as pessoas... Em bonecas de cera dessa forma instantânea.

- Provavelmente sim, mesmo que só tenha descoberto isso em minha infância.

- Então por que faz as bonecas a mão sendo que pode simplesmente transformar quem quiser nisso?

- Eu amo o que faço, querida... Meu trabalho é algo que jamais pode ser substituído por nada, sinto-me vivo quando construo os meus brinquedos.

Estávamos caminhando cada vez mais próximos do teatro, até chegarmos em suas portas, as quais estavam encostadas.

- Talvez não consiga compreender... Mas a paixão que sinto em deixar a minha criatividade sair ao modelar a cera sobre a pele de uma jovem que precisa ser consertada é algo tão único! Usar este dom que contenho em meus olhos é apenas quando realmente necessário.

Qualquer um chamaria Jason de doente, psicopata, louco... Mas talvez eu fosse uma das únicas pessoas que pudesse dizer a ele que o compreendia, algo que iria muito além de meu amor.

- Ao menos você pode conter isso, de certa forma... Mas olhe ao seu redor, minha criatividade está em todas as coisas, sem controle algum.

- E isso é maravilhoso.

As mãos de Jason passam sobre a imensa porta azul acinzentada, empurrando-a lentamente pela pressão que a água fazia.

Havia um tapete vermelho esticado logo no início, o qual se estendia até a bilheteria interior. Estávamos em um salão inicial, o qual serviria como uma recepção para o espetáculo, repleto de sofás, mesas, bar... E completamente vazio.

- Será que chegamos atrasados, bonequinha?

- Talvez...

Caminhamos até a bilheteria, a qual continha um peixe vermelho utilizando cartola e smoking, dirigindo a palavra a nós.

?. - Perdão, mas o espetáculo será apenas às onze horas da noite.

Olho para o grande relógio de cuco que estava no início do saguão, apontando que ainda eram sete horas da noite...

- Nós não estamos aqui para ver o espetáculo, mas sim para falar com o Carpinteiro. Sabe onde ele está?

?. - Ah, infelizmente ele não se encontra aqui... Mas ele costuma aparecer para assistir aos espetáculos noturnos.

Assistir... Antes ele ficava aqui o tempo todo, sua vida era este teatro, que antes parecia simples e humilde. Agora deveria ser o dono de tudo isso, observando de longe os espetáculos que antes já foi o criador.

- Não tem ideia de onde ele possa morar agora?

?. - Bem... Não tenho autorização para dizer isso, mas..

Começamos a escutar alguns barulhos virem do lado de fora do teatro, como se fossem pessoas gritando de modo abafado por causa das paredes.

Assim que a porta se abre novamente, alguém passava por elas, sendo a atenção de todos ao seu redor, pessoas estavam sendo afastadas dele por seguranças que o protegiam da multidão.

Jason, The Toy Maker - O Outro Lado do GumeOnde histórias criam vida. Descubra agora