CAP. 87 - Longo Concerto

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Jason:

Caminhamos em direção a porta principal de meu apartamento, atravessando a sala de estar, e assim que a abro, o ateliê do terceiro piso se materializa do outro lado.

P. - Gosto do jeito como você é prático!

- Sempre tenho uma carta na manga... Poderia colocá-lo em um labirinto.

O gigantesco martelo já estava apoiado em cima da mesa de ferro, mas a base da arma estava completamente suja de sangue, além de conter a tinta desbotada em vários lugares do cabo e da base.

- Já estava na hora de fazer alguns reparos.

P. - É difícil confiar uma arma tão valiosa para qualquer um.

- Está se aproveitando do meu prazer em consertar...

P. - Eu?! Me aproveitando?? Jamais faria isso com você.

Ele diz dando dois tapas em minhas costas, quase jogando-me na mesa.

Era um serviço rápido, o qual eu gostava imensamente de ser encarregado

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Era um serviço rápido, o qual eu gostava imensamente de ser encarregado. Ficava contente por ter Candy Pop como aliado, pois por alguma razão, ele se interessou por mim ao invés de retirar a minha alma.

Talvez por meus dons, minhas criações... Até mesmo nossa ganância, mesmo que a dele fosse imensamente maior do que a minha.

Aos olhos leigos de qualquer um, Candy Pop aparentava ser um Bobo da Corte, por muitas vezes um tanto sinistro... Mas desde a primeira vez que botei meus olhos nele, já havia notado que havia algo muito mais macabro por trás destas vestes coloridas.

P. - E então.. A sua "hóspede" me disse que foi intoxicada. Por que todas elas têm que acabar mortas nesse lugar de um jeito ou de outro? - Ele pronuncia em modo zombativo.

- Ah, foi apenas um acidente com uma de minhas bonecas. Não foi intencional, claramente.

P. - Tenho minhas dúvidas... Mas, sério mesmo que deixou aquela coisa solta no terceiro andar?

- Aquela "coisa" é a minha Escolhida, portanto, tenha mais respeito! E não a deixei solta aqui, Mr. Glutton era o encarregado por ela.

Mas Candy Pop começa a rir, dando mais tapas em minhas costas, logo gargalhando, fazendo-me dar um soco bem no meio do seu rosto.

P. - Não me irrita não, porra!! Como achou que aquela coisa iria servir de babá? Aquela garota quem deveria tomar conta dele.

- De fato, mas Mr. Glutton não é idiota, entendo que as coisas realmente foram inesperadas... Mas, se Alice tivesse morrido, infelizmente Glutton também iria.

P. - Noooossa!!

Ele dá um mortal por cima da mesa, tirando toda a minha concentração no que estava trabalhando, fazendo-me jogar uma chave de fenda em sua direção.

P. - Iria sentir falta daquela cobrona! Essa coisa aí deve ser especial mesmo para você, né não?

- ... Sim, a "coisa" é muito especial.

P. - Ela deve ter um útero muito fundo pra aguentar você hein!

- Isto não é de sua conta, Alice tem coisas muito mais incríveis do que isto.

P. - Então ela tem?!?

Ignoro sua pergunta desnecessária, terminando de pintar a parte do cabo do seu martelo. Agora esfregava um pano umedecido nas partes com sangue...

- Existe algo muito estranho naquela jovem mulher...

P. - Sim, ela é esquizofrenica, isso é meio claro.

- Hm... Não acho que ela seja esquizofrenica, realmente não. Os fatos que li e presenciei sobre ela parecem-me complexos demais para uma menina imaginar em um hospício...

P. - Então deve ser o efeito das drogas!

Eu sabia que Candy estava compreendendo o que eu queria dizer, mesmo que fosse complicado trocar algumas ideias com ele.

- Conhece algum lugar chamado País das Maravilhas?

P. - Hm, você está falando sério, não está?

- Sim, muito sério.

P. - Não me recordo de ter encontrado ou lido algo sobre esse lugar especificamente... Você sabe como ele seria?

- Haviam diversos traços do ambiente, os quais pareciam conter vários biomas. Mas o mais marcante nos rabiscos e descrições que vi, foram enormes cogumelos, da altura de árvores, além de animais um tanto bizarros.

P. - Existe apenas o bioma das fadas e ninfas próximos aos céus, mas não contém esse tipo de vegetação. Quanto aos animais, como seriam?

- Alguns parecem ser híbridos, mas a maioria contém características humanas, como falar, andar e até mesmo vertir roupas. Porém, existe um gato, Cheshire...

P. - Ela tem um gato de Cheshire?

- Nunca ouvi falar sobre Cheshire.

P. - Há, eles são muito putos! Queria achar um pra mim, mas são incrivelmente raros e impossíveis de se capturar. Eles tem poderes quânticos, conseguem se desmaterializar, assim como as coisas ao seu redor. Sempre estão sorrindo, o que muitas vezes pode ser sedutor, assim como a personalidade deles, porém... É apenas para esconder o quanto são covardes!

- ... Acho que tem um Cheshire fazendo visitas em meu prédio.

P. - Conseguiu vê-lo?

- Não, mas tenho certeza que os ouvi conversando quando Alice estava em minha cela.

P. - Prendeu a garota em uma cela por que porra??

- Horas! Ela foi desobediente! Quebrou o meu boneco e ainda tentou me matar com uma colherzinha!

P. - Deveria estar feliz, Jason! Essa foi a primeira quem teve coragem em tentar te matar!

- Uau, que orgulho então...

Falo ao revirar os olhos, dando os acabamentos em seu martelo, lustrando-o com cuidado.

P. - Já tentou tortura-la para tentar fazer falar sobre tudo isso?

Talvez ele não fosse entender, mas gostava do mistério que aquela mulher trazia para a minha mente... Fazia-me pensar em tantas hipóteses absurdas que chegava a ser excitante.

- Não consigo ver graça em tortura-la de forma grotesca.

P. - MIIINHAAAAA NOOOOOSSAAAAAA!!!

Candy Pop simplesmente pulou por cima de mim e sobre a mesa, com nós dois caídos ao chão enquanto ele balançava os meus ombros em plena insanidade.

- PARE COM ISSO!!

P. - NOOSSAAA!!

- FALA! FALA LOGO, FALA!

P. - A porta, Jason!

- A porta?

P. - A porta azul caralho! Manda ela ir na porra da porta azul!

- Eu teria que dar a posse da porta para ela se quisesse realmente que criasse o portal para o País das Maravilhas!

P. - E depois você poderá pegar a posse novamente em um estalar de dedos!

- Não me parece uma boa ideia.

P. - O que foi? Não vai me dizer que está com medo de não ter a porta de volta!

- Apenas... Não confio totalmente em Alice.

P. - Sabe... Não deu muita importância, mas... Aquela coisa tinha um leve cheiro de magia antiga.

Jason, The Toy Maker - O Outro Lado do GumeOnde histórias criam vida. Descubra agora