CAP. 67 - Conselhos Gatunos

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- E quem é você para chamar alguém de louco, Cheshire? Já tem se olhado no espelho ultimamente?

Ele ri em contrapartida, já sabendo o que iria responder...

C. - Primeiramente... Sou desta forma porque a senhorita me fez assim! Se não está satisfeita, então quando puder, mude a minha imagem em sua mente.

Segundamente... Todos nós somos loucos, Alice... Mas acho que o seu namorado vem passando dos limites... Mesmo que eles talvez não existam realmente.

Apenas queria descansar naquela cama dura, mas que ainda assim era melhor do que as que já havia dormido anteriormente... Retirando a que estava no quarto de Jason.

- ... Não está vendo que estou machucada e preciso descansar?

C. - Recuperará as suas forças rapidamente, já que está a um passo de seu mundo. Aliás, devemos recapitular a nossa conversa.

- Provavelmente ficarei um bom tempo presa aqui... Então, pode voltar outra hora.

C. - Não gosto de perder o meu tempo, Alice. Não seja ingrata, existem coisas que precisa saber!

- Então diga... Sou toda ouvidos.

Falo ao fechar os olhos, respirando profundamente enquanto deito de bruços na cama, deixando os arranhões expostos.

C. - " Ele não vai me machucar", "Sei o que fazer se ele ficar irritado", sua tola! Estou vendo como sabe o que fazer! Se soubesse realmente, nem estaria presa aqui.

- E o que você iria sugerir naquela situação? Ele raptou Timmy... E aquela criança vai morrer de fome dentro daquele boneco de cera...

Cheshire ri com a minha fala, subindo em cima da cama, deitando aos meus pés...

C. - Até pode jogar essa conversa suja para outra pessoa, mas eu lhe conheço muito bem, Alice... Ah, sim... Apenas eu sei o quão mal você tratava aqueles órfãos!

- Não sou uma simpatia de pessoa... Eles eram chatos, é verdade... Mas não mereciam esse fim.

C. - Está se pagando de santa, por qual motivo, querida? VOCÊ mesma acabou matando aquela garotinha quando chegou as sessões de Angus!

- Aquilo foi realmente um acidente...

C. - Um acidente..? Não me faça rir! Estava louca para saber como era um coração, e escolheu a sua vítima! E depois, o que fez quando retirou aquilo do peito daquela criança? Sua curiosidade se desfez, e jogou para os cachorros.

Tampo os ouvidos por alguns segundos, remoendo aquelas memórias de minhas aventuras um tanto exóticas... Era um ato injustificável, mas ninguém nunca me acusou por aquele crime.

- Por favor, vá direto ao ponto, ou irei lhe enforcar.

C. - Sabe que até pode tentar, mas ninguém nunca encostou um dedo em mim!

- Vamos logo... Diga.

C. - Jason tem razão, você é mesmo insolente às vezes, cuidado para ele não cortar a sua língua!

- Ah, acho que a minha língua ainda pode ser de grande utilidade para ele...

C. - Irei fingir que não escutei isso... Mas, francamente, Alice! Deveria ter dito que aquele era o melhor presente do mundo! Mas tentar matar algo que tem a resistência de aço? Com uma mera colher?? Por hora, deve controlar a sua raiva... Quase foi morta.

- Então veio para me dar sermões...

C. - Não apenas isto... Não, não... Sei que não quer vingança pelas crianças, mas sim pelo modo como foi tratada.

- Horas, claro que me preocupo com as crianças!

C. - Além disso, Jason pode estar a um passo de descobrir o quão fascinante pode ser o seu poder... E o seu mundo. Mas eu tentei lhe dizer antes de ser interrompido, evite que Jason saiba que o País das Maravilhas existe, pois não sabemos o que ele pode fazer ao invadir o seu mundo.

- Bem... Não acho que ele possa fazer alguma coisa em algo que pertence a mim. Acho que seria uma ameaça menor que a Rainha de Copas.

C. - Você não se apaixonou pela rainha! Jason contém algo muito mais perigoso que armas, ele contém o seu coração.

- Posso controlar a minha "paixão", assim como a minha raiva.

C. - Para o nosso bem, espero que sim...

- Pode me explicar os motivos dos meus ferimentos terem desaparecido depois de ter reencontrado você no banheiro?

C. - Certamente, mesmo que você já tenha a resposta. Sabe, Jason pode ser uma criatura fascinante! Nos bons e nos mals sentidos... Eu lhe disse, estamos cada vez mais conectados, a cada dia que se passa, a cada segundo que corre aqui, muito mais após o juramento.

Está sendo mais fácil do que imagina para mim, visitar você neste confinamento... Posso ir e voltar a hora que eu quiser.

Sabe muito bem que no País das Maravilhas, o seu corpo é eterno, uma máquina de guerra. Pode sobreviver aos mais terríveis ataques, sua regeneração está sob o seu poder.

- Mas... Ainda não tenho total controle disso... Sinto como se estivesse entre a realidade e a imaginação.

C. - Não insinue que sou apenas uma imaginação! Estou muito mais do que vivo em sua frente.

- Eu poderia pegar você e jogar na cara de Jason quando ele voltasse...

C. - Apenas tente! Se ele já não gosta de gatos, imagine quando me ver.

Cheshire ria, como se estivesse zombando da situação...

C. - Ah, sim... Tenho coisas interessantes que descobri sobre o seu namorado.

- Ele não é o meu namorado!

C. - Estou cansado de ver suas mentiras consigo mesma... Mas o fato é que, Jason procura um Escolhido.

- Que diabos seria um Escolhido?

C. - Parece que ele anda em uma busca incessante por alguém que seja perfeito aos seus gostos... Percebo que Jason contém um desejo sublime que o idolatrem, seja glorificado. Ele não suporta que o seu Escolhido seja ingrato, como já percebeu...

Todas que tentaram fugir, após perceberem o que ele era realmente, sua forma monstruosa, possessiva e abusiva, tiveram um trágico fim. Parece que ele convenceu todas elas a fazerem a promessa... E você caiu direitinho.

- Sua verdadeira forma nunca foi um problema para mim... Por isso estou viva.

C. - Seu gosto por seus parceiros parecem ser bem exóticos, não é mesmo?

- Talvez por jamais ter conhecido alguém como ele...

C. - Um monstro, assassino e perseguidor? Claro, não é sempre que se encontra alguém assim.

- Não consigo ver Jason como um monstro de qualquer forma... Mesmo depois de tudo o que vi, ele parece tão normal aos meus olhos...

C. - Aos seus olhos, Alice, os mais loucos são os normais...

- Então, devo convencê-lo de que sou a Escolhida, caso queira ficar viva... Até conseguir pensar em um plano melhor.

Jason, The Toy Maker - O Outro Lado do GumeOnde histórias criam vida. Descubra agora