CAP. 14 - Olhos Marcantes

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Notas da autora:

Dear Alice - Rainy Days

Essa música é realmente incrível, representa demais o Jason, principalmente no final...
(Que comecem as músicas)

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Não sabia que horas eram, mas acordo repentinamente, com o pequeno coelho em meus braços... Suas mãozinhas macias de pelúcia estavam abraçando-me também.

Olho para a janela ao meu lado, ainda estava escuro e a fumaça ocultava as estrelas no céu... Chovia de maneira forte, mas o vidro estava fechado.

Porém, assim que viro-me para o outro lado, fico um tanto assustada na cama ao ver dois pontos verdes e brilhantes observando-me do corredor, com a porta do quarto aberta.

Não conseguia ver nada além daqueles círculos esverdeados, os quais pareciam ter formatos de olhos vidrados em mim. Seguro o lampião ao meu lado, mas não tinha como acendê-lo.

- Jason?

Digo enquanto levantava-me da cama, colocando um dos lençóis por cima do meu corpo, aquela camisola era muito vulgar.

Se não fosse Jason, quem seria? Ele estava querendo me assustar? Qual era o motivo disso?

Mas assim que vou em direção a porta, os olhos não estavam mais ali. Não me importava, eu iria até o fim para entender o que estava acontecendo aqui.

Saio pelo corredor, estava com o pequeno coelho de pelúcia em mãos, sabe-se Deus por que. Mas sentia como se não estivesse sozinha acompanhada por ele.

- ..Jason??

Era a segunda vez que chamava pelo seu nome, mas nenhuma resposta vinha do seu apartamento.

As outras portas do corredor estavam fechadas, assim como antes, mas a luz da cozinha estava acesa, a qual não tinha porta. Entro nela pela primeira vez, mas parecia tudo normal...

Normal até demais. Não era um lugar pequeno, muito bem equipado, ele teria tudo o que precisava. A mesa para refeição principal ficava próxima da sala, atrás dos sofás, porém não tão perto deles. Passo por ali e não haveria ninguém...

Mas a porta para a entrada na parte inicial estava aberta, vindo uma luz do corredor das escadas. Vou até lá.

- Alice?

Sua voz ecoa, alta e clara, assim que pego na maçaneta da porta e ameaço sair... Jason estava sentado na poltrona do sofá, em frente a lareira, e eu nem sequer o havia visto.

Sem sombras de dúvidas, aqueles olhos brilhantes eram dele, mesmo que agora não estivessem assim.

- Não está conseguindo dormir, minha querida?

- Estou sim, consegui dormir muito bem... Até agora.

Falo com um tanto de receio em minha voz.

- Teve pesadelos?

Encaro-o com dúvida...

- Não, estou bem.

- Então por que está acordada tão tarde?

- Vi alguém no meu quarto.

- Horas, mas isto é impossível, não é? Somos apenas eu e você aqui.

- Então poderia ser apenas você, Jason.

- Claramente não, acabei de chegar aqui, estava trabalhando no primeiro piso. Aliás...

Ele se levanta, andando lentamente na minha direção, revelando ser muito maior do que a mim... Já deveria estar acostumada, não me intimidava com isso.

- Fiz algo para você.

- E o que seria?

Seu sorriso acende-se em frente a lareira que nos aquecia.

- Arrumei o seu vestido, boneca...

... Boneca?

- Ah, você o costurou?

- Fiz todas as alterações necessárias. Mas, amanhã, assim que acordar, poderá experimentar.

Não, não... Ele estava desviando totalmente do assunto.

- Você estava encarando-me no quarto enquanto eu dormia?

- É um tanto arrogante não me agradecer pelo trabalho que tive.

Agora Jason estava em minha frente, encarando-me friamente.

- Eu agradeço pela sua dedicação em relação a mim...

Sua mão passa por de baixo do meu queixo, erguendo minha cabeça em sua direção. Jason queria que eu olhasse em seus olhos.

- A senhorita é muito corajosa.

- Isso deveria ser algo bom.

- Oh, não disse que não era.

Retiro meu queixo da ponta de seus dedos, voltando para o quarto sem uma resposta que me satisfaça. Sua aparência esbelta parecia sempre camuflar as situações...

- Está usando este fino cobertor por de baixo da camisola que lhe dei... Não gostou dela?

Ele estava atrás de mim, seguindo-me, segurando o meu ombro, empedindo-me de continuar...

- Apenas achei... Um tanto vulgar por aparecer o meu corpo por debaixo do tecido.

- Alice... Você pode se sentir a vontade aqui.

Ignoro o seu toque e continuo o meu caminho para o quarto, escutando uma risada murmurar de seus lábios grossos...

- Durma bem com o seu novo amigo.

- Descanse também, Jason. - Digo enquanto entro pela porta do quarto. - Pelo seu trabalho árduo.

Apenas eu saberia que a última frase era em tom sarcástico.

Fecho a porta, mas desta vez pego a chave que estava no balcão e passo ela abaixo da maçaneta.

Se fosse Jason ou não, aquilo não importava-me, ninguém tinha o direito de observar-me desta forma. Já que encostar a porta não bastava, talvez isto funcione.

Jason, The Toy Maker - O Outro Lado do GumeOnde histórias criam vida. Descubra agora