CAP. 108 - Eterna Decisão

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Alice:

Corríamos igual a dois condenados em meio às árvores e aos diversos cogumelos de vários tamanhos, ainda assim com cuidado para não tropeçar nas raízes das árvores que cresciam fora da terra

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Corríamos igual a dois condenados em meio às árvores e aos diversos cogumelos de vários tamanhos, ainda assim com cuidado para não tropeçar nas raízes das árvores que cresciam fora da terra.

Aquela criatura era O Executor, eu já o havia destruído antes, esmagando-o, após comer um pedaço do bolo Walter Strudel no jardim da rainha, pois aquela coisa queria impedir-me de chegar até ela.

O único jeito de matá-lo era ficar dez vezes maior que ele, mas deveria ter completado o trabalho ao invés de sair às pressas naquele dia... Os restos dele ficaram ao chão e a rainha conseguiu remontá-lo.

Por que ele estava aqui e o que ele queria conosco após tão pouco tempo depois de nossa chegada era um mistério que precisava saber imediatamente.

Claramente a rainha o mandou até aqui, com ordem para nos matar provavelmente... Cheshire não havia me dito nada sobre isso, o que era estranho.

Não poderia nem chamá-lo agora, pois nestes momentos, Chechire se tornava um grande covarde e não apareceria facilmente.

- Nem sequer sabe para onde estamos indo, vadia!?

Jason me encarar com repugnância, enquanto a vegetação atrás de nós estava sendo destruída pela foice do Executor, o qual a girava em forma de redemoinho, triturando tudo por onde passava.

- Eu sei para onde estamos indo, putiço!!

Seguro no braço de Jason e o puxo para fora da trilha que estávamos fazendo, indo para um lugar mais denso ainda pelos galhos.

Mas ali havia um de meus atalhos, o mesmo que utilizei quando fui visitar a lagarta. Mas não demorou muito tempo para perceber o "estrago" que estava acontecendo.

Um pouco antes de chegarmos no escorredor gigante, o terreno já estava mudado... Antes consumia apenas a metade da descida, agora já estava na região do Vale das Lágrimas.

- Por que as coisas tem estética de brinquedo nesta área?

- Não tenho tempo para explicar!

Ficamos na frente da descida, enquanto observo Jason pensar se iria descer ou não, mas eu apenas o empurro escorregador abaixo, dando-lhe o troco.

- "Damas primeiro!"

Pulo atrás dele, deixando O Executor para trás em fúria, pois ele não poderia descer pelo seu grande tamanho, ou iria quebrar o atalho e cairia em um enorme abismo.

Consigo deslizar até às costas de Jason, segurando nele, controlando as curvas que fazíamos, pois ele parecia um tanto "histérico".

Logo chegamos ao fim da descida, caindo sobre o que já havia sido, o Vale do Chá...

Meu vestido arma sua calda assim que o escorregador acaba, fazendo-me planar no ar com pequenas borboletas azuis ao meu redor, flutuando até o chão.

Jason caia igual a uma pedra sendo jogada, espatifando-se na terra, batendo seu rosto no chão. Ele grita de ódio ao apoiar seus braços para se levantar.

- É A SEGUNDA VEZ QUE CAIO DESTA FORMA!!

- Então deverei lhe ensinar a cair.

- CALE A BOCA!!

Jason estava vindo para cima de mim, enquanto dava pequenos passos para trás.

- Não importa com quanto ódio esteja, não irá resolver nada.

Começo a caminhar, ignorando-o e me importando realmente com o estado que se encontrava aquele lugar... Uma nova floresta que não saberia o que esperar.

As árvores pareciam ser brinquedos de plástico, com manivelas gigantes girando em seus troncos, fazendo os galhos de mexerem como uma espécie de teatro montado.

Estava sombrio... Havia uma névoa sobre o chão, dificultando enxergar a terra, mas ainda era pouco visível. O céu havia ficado escuro, de noite, com as réstias da lua passando pelas folhas coloridas das árvores.

Havia brinquedos espalhados por todos os lugares, mas não estavam desorganizados, pareciam novos, grandes ursos de pelúcia, de várias cores, bonecas, carroças de brinquedo, tudo o que havia visto na loja de Jason...

- Odeio admitir, mas gostei deste lugar.

- Óbvio que gostou...

Falo cruzando os braços, sentindo um calafrio pela temperatura caindo, sem saber ao certo para onde iríamos ou o que fazer após aquela situação...

- Quero a minha porta.

Aquilo já estava me revoltando, Jason só pensava nisso! Nem era algo tão importante assim, mas para ele parecia ser tudo!

- Então pegue a sua maldita porta e suma daqui. A posse é sua.

Não paro de caminhar, procurando algo ou alguma coisa que me ajudasse enquanto pensava. Preferia que Jason fosse embora para a sua maldita loja e me deixasse viver aqui sozinha, sei que era isso o que ele queria.

- Agora pode voltar para a sua lojinha de brinquedos e me deixar em paz, antes que aquela coisa volte novamente.

Jason segura em meu ombro, fazendo-me parar e olhar para trás, vendo a porta azul ao seu lado.

- Poderia voltar comigo, querida. Já conseguiu o que deseja, não acho que irá perder os seus dons se voltar a minha loja. Afinal, ambos os lugares estão conectados.

- Se eu voltasse com você, jamais deixaria-me vir para o País das Maravilhas novamente... Então, terei que recusar.

- Vejo que não confia em mim.

- Sério? Jogando essa conversa a essa altura do campeonato? Esqueça.

A porta azul se abre, enquanto do outro lado estava o início da loja de Jason, criando uma nostalgia incrível em minha mente...

Ele a encara por alguns segundos, passando seus dedos pela madeira azul refinada, dando um leve suspiro.

Jason segura a maçaneta dourada, pronto para entrar... Mas então, ele para, e encara a mim por alguns segundos.

- Sabe, Alice...

Jason fecha a porta, fazendo-a desaparecer no ar junto de sua loja, ficando frente a frente a mim...

- Mesmo que tenha tentado me matar, arrancar a minha cabeça fora, arranhado a caixa de música em meu peito e me enganado... Decido ficar aqui, com você.

- ... Por quê?

Jason segura o meu rosto com suas garras, fazendo-me encara-lo fixamente.

- Porque eu amo você, vadia.

Jason, The Toy Maker - O Outro Lado do GumeOnde histórias criam vida. Descubra agora