Jason, The Toy Maker - O Outro Lado do Gume

CAP. 139 - Segredos Mentais

Notas da autora:

Um video especial para vocês, que já está publicado no Instagram creepy_m1l4dy, mas que gostaria que ficasse gravado nesta história também...

Obrigado por me acompanharem até aqui!

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Alice:

Mas, por um segundo, paro os meus passos para dentro do salão real, sentindo a minha mente expandir-se em uma visão oculta por muito tempo.

- Está tudo bem, Alice?

Ainda não o respondo, encarando meus próprios pés com aquele pensamento ensurdecedor...

- Lembra-se de quando éramos jovens..?

Sua expressão muda, talvez surpreso por eu pronunciar tal frase tão espontânea e imprevista em um momento como aqueles.

- Jovens..? Sim, lembro-me bem, mesmo que já faça um bom... Bom tempo.

- Sente falta destes dias?

- Por que está perguntando-me isto?

- Sei muito mais sobre você do que você pensa...

Após todos estes dias ao lado de Jason, havia criado um vínculo o qual não pude lutar contra... Ao mesmo tempo incrível, também era uma maldição...

Seu olhar desafiava-me pelas próximas palavras... A verdade era que eu teria um dom, e tal dom permita-me criar um vínculo com uma pessoa específica, tomar conta de sua psiquê e invadir a sua mente silenciosamente, os terrores de seu subconsciente, lentamente, ajudando ou não, a explorar suas OtherLands.

Posso emancipar e manipular o mundo psicológico dos outros... Mas é claro, tudo com Jason sempre foi difícil. Se ele já foi humano algum dia, claramente... Não era mais.

Sua mente era tão devaneada que tornava-se algo tão único e abismático que não poderia nem sequer tentar algo contra. Mas, eu saberia... Saberia alguns de seus segredos e lembranças corrompidas mais profundos, tal qual vieram de forma lenta.

- Cresceu com uma obsessão constante pela perfeição... Com a necessidade de sempre ser reconhecido por algo que havia feito... Mas por que ser assim, Jason?

- Onde pretende chegar com tudo isso?

- Uma criança nascida em uma família super exigente, como filho único de dois pais rigorosos, seu dever era ser perfeito e, embora fosse brilhante em tudo, seus esforços nunca eram o suficiente... Reconhece isto?

Mas Jason ignorava-me, acentuando com repugnância a sua face, revirando os seus olhos como uma criança mimada.

- Deveria ter pena de você..? Bem, alguém tão manipulador ao ponto de chegar até aqui apenas para roubar o meu País das Maravilhas... Acho que não deveria ter pena alguma.

- Querida, de onde tirou esta ideia tão absurda? Aliás... Como sabe de tudo isso sobre mim?

- Você tem os seus segredos e eu tenho os meus... Mas, finalmente descobri o que você é...

Sim, naquele instante eu pude ver... Pude ver uma lembrança específica de Jason, senão a mais importante, quando Amélia penetrou o seu coração para matá-lo e ele gritou em dor, prestes a morrer, agarrando a caixa de música em suas mãos... Algo impossível aconteceu.

- Poderia contar-me?

- Algo aconteceu naquele dia... Sua alma ligou-se para sempre a aquela caixa de música em particular... Mas... Isso não foi uma salvação, porém uma maldição. Construiu aquela caixa de música, tão absorto em seus pensamentos profundos e no desejo de sua ambição, ligou sua essência àquele objeto.

Jason afastasse de mim, com seus olhos confusos, um tanto raivosos, soltando um grunhido de ódio.

- Como fez isso? QUEM LHE CONTOU ISSO?

- Você não é invencível, Jason... Você não é um monstro... É apenas um ser humano amaldiçoado, assim como eu.

Tento segurar as mãos de Jason com calma, mesmo que ele estivesse irritadiço, desviou de meus movimentos.

- Ah... Nunca ficará satisfeito com a atenção que lhe dão e nunca será o suficiente... Por isto tem tantas bonecas, não é mesmo? Mas, o mais engraçado disso tudo é que estou viva apenas pelo fato de ser amaldiçoada como você.

- Sabe, acho que você está falando demais!

- Realmente quer roubar isto de mim? O meu País das Maravilhas... Não é tão maravilhoso quanto você pensa. Não vê quanta desgraça ronda este lugar? Tão pior quanto o mundo real, tudo aqui é uma maldição, gostaria de carregar outra com você? Por favor, não negue mais...

- Nós poderíamos mudar este lugar! Eu seria o rei de todas estas terras! Dominaria reino após reino e tudo iria ser nosso... Se aquela coroa vermelha for minha!

- Jason.... - Nego com a minha cabeça...

Mesmo que eu falasse não a ele, talvez não fosse adiantar... Tudo era tão complexo quanto tratavasse daquele homem... Estava agradecida apenas por ter conseguido algumas de suas memórias.

- Eu posso até ter criado este lugar, mas ele pertence a todas as criaturas daqui! Algumas com mais ou menos poder, mas não irei decidir isso... O que estou fazendo até agora é apenas para e por você!

- O primeiro passo para começarmos isso é matarmos a Rainha Vermelha!

- Não é o primeiro passo para nada! Eu tinha apenas um único plano quando pisei neste lugar novamente! Ficar ao seu lado aqui, caso nós não nos matassemos... Queria viver aqui, ao seu lado... Mas com aquela tirana perseguindo-nos, meu sonho não dará certo... Este é o único motivo e a única forma de vivermos em paz neste lugar.

- Querida... Como consegue almejar tão pouco sendo que poderia ter um mundo todo aos seus pés? Ser uma rainha ao meu lado!

- Ou talvez seja você quem esteja sendo ganancioso demais...

- Bem, parece-me que será difícil chegar a um acordo com você, meu amor...

- Eu sei o que lhe mantém vivo... E também sei como lhe matar.

- Está me ameaçando?

- Se for necessário... Não lhe dou permissão alguma para ser um tirano do meu mundo.

- Permissão? E desde quando preciso de permissões de uma vadia?

- Desde que colocou este anel em meu dedo.

Esfrego o anel de rubi em seu rosto, provando que de qualquer forma, eu estava correta.

Começo a escutar alguns passos de salto alto virem em nossa direção, uma das mulheres da corte de Mirana vinha até nós no pátio, parando logo em seguida.

?. - A Rainha ofereceu-lhes um quarto para conversarem em maior privacidade, caso queiram.

- Obrigado, mas acho que não será necessário.

- Pelo contrário, acho extremamente necessário! Aliás, pode nos levar agora mesmo.

Olho para Jason, incompreendido, não aprovando aquela sua ideia, sendo que nosso assunto estava quase encerrado.

- Não encare-me assim, querida... Precisamos acertar as contas... Vadia. - Ele sussurra a última palavra...