CAP. 80 - Nova Descida

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Alice:

Meu corpo flutuava, mas meus olhos estavam fechados e não poderia mover os meus músculos... Era uma sensação estranha.

Escutava uma leve canção, com a suave ambientação de uma caixinha de música ao fundo, ecoando em minha mente... Era a voz de um homem, aveludada e afinada.

Minha respiração estava um tanto estranha, não saberia dizer o que era ou o que estava acontecendo... Até abrir os olhos.

Eu estava caindo, por um buraco escuro, acompanhada pela canção de ninar vinda das paredes de terra daquela toca de coelho profunda.

Eu não gritava ao cair por aquele abismo, pois já estava acostumada...

Aquela voz... Era-me familiar... Uma melodia linda que guiava-me em minha decida. Mas, de uma coisa eu saberia, sem saber que sabia... Eu amava quem estava cantando.

Sinto um estalo passar pelas minhas costas, quebrando uma parede atrás de mim, fazendo-me cair em uma sala nostálgica, com o cheiro de infância.

A parede não era uma parede, mas sim o chão, quebrando todas as leis da física, fazendo-me andar pela parede em busca da posição correta, pois estava de cabeça para baixo.

Senti dor com o impacto, fazendo a música parar, ecoando na voz daquele homem o meu nome, de forma incrivelmente bela...

Várias portas, encobertas por cortinas, mas apenas uma teria o caminho exato. O chão era em detalhes xadrez, as paredes eram velhas, mas isto era tão confortável que não saberia explicar.

 O chão era em detalhes xadrez, as paredes eram velhas, mas isto era tão confortável que não saberia explicar

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- Não tenho tempo para esses tipos de jogos.

Pego logo a chave de cima da pequena mesa de centro, já sabendo por qual porta deveria ir. Bebo em seguida aquele líquido em um mero fraco de vidro... Um tanto difícil de engolir pelo seu gosto exótico... Talvez lembrasse uva.

Sentia o efeito passar por meus ossos, dando-me a escolha de poder encolher quando eu quisesse, controlando o meu tamanho entre o pequeno e o normal. O único problema, que nem era tão problemático assim, são os soluços constantes quando encolho.

Vou em direção a minúscula porta, abrindo-a em seguida, empurrando-a lentamente, deixando a brisa se misturar na sala sem ar renovado a um bom tempo.

Dou o primeiro passo, absorvendo o contato que mais uma vez eu teria com o meu País das Maravilhas...

A grama era pura, esverdeada e límpida... Os céus eram claros, com nuvens totalmente brancas, jogadas por toda a imensidão azul.

As árvores estavam espalhadas por todos os lugares em que olhava... Haviam folhas alaranjadas, verdejantes e até mesmo avermelhadas. Algumas caiam com a leve brisa...

O chão era repleto de cogumelos, plantados em toda a região. Haviam vários pequenos aos meus pés, mas também poderia observar os enormes, do mesmo tamanho que as árvores.

Teriam montanhas de pedras, cobertas por musgos verdes, demonstrando a vida que havia naquele lugar puro. Mas, eu havia entrado pelo Vale de Lágrimas... Era de se esperar.

Continha uma estátua minha, esculpida contra a mediana montanha de pedras. Ela era perfeita, com as mãos abaixo dos olhos, tentando cessar as lágrimas que caiam, formando uma leve cachoeira abaixo de si.

 Ela era perfeita, com as mãos abaixo dos olhos, tentando cessar as lágrimas que caiam, formando uma leve cachoeira abaixo de si

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C. - Quem é vivo, sempre aparece... Ou devo dizer, quase vivo.

- Pensei que não iria me recepcionar desta vez.

C. - Está é quase a quinta vez que morre!!

- Bem, mas desta vez não foi culpa de Jason.

C. - Imagine se fosse! Os brinquedos são perigosos, Alice... Todos eles! Deveria ter muito mais cuidado ao invés de ser uma garota entrona e desleixada.

Reviro os olhos em desdém, cruzando os meus braços enquanto observava Cheshire me julgar em cima de uma enorme pedra afrente.

- ... Poderia me explicar o que está acontecendo?

C. - Foi intoxicada por uma das vagabundas mortas... Está desacordada.

- Então não estou aqui realmente...

C. - Obviamente. Mas, seu espírito está aqui, não por muito tempo, mas já é o suficiente para fazermos o que temos que fazer.

- E o que temos que fazer?

C. - Em breve irá acordar novamente. Se sentirá fraca, estará nas mãos de Jason mais do que nunca... Entretanto, alguém deseja falar com você.

- E quem seria?

C. - Próximo as terras do Chapeleiro, no Vale do Chá, a Lagarta está esperando por você na estação de trem.

- Estranho... Ela nunca quis falar comigo de bom grado.

Era eu quem sempre tinha que correr atrás dos conselhos da Lagarta...

C. - Então significa que é algo realmente importante, já que ela está lhe convocando arduamente.

- Então, irei para lá o quanto antes... Não tem nada para me dar?

C. - A Lâmina Vorpal? O outro lado do gume não precisará ser utilizado agora.

- Se alguém me atacar pelo caminho, a culpa será sua.

C. - Cale-se e vá logo, garota raivosa. Estarei guiando você de longe...

Dou meia volta, seguindo o caminho por trás da cachoeira de minhas lágrimas, conhecia um atalho dentre as montanhas que faria-me chegar lá em minutos.

Havia a terrível ruína e corrupção em meu mundo antes de Angus morrer, elas me atacavam, escondiam as minhas memórias e tentavam me impedir de destruir o meu grande inimigo... O Doll Maker.

Doll Maker era a versão de Angus no País das Maravilhas, ele queria total controle do meu passado e de minha mente, destruir o meu mundo com sua ruína negra. Mas sempre fui mais forte, resisti e o matei tanto aqui, quanto em Londres.

Logo vejo entre as árvores o gigantesco escorregador, o qual descia entre as nuvens, tirando-me da gigantesca ilha voadora em que estava, deixando-me próxima ao Vale do Chá.

De qualquer forma, ele poderia ser perigoso caso eu descesse sem cuidado, pois não havia segurança em suas bordas.

Sentia-me estranha nesta forma, como se estivesse vazia de alguma maneira... Talvez, por ser apenas o meu espírito vagando por aqui.

Começo a minha descida, sentindo o vento por meus cabelos, aumentando cada vez mais a velocidade, em rumo a sábia Lagarta.

Jason, The Toy Maker - O Outro Lado do GumeOnde histórias criam vida. Descubra agora