Capítulo 16

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Capítulo 16 - Digão

Ergo a cabeça em direção à rua justamente na hora em que o Claudinho e o Ney estacionam na calçada.

Os moleques na mesa conversam sobre futebol, mas eu só consigo prestar atenção no Ney, tentando descobrir se ele vai parar pra falar com a pretinha.

Ela nota quem chegou, mas finge não perceber, a não ser pela leve ruguinha no centro da testa e a postura menos relaxada na cadeira. Os amigos dela não percebem, mas eu percebo. Tem nada sobre ela passando batido aqui não.

Ele dá dois tapinhas nas costas do Claudinho e sorri quando olha pra ela e caminha até a mesa onde estão. Fala com a mina do Th e o outro moleque, mas para a mão nas costas da cadeira dela.

Claudinho: Qual foi? — faz o toque comigo e eu olho brevemente pra ele — Resolvi aquela parada lá.

Digão: Valeu mesmo. Tamo junto, mano — volto a olhar pra onde eu tava olhando.

Essa porra dessa aproximação dos dois só veio pra me fuder. Eu contar com a ajuda dela no corre é justamente porque ela tava fora do olhar desses caras, principalmente do Ney, que é o dono da minha dor de cabeça agora.

Ela encolhe um pouco os ombros pela aproximação dele, mas sorri, toda educadinha. Só pra mim que ela tem aquela porra daquela marra toda.

Ney passa a mão no ombro dela antes de andar até aqui e sentar a duas cadeiras de mim, cumprimentando a rapaziada.

Tatu: Qual foi, Ney? TH tá sabendo dessa tuas conversas com a minha dele? – zoa e geral ri.

Ney: Ih, que papo é esse? Mulher de parceiro meu, eu nem olho — pega a cerveja e coloca no copo — Meu bagulho é a amiga dela, novinha linda pra caralho.

Souzinha: Aquela ali nunca vi dar moral pra ninguém.

Ney: Ela já tá na intenção comigo já — diz e bebe cerveja.

Tenho que colocar todo o estresse pra dentro antes de levantar e dar dois tiros no peito dele. A mulher não é minha e não vou entrar na neurose por causa dessa porra não.

Claudinho: Se liga, porra. Mina nem te deu confiança — nega com a cabeça, rindo, e olha de leve pra mesa da Luara.

Ney: Vamo vê então... — ele bebe o copo de cerveja até o final e pega o celular, olhando uma mensagem — Vou resolver um bagulho ali e já volto pra levar essa pretinha pra casa. Só marcar um dez que vocês vão ver.

Franzo a testa quando ouço o apelido, olhando pra cara do fudido, que levanta e corre até a moto. No mesmo segundo, o olhar do Claudinho cai em mim e ele pega o celular, digitando alguma coisa.

To ligado que passei minha neurose toda pro Claudinho e ele pegou a visão. É por isso que não abro mão dele ao meu lado. Sei que se eu descuidar, ele vai tá atento.

Aproveito e pego o meu celular também pra digitar uma mensagem pra Luara. Já deu de bar pra ela hoje.

Mensagem de Digão: Tá na hora de tu ir pra casa.

Enquanto geral na mesa conversa, eu olho pra ela pegar o celular e ver as notificações. Ela olha pra mim, levanta uma sobrancelha, bloqueia o celular e volta a conversar com a Luiza.

Filha da puta do caralho.

Mensagem de Digão: tô te mandando o papo, namoral, luara. ambiente tá mais pra tu aqui não — digito puto, sentindo meu coração acelerar.

Ela olha pro celular mais uma vez, pega e digita.

Mensagem de Luara: Tá precisando de mim pra alguma coisa?

Ligações de Alma [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora