Capítulo 35 — Digão
Eu tô puto pra caralho por ela tá no mesmo recinto que eu, mas longe de mim. Tenho que ficar o tempo todo me relembrando que ela só tem dezoito anos porque o porte dela de mulher pra maioria das coisas esconde a idade, mas tem momentos que o fato de ser novinha vem à tona.
Olho ela de longe, conversando com o Pit e o Concha enquanto fumo o quarto baseado da noite. Não tá fácil pra mim e a sorte é que eu confio deixar ouro em pó na mão desses moleques, sabendo que não dá nada.
Ela falou que ia fazer e fez, tá lá de longe conversando com eles e olhando pra mim. Sorri simpática pros dois, tentando fazer a minha cabeça.
O que só prova que ela não faz a menor ideia de quem eu sou. Tá achando que alguém ia vir na minha favela e mexer com mulher dentro do meu camarote. Os moleques já sabiam que ela é minha porque precisei trocar uma ideia sobre ela com eles, mas mesmo que não soubessem, não iam render pra ela aqui, sem saber se já não tinha nenhum outro traficante na jogada.
Não foi um nem dois otários que já morreram e ficaram de exemplo por causa disso. Hoje em dia, ninguém arrisca mais.
Quero que se foda, pode fazer o show que quiser aqui, mas lá pra fora ela não vai. Não quero ter que descer e matar vagabundo que tiver em cima dela, porque se tá todo mundo sabendo que ela tá comigo, quem não respeitar ela, tá me desrespeitando também... E aí o desenrolo é só um.
Gostosa pra caralho, como sempre, sorri mais uma vez e se afasta deles pra ir até o João e a Luiza, dançando do outro lado do espaço.
Os moleques vêm até mim e encostam no sofá onde eu tô.
Pitbull: Tranquilona a mina, pô — enche um copo e entrega pro Concha.
Digão: Tranquila? — rio e passo a mão na barba, olhando ela abraçada com o JP — Aquilo é o satanás na terra.
Concha: Que isso, mano... Do jeito que tu falou antes, eu achei que a mina fosse um furacão...
Digão: Tô falando, vocês tão de bobeira. Essa semana que passou, ela meteu foi cadeirada numa piranha que entrou no caminho dela.
Pitbull: aquela mina ali? — franze a testa e a ponta pra minha pretinha.
Eu falo, a cara de anjinho dela engana muito vagabundo. Com os outros ela é toda simpática e gentil, comigo ela vem com essa marra toda.
Digão: Irmão, bateu com a cara da mina no meio fio, quebrou o nariz, isso porque a mina era uns 15 centímetros maior que ela, deixou toda arrebentada e ela com um ralado.
Concha: caralho, que porra é essa? — segura o copo de boca aberta.
Pitbull:Imagina essa mina na mão da Princesa?
Digão: Porra, tem condição não. Eu saio morto em um mês — digo e os dois riem.
Papo reto mesmo, dá nem pra imaginar Luara segurando uma arma.
Concha: Vocês são foda — ri e olha pro Pitbull — Os cara brabão fora de casa...
Pitbull: Né segredo. As mina pinta com eles, pô... — gargalha e eu não aguento também não. Inacreditável uma porra dessa.
Digão: Bagulho inexplicável, irmão — nego com a cabeça.
Pitbull: Igual meu patrão diz: "Quando vocês tiver a mulher de vocês, vocês vão entender" — imita o Jogador fazendo o concha jogar a cabeça pra trás rindo.
Esses menor são correria pra caralho e respeito acima de tudo, mas são resenha também.
Digão: Quem dizia muito essa porra era o Sábio.
Concha: Ainda... Na relíquia dele sempre, cara é uma lenda — Pitbull concorda — Sabia muito.
Digão: Aprendi pra caralho com ele, papo reto... — sorrio lembrando do meu mano — O cara era homem pra caralho, mas não esperava a mulher dele nem falar a segunda vez...
Pitbull: Tá maluco... Ter mulher só se for pra ser assim, os cara sacaneia muito aí na pista, eu que não vou assumir ninguém pra ficar com esse pensamento.
Digão: Eu falei exatamente essa porra um mês atrás e olha onde eu tô agora — aponto com o queixo pra minha novinha me olhando de longe.
(...)
Tomo mais um gole do meu whiskey, sentado no sofá, olhando ao redor. O camarote já tá quase completamente vazio, só tem meus seguranças e a Luara com os amigos.
Ela acha que eu vou levantar daqui pra ir até ela, mas eu vou só esperar ela vir até mim. Uma hora esse esforço todo que ela tá fazendo pra me manter longe vai deixar ela cansada e o destino dela vai ser eu. Vai ser sempre assim e não adianta bater cabeça.
O João e a Luiza andam até a saída, enquanto ele mostra algo no celular pra ela. TH olha pra mim e eu mostro o polegar pra ele, avisando que tá liberado pra ir pra casa.
Esse moleque trabalhou pra caralho essa semana, resolvendo coisa na pista que eu não podia resolver, nada mais justo que ir com a mina dele pra casa.
Meu olhar vai pra Luara, que se divide entre olhar pra eles e olhar pra mim. Chamo ela com a cabeça e ela vem andando, toda linda e marrentinha pra mim.
Ela para em pé a uns centímetros do sofá e cruza os braços.
Luara: Vou embora — tira o cabelo do ombro, olhando nos meus olhos, e eu jogo os meus braços nas costas do sofá.
Desço o meu olhar pelo corpo dela, toda gostosinha num conjunto branco que faz a pele dela brilhar. Ela é a minha perdição. Namoral, eu já tô entregue.
Sinto que ela me quer, que quer ficar comigo, mas ela luta tanto contra essa porra que não dá pra entender.
Digão: Vai comigo pra casa.
Luara: Eles tão me esperando... — desvia o olhar pra saída, onde eles conversam.
Digão: Vai lá e avisa que você vai ficar comigo — passo a mão na lateral da perna dela num carinho que faz ela fechar os olhos.
Luara: Rodrigo...
Digão: Tu me infernizou a noite inteira, não foi, pretinha? — aperto a perna dela e ela abre os olhos pra mim — Não vou deixar você ir embora nem fudendo. Vai embora comigo. Avisa a eles e volta.
Luara: Vai me deixar na minha casa? — levanta a sobrancelha.
Digão: Não prometo — sou sincero e ela me olha com julgamento.
Luara: Não é assim...
Digão: Quer ir pra sua casa? — ela concorda com a cabeça — Tá bom, eu te levo lá. Avisa eles.
Observo ela andar até ele enquanto levanto e ajeito a arma no cós da minha calça.
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nota da autora:
gente, nem sempre a wattpad tem notificado os capítulos, então não deixem de me seguir no insta pq eu sempre aviso lá.
@glanelzinha.autora
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Ligações de Alma [M]
Fiksi PenggemarLigações de alma, eu falo seu idioma Traduzo suas emoções, entendo sua confusão. Luara e Digão