Capítulo 19

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Capítulo 19 — Luara

Luara: Nossa, que surpresa... — reviro os olhos quando abro a porta e vejo o dito cujo parado na minha porta.

Digão: Tava com saudade, preta? — morde o interior da bochecha, me olhando, e contendo o sorriso.

Luara: Tua autoestima é alta demais — cruzo os braços e encosto na porta — Saudade nenhuma, mas já tava dando três dias que você não aparecia na minha porta, isso é quase um recorde.

Digão: Da última vez você me mandou embora, lembra? — chega mais perto e coloca um cachinho do meu cabelo atrás da orelha.

Luara: Posso mandar de novo, quer ver? — Mantenho o rosto erguido.

Digão: Vai me mandar embora antes de saber o que eu vim aqui falar? — ele me estuda — Eu vou embora tranquilo, tu que sabe.

Conhecendo ele, sei que não viria aqui sem motivo, mesmo que o motivo seja uma merda, coisa que ele poderia me falar tranquilamente pelo Whatsapp.

Mas parece que esse homem tem algum tipo de obsessão em parecer na porta da minha casa.

Ele entende meu silêncio como resposta e entra, caminhando até o sofá.

Luara: Para de fazer suspense... — peço, chegando mais perto e ele senta.

Digão: Consegui um emprego pra tu.

Luara: Mentira! — grito de felicidade e alívio — Não acredito.

Digão: Fica toda felizinha não que tu vai continuar fazendo os bagulhos pra mim do mesmo jeito — diz, apoiando os cotovelos nas coxas.

Luara: Onde que é? — sento do lado dele — Me fala as coisas.

Digão: Padaria lá perto da casa amarela, tá ligada onde é? — me pergunta, colocando a mão na minha coxa.

O arrepio corre do local até a minha coluna como um choque, mas eu tento ao máximo me concentrar no que realmente importa.

Luara: Desceu a rua da casa amarela, é a primeira à direita, perto do bar — tento explicar.

Digão: Essa aí mermo — concorda — A sogra do Claudinho, meu sub, é a dona. Falei pra ele que tinha uma moradora precisando e ele mandou o papo de que é só tu ir lá amanhã de manhã. Salário, horário e essas paradas é tudo com ela...

Luara: Caraca — solto um suspiro aliviada e rio — Nem acredito que não vou precisar rodar bolsinha pra conseguir as coisas.

Digão: Eu não ia deixar nunca uma porra dessa — passa o braço entre a minha cintura e o sofá, me levando pra mais perto dele.

Luara: Obrigada — olho nos olhos dele e digo sincera — Não era obrigação sua me ajudar.

Digão: Minha obrigação sim — balança a cabeça me olhando de volta.

Luara: Você sabe que não é... — olho bem pra ele, reparando principalmente no cabelo recém cortado e a íris escura.

Os traços fortes dele sempre são pretexto suficiente pra eu me prender nele.

Digão: Eu não sou dono dessa porra aqui só pra lucrar não, Pretinha... Tem propósito aqui também — passa o nariz logo abaixo do meu queixo e volta a me olhar. 

Luara: Por isso que tu fica ligado em manter geral na linha? — relaxo com o carinho leve que ele faz na minha cintura.

Digão: Sou pelo certo e odeio injustiça. Ajudo quem precisa, mas se precisar de correção pra entender a conduta do meu comando, vai ter também — fecha o semblante, todo posturado.

Ligações de Alma [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora