Capítulo 54

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Capítulo 54 - Luara

Luara: Deixa eu ver melhor — pego o celular da mão do João, sentando no sofá da casa dele.

Tô de folga hoje, mas o Rodrigo precisou sair pra resolver algumas coisas, então vim ficar com meu amigo.

Seleciono algumas fotos no feed do instagram e dou zoom.

João Pedro: Se tu falar que ele não é bonito, vou quebrar a sua cara.

Luara: Muito velho, João Pedro — dou zoom em outra.

Até que não é ruim não, mas mesmo assim tenho medo desse povo que ele conhece em site de relacionamento gay.

João Pedro: Ele tem quarenta - franze o nariz - é tatuador e mora num flat em botafogo.

Luara: Eu quero saber o que um cara de 40 anos quer fazer com um menino de 18 — passo mais fotos tentando encontrar alguma coisa suspeita.

João Pedro: A mesma coisa que o seu de 33 quer contigo, songa monga.

Luara: Mas eu conheço ele né, não é uma pessoa aleatória...

João Pedro: A referência que tu tinha do Digão antes era que ele era dono do morro, cara — ri e eu rio também.

Ok. Eu não tenho muita moral.

Luara: Justamente. Tudo de ruim que ele tem já tá bem estampado na cara, esse daí tem defeitos ocultos.

João Pedro: Defeitos ocultos o que, mona? — revira os olhos — entende uma coisa, viado favelado não pode perder umas oportunidades dessa não. Euem, a vida é pra viver.

Ouço a buzina do carro do Rodrigo tocar lá na porta e olho pra fora.

João Pedro: Teu velhinho chegou — pega o celular da minha mão.

Luara: Deixa ele ouvir tu chamando ele de velhinho — calço o chinelo e pego a bolsa.

João Pedro: Dá em nada — dá de ombros.

Luara: Tá ficando amostradinho também ein — brinco e puxo ele pra um abraço — Te amo. Cuidado lá, me avisa se ele for um serial killer.

João Pedro: Eu aviso. Te amo, rapariguinha

Luara: Se ele te machucar, vou mandar meu homem machucar ele — falo séria

João Pedro: Tá bom, bibi perigosa — zoa com a minha cara e eu mostro a língua.

Saio da casa do João e dou a volta no carro vermelho do Rodrigo, sentando no banco do carona.

Ele me olha do mesmo jeito de sempre, algo que eu torço pra não mudar nunca entre a gente, porque realmente me transmite tudo o que ele sente.

Agarro o pescoço dele e encosto nossos lábios num beijinho molhado.

Digão: Gostosa — passa a mão na minha perna e me dá mais um selinho — Tava com saudade, minha lua.

Luara: Quantas horas tem que você me deixou aqui mesmo? — rio beijando a bochecha dele.

Digão: Tempo pra caralho — Dá partida no carro indo em direção à casa dele.

Luara: Um pouquinho dramático — ele nega e eu sorrio.

Digão: E JP? Te expulsou por que? — pergunta estranhando a mensagem que eu mandei pra ele fazendo um draminha.

Luara: Vai sair com um bofinho que conheceu na internet — franzo o nariz.

Digão: E qual o k.o? — me olha de lado.

Ligações de Alma [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora