Capítulo 72

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Capítulo 72 - Luara

Visto a minha legging olhando pra ele, que coloca um cordão grosso de ouro no pescoço por cima da blusa preta, ainda puto que o nosso banho foi interrompido. É o homem mais perfeito que eu já conheci, gostoso pra caralho e me ama como ninguém amou. Impossível não se apaixonar.

Ele emagreceu muito nesse tempo longe de casa, eu não sei o que ele viveu lá e odeio as cenas que meu subconsciente fica criando, mas não vou me concentrar nisso, quero pensar no futuro.

Nem acredito que ele tá aqui...

Há poucos dias essa imagem na minha frente era inimaginável. Ele tava tão distante e eu não sabia nem por onde começar a procurar. Meu coração não tinha um segundo de paz.

Quando a Princesa me ligou, dizendo que sairíamos cedo, ainda não tinham encontrado a localização de um dos sítios da família do Rael, mas quando aconteceu, gerou em mim os sentimentos mais confusos que eu já tinha sentido na vida... Era apenas uma possibilidade e o medo da frustração quase me paralisou, mas eu teria escolhido ir quantas vezes fossem necessárias pra trazer ele de volta.

Eu precisava ver ele com os meu olhos, o mais rápido que eu conseguisse, porque eu estava morrendo por dentro sem ele. Não ter notícias de quem você ama é a mistura mais cruel de esperança e luto, que não te deixam seguir em frente.

E que bom que eu fui, com medo mesmo, porque aquele olhar vai ficar marcado na minha memória pra sempre. Ele me reconheceu, eu sabia.

Digão: Tu tá diferente pra caralho... — aperta os olhos, me encarando, por cima do ombro quanto coloca o relógio no pulso, e eu absorvo essa sensação gostosa que me deixou tanta saudade

Esse olhar sempre foi a nossa chave.

Luara: E você precisa comer — rebato, sabendo que mais cedo ou mais tarde vamos ter que conversar sobre tudo o que aconteceu aqui enquanto ele tava fora.

Digão: Comi um bagulho no carro...

Luara: Precisa de comida de verdade. Arroz, feijão, carne... — Ele segura minha mão e passa o polegar na minha palma, fazendo um carinho.

Digão: Muita coisa pra resolver, minha pretinha...

Pego o rádio em cima da cama com a mão livre e aperto o botão.

Luara: Kv — chamo o vulgo do soldado.

Kv: Na escuta, patroa — diz, do outro lado da linha, e Rodrigo me olha quieto.

Luara: Arruma uma quentinha pro teu patrão — o meu preto levanta uma sobrancelha me vendo falar no rádio, sei que ele tá surpreso com essa minha nova face — Manda botar arroz, feijão, carne e legumes. Depois tu leva lá na casa amarela.

Kv: Deixa comigo, patroa

(...)

Entro na casa amarela e entendo o porquê dos moleques terem interrompido o nosso momento. A facção toda tá aqui. Apesar de estar escurecendo, ainda é muito cedo pra essas reuniões, pelo o que eu saiba.

Todo mundo tá radiante por ter ele de volta, a verdade é essa.

Ele abraça um por um. Inclusive os pupilos dele, Picolé e TH, que não tinham se visto direito ainda. TH tem a cabeça no lugar, é todo sério, até pra ficar feliz, mas Picolé só falta chorar.

Digão: Eu vou trocar uma ideia com os dois separado de geral depois — segura o ombro do TH com a mão e o outro braço passa pelo Picolé — Sou grato pra caralho por vocês, papo reto mermo.

TH: Tu é o nosso líder — Rodrigo aperta a mão dele.

E essa é mais uma das cenas que a minha mente nem se permitiu criar pra não ter que lidar com a frustração depois. Eu que sempre fui mais parecida com o TH, tô dando uma de Picolé e lutando contra as emoções.

Ligações de Alma [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora