Capítulo 44

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Capítulo 44 - Digão

Puxo a fumaça do baseado mais uma vez, olhando as mensagens que a Luara me mandou reclamando da tia.

Mensagem de Luara:
ela quer que eu me sinta mal dentro da minha própria casa. n vai rolar, ela não sabe quem sou eu.

Mensagem de Digão:
Vai lá pra casa

Mensagem Luara:
eu n! é isso que ela quer, que eu fuja, mas eu vou ficar aqui

Não vou entrar em discussão com a Luara por causa desse bagulho de tia não. Ela sabe que se quiser, eu resolvo na hora, mas prefere ficar se estressando e eu vou deixar ela escolher.

Eu já tinha mandado essa coroa pra casa do caralho.

Mensagem de Digão:
Se arruma que nós vai dar um rolé pra tu se desestressar
Sair de casa umas três e meia
Leva biquíni

É o melhor momento pra eu sair da favela? não. Mas se nós não bater de frente e forçar nossa vontade, nenhum filho da puta vai sair do caminho e deixar nós passar.

Meu celular treme em cima da mesa e eu tô ligado que é ela fazendo pergunta, mas também não vou nem responder, se não ela não vai.

Tá na hora da Luara confiar um pouco mais. O que tem de gostosa, tem de controladora, essa pretinha.

TH: Patrão — me chama na porta da sala e eu faço sinal pra ele entrar — A mulher não saiu de lá da casa pra nada.

Digão: Nem vai sair. Mulher acostumada com vida na gringa vai querer ficar de rolé em favela? — pergunto e apago a ponta do baseado.

TH: Os moleques falaram que ela chegou com umas cinco malas — apoia a mão na cadeira e inclina o corpo pra frente — veio pra ficar.

Digão: Na minha mente tá muito certo que o que ela tinha lá fora deu errado e ela tá sem dinheiro, por isso voltou.

TH: O João mandou papo pra Luiza de que ela era casada com um velho gringo, aí o cara bancava a porra toda.

Digão: Ou o velho morreu ou a família chegou junto e ela perdeu espaço — imagino e o TH concorda — Vamo ficar ligado, só isso. Vou precisar de segurança daqui a pouco, vou pra pista.

TH: Quantos carros? — ele franze a testa.

Digão: Um. Não quero chamar atenção, vou sair com a Luara. Preciso encontrar um cara. Vou deixar ela no hotel, encontro o cara e depois eu volto. Bota alguém que ela conheça pra ficar de olho nela no hotel enquanto eu tô fora. Vai ser coisa rápida.

TH: Tranquilo.

Digão: Gerência vai tá na mão do Claudinho enquanto eu tiver fora, avisa ele.

(...)

Paro o carro na esquina da casa da pretinha olhando rápido o meu celular, vendo a confirmação do cara que vai me encontrar lá perto do hotel que vou levar a Luara.

Levanto o olhar na direção da casa dela e consigo ver a luz acesa pela janela do quarto que ela não usa. Não preciso nem somar dois mais dois quando uma mulher mais velha aparece abrindo um armário.

É a porra de uma versão mais velha da Luara.

Bizarro pra caralho o quanto elas são parecidas. Só que a minha pretinha tem um bagulho que diferencia ela em qualquer lugar, é só dela. Tá no jeito de olhar e de agir, é fora do comum.

Me mantenho relaxado no banco do carro quando a mulher olha pela janela, notando o meu carro parado na esquina. Por causa do insulfilm, tô ligado que ela não me vê aqui, mas o carro chama atenção.

E só a curiosidade dela já ligou um sinal de alerta na minha cabeça. Não sei se tem um terço da disposição que a Lua tem, mas também não esconde a rataria e a vivência. Só que eu sou mais vivido, mesmo sendo mais novo, isso daí eu tenho certeza.

Desvio o olhar da coroa quando a minha preta sai pela porta de casa. Ela sorri pro segurança que coloquei na porta dela, recebendo um cumprimento de cabeça, e vem andando até a porta do carro, usando um vestido longo florido e uma sandália baixa.

Ela é linda pra caralho.

Luara: Que foi? — franze a testa, depois de abrir a porta e sentar no banco do passageiro.

Digão: Tô te olhando só — coloco um cachinho no atrás da orelha dela e me inclino pra beijar a boquinha gostosa cheia de gloss.

Vejo ela colocar a bolsa no chão do carro e me arrepia, passando a unha pela minha barba, sorrindo.

Luara: Vai me levar pra onde? — ouço ela dizer quando saio com o carro, prestando atenção na minha segurança indo na minha frente.

Digão: Surpresa — coloco a mão na coxa dela e aperto, sentindo ela suspirar — Trouxe o biquíni que eu mandei?

Luara: Mandou? — fez um biquinho — Você não manda em nada.

A carinha de marrenta me fez rir e eu apertei ainda mais a perna dela, enquanto dirigia.

Digão: Mando não? — perguntei, olhando rápido pra ela — Não trouxe então?

Luara: Trouxe porque eu quis.

Me concentro no caminho até o hotel depois que saímos da favela. Luara foi mexendo no celular, olhando o fotos no instagram e eu aproveitei pra prestar atenção na pista. Por mais relaxado que eu fique do lado dela, não posso dar mole e colocar a gente em risco.

Entrego a chave do carro na mão do manobrista e seguro a mão dela, que olha feliz pra visão foda pra caralho da praia da barra.

Olho o relógio no meu pulso marcando quatro horas da tarde.

Luara: Dia tá lindão — aperta a minha mão e sorri.

Digão: Papo reto. Chegamos cedo, vai dar tempo de tu tomar um solzinho se tu quiser enquanto eu vou ter que sair pra resolver um bagulho.

Luara: Vai me deixar sozinha? — me olha, na dúvida.

Digão: Vou encontrar com um cara aqui perto, vai ser jogo rápido e depois volto pra você — beijei o queixinho dela e a conduzi até o quarto que consegui pra gente.

Meto a mão na carteira e tiro o cartão que o funcionário do hotel levou pra mim lá na favela hoje de manhã. Abro a porta e deixo a Luara entrar na frente.

Luara: Caraca...

Digão: Maneiro pra caralho, né? — olho em volta.

O quarto é grande, tudo novo, o sol entra pelas portas de vidro e a varanda é putaria. A piscina de fundo azul complementa com a visão do mar.

Luara: Quero morar aqui — parou de admirar o lugar e virou de frente pra mim, apoiando o braço no meu pescoço.

Digão: Tem certeza? Eu te tranco aqui nessa porra e já era — passo a mão na bunda redondo por cima do vestido — Vagabundo nenhum vai nem te olhar mais.

Luara: Só não topo essa ideia pra não perder a guerra pra minha tia — ri.

Digão: Caralho, pretinha, tu é foda — solto uma risada, cheirando o pescoço dela — Cheirosa. Vou ter que ir lá encontrar com o cara, Picolé vai tá do lado de fora, só tem um apartamento desse lado aqui. Qualquer coisa tu chama ele, valeu?

Luara: Valeu — concordou comigo.

Digão: Quando eu voltar quero ver a marquinha estalando nessa bunda gostosa.

Ligações de Alma [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora