Capítulo 45 — Digão
O lugar que marquei com o cara é bar de um outro hotel, por isso, afundo o boné na cabeça, tomando cuidado com qualquer câmera de segurança, mesmo sabendo que não deve ter nenhuma. Avisto ele sentado de frente pro balcão, no canto, tomando um chopp e ando até lá.
Ele levanta o rosto, me encarando, sem conseguir esconder a surpresa quando chego perto.
Digão: Achou que eu não ia brotar? — sentei de frente e olhei nos olhos dele.
Eu sabia desde o começo que ele tinha aceitado vir me encontrar porque achou que eu não vinha. E só fiz questão de vir aqui, cara a cara, pra botar ponto final nessa história porque ele é filho de parceiro meu.
Tauã: Não duvido da tua disposição — desviou o olho de mim pro atendente do bar — Quer beber o que?
Digão: Tô tranquilo. Tenho compromisso depois daqui — fiz sinal pra liberar o barman e voltei a olhar pro cara na minha frente.
Nunca que eu vou ficar aqui resenhando com esse fudido enquanto a minha preta tá toda gostosinha de biquíni me esperando.
Tauã: Os caras tão puto contigo, Digão. O moleque ficou internado tempo pra caralho, pegou uma bactéria lá, quase perdeu a perna por causa do tiro que tu meteu nele — bebeu um gole do chopp.
Digão: Era só ele não ter tentando me tirar de otário — dei de ombros — Se tivesse morto não ia fazer diferença nenhuma na minha vida.
Tauã: Mas tu era a porta de entrada pra facção, é nisso que eles se preocupa. Geral já sabe do problema que ele teve contigo.
Digão: E eu tô pouco me fudendo pra isso. Falharam na minha mão e ia falar na mão mais de quem? — chego mais perto dele — Vocês tão achando que essa porra é Disney, caralho? Tem que dar graças a Deus que eu dei outra oportunidade pro moleque viver. Se fosse qualquer outro, o tiro ia ser na testa.
Tauã: Foi o primeiro vacilo, pô. Rael não ia botar a mão na carga pra te sacanear — tenta me convencer, mas eu não sou otário — Tu botou desconfiança no moleque atoa.
Digão: Atoa é o caralho — apontei o dedo pra cara dele, já ficando puto — Quer me botar como errado, mas errado são vocês. Vocês foram atrás de mim pedindo um voto de confiança pra fazer o serviço, eu dei a porra do voto de confiança por te conhecer, aí meus soldados chegam no local e aquele filho da puta lá fala que não vai entregar? Eu não sou otario, tu já tá cansado de saber disso.
Tauã: Qual foi, Digão? Tu tá com um alvo na testa, de todo errado o moleque não tá.
Digão: Eu tô com alvo na testa desde que eu assumi aquele morro. Eu, teu pai, Coreano, Jogador, Princesa... Tá geral com alvo na testa e vocês sabiam dessa porra muito bem quando foram me procurar. Se eu não apareço lá, quando que eu ia ter a minha carga? Num fode, porra. Eu tenho vinte anos de corre, vocês tão saindo das fraldas ainda.
Tauã: Com todo respeito, Digão... — Tenta falar mas eu corto.
Digão: Namoral, Tauã. Tu só não toma um tiro aqui e agora também em respeito ao Itaúna que é um cara sujeito homem e não merece essa porra.
Tauã: Meu pai tem nada a ver com isso.
Digão: Tô ligado que não tem, se tivesse não tava essa bagunça do caralho. Eu gosto das minhas coisas organizada, não cobro nada de ninguém! É só não combinar comigo — boto a mão no ombro no ombro dele pra me olhar — Vou te dar um conselho e se fosse tu, eu ouvia, porque eu já me fodi muito entrando na onda de parceiro meu. Tu vai perder a tua entrada na facção e moral que teu pai te deu por causa de parceiro teu que não tem disposição. Quer entrar nessa vida? Então faz os bagulhos direito, porque nem ser filho de quem tu é, vai te livrar de ser cobrado. Se fosse outro e não eu, nem ia perder tempo com aquele pela saco do Rael, ia direto em tu que é a raiz do problema.
Tauã: A minha parte do serviço eu fiz — cruzou os braços e me olhou, enquanto eu levantava.
Digão: Mas se o serviço todo não foi bem feito, o problema ainda é seu.
Dei um tapinha nas costas dele e meti o pé daquele bar de riquinho. Pode ser que ele não me ouça, mas no mínimo pensar ele vai pensar.
(...)
Tiro o cartão da porta e giro a maçaneta vendo a luz dourada do fim da tarde invadindo o quarto. Tranco a fecho da porta e caminho até a varanda, tirando o boné e a camisa.
Eu me sinto um filho da puta sortudo pra caralho com a imagem da Luara debruçada na borda da piscina olhando o pôr do sol. A pele morena molhada e brilhante faz a porra do meu coração dar uma leve acelerada.
Eu tô muito fudido com essa novinha.
Ela vira o rosto pra me olhar por cima do ombro quando ouve os meus passos chegando mais perto dela e sorri.
Nenhum de nós dois fala nada enquanto eu termino de tirar a minha roupa, deixando a arma e a carteira em cima da mesa da varanda, ficando só de cueca.
Entro na piscina, focado na bunda gigante engolindo o fio da calcinha do biquíni quase toda de fora da piscina enquanto ela se apoia na borda.
Seguro o rosto dela, encostando o corpão em mim, e colando nossas bocas num beijo gostoso. Mordo de levinho o lábio inferior dela, sentindo uma paz fora do comum me atingir.
Digão: Fala pra mim de quem é essa bunda — digo dando espaço pra olhar de novo.
Luara: É sua — responde baixinho, me olhando por cima do ombro e mordendo o cantinho do lábio inferior.
Digão: Não faz essa carinha de safada que eu fico maluco — passo a mão no pescoço dela e beijo seu ombro — Você é linda demais, essa sua bunda é de outro mundo.
Luara: Já resolveu tudo que tinha pra fazer na rua? — joga o corpo pra mais perto do meu e eu concordo com a cabeça — Não vai sair mais? — pergunta toda manhosa me olhando.
Esse jeito da Lua de ser explosiva e carinhosa na medida certa me quebra. Ela tem várias versões e sempre escolhe bem o que ser na hora certa.
Digão: Não, amor — cheirei o pescoço dela, sentindo o perfume doce e ela encolheu.
Luara: Chamar de amor é golpe baixo... — encostou a cabeça no meu ombro, fechando os olhos — Tô tentando não me emocionar, preto.
Passo a mão na cintura e barriga dela, sentindo o piercing no um umbigo e a pele molhada, e olho rápido pro céu, que fica mais bonito a cada minuto que passa.
Digão: Para de tentar... — falo baixo no ouvido dela e olhando os pelinhos do pescoço se arrepiando.
Luara: É complicado pra mim — vejo seu peito subir e descer por causa da respiração mais funda.
Digão: Pra mim também, pretinha, mas tem um bagulho que me chama pra você e eu não consigo controlar — sou sincero — Não quero ter que ficar fingindo que não sinto nada.
Luara: Eu sou difícil de lidar.
Digão: Eu também sou, não sou? — dou três beijinho no maxilar dela.
Luara: Muito... Você é um convencido — sorri, ainda de olhos fechados.
Digão: E você me quer mesmo assim...
Luara: Quero — abre os olhos e me olha, por um instante, me deixando reparar no olho mais claro por causa dos poucos raios de sol que ainda tem no seu — É que essa ligação que a gente tem... Eu não sei explicar, mas eu quero sentir isso. Ninguém nunca me desvendou só me olhando nos olhos igual você faz.
Digão: Não dá pra explicar — aperto o quadril dela, embaixo da água.
Luara: Não...
Viro o corpo dela de frente pra mim, prendendo ela entre a borda da piscina e eu.
Digão: Eu quero você, pretinha — apoio as mãos o mármore da borda e olhei pro lado — Não quero você na mão de mais ninguém, tu já sabe disso. Não é segredo. Quero ser seu também, quero te dar uma vida.
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Ligações de Alma [M]
Fiksi PenggemarLigações de alma, eu falo seu idioma Traduzo suas emoções, entendo sua confusão. Luara e Digão