Capítulo 34

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Capítulo 34 — Luara

Cinco dias é o meu novo recorde de tempo conseguindo ignorar o Rodrigo.

Desde que eu saí da sala dele na segunda-feira, não dei mais bola e hoje já é sábado de novo. Ele mandou comida pra minha casa e passou de moto na frente da padaria todo dia, mas não fui atrás.

Posso tá sendo infantil, não tô nem aí... Não quero ter mais problema na minha vida não. Já não basta os olhares que eu recebo desse povo fofoqueiro que vasculhou minha vida e acham que sabem tudo sobre mim.

João Pedro: Luara... Isso vai dar problema — fala no meu ouvido quando chegamos no baile, incrivelmente lotado.

Eu pensei que eu era a única doente que tava vindo pra baile depois do que aconteceu semana passada, mas parece que ninguém nem lembrou.

Luara: Eu quero saber é que senso de respeito é esse que tu criou pelo Digão do nada — ando até a barraquinha pra comprar uma caipirinha.

João Pedro: Não é senso de respeito, sua rapariga! É que você também já tá brincando com o perigo, passou a semana toda ignorando o macho, não acha que vir aqui é muita afronta não?

Luara: Meu Deus, que bicha medrosa... Oi — falo com a tia da barraca — Me vê uma de 500, por favor —- ela concorda, preparando, e eu volto a falar com o João — Tu acha que ele vai fazer o que comigo?

João Pedro: Com você nada, mas comigo que não dou pra ele e to sendo cúmplice, eu já não sei...

Luara: Ele não vai fazer nada, João Pedro — tiro o dinheiro de dentro da capinha do meu celular e entrego pro menino que tava ajudando a tia, mas ele nega aceitar.

Xxx: Tá certo já.

Luara: Como assim? — franzo a testa, tentando entender.

Xxx: Ordem de cima, não é pra receber pagamento seu — a moça diz e me entrega o copo.

Esse filho da puta sabe como me atingir.

Luara: Não posso aceitar então...

Xxx: Pra mim não vai fazer diferença, dona, com todo respeito... Mas acho que você deveria aceitar, se não beber, vai tá pago do mesmo jeito.

Luara: Me vê mais uma então e pode botar na conta de quem pagou essa — falo, entregando o copo pro João.

João Pedro: Cara, tu tá numa afronta... Você não tem medo do perigo e ainda me leva junto

Luara: Duas caipirinhas não fazem nem cócegas no bolso desse homem — me forço ao máximo a não olhar pra parte do reservado — Ele sabe que eu sou orgulhosa, por isso tá fazendo isso, e não vai dar em nada, porque eu vou beber todas na conta dele. Uma em cada barraca desse lugar!

João Pedro: Vamo ali pro cantinho então, ficar quietinhos na nossa...

Luara: À essa altura ele já sabe que eu tô aqui, tenho certeza — pego a outra caipirinha e sorrio pra tia — Obrigada.

João Pedro: Tu não tem nada melhor pra fazer do que ficar testando juízo de traficante?

Luara: Tô precisando descontar todo o ódio que eu acumulei essa semana ouvindo piadinha sobre ser marmita de traficante.

João Pedro: Meu pai do céu —- nega com a cabeça e toma um gole longo da caipirinha.

Só dá tempo de eu repetir o mesmo movimento do meu amigo quando eu sinto alguém cutucar o meu ombro, olho pra trás e vejo o Picolé.

Luara: Pronto, chegou a minha babá — reviro os olhos.

Picolé: Ele mandou você olhar o celular — segura o fuzil na frente do corpo e mais dois meninos param atrás dele, eu penso por alguns segundos antes de abrir a bolsinha — Namoral, Luara, tu vai arrumar problema pra mim...

Ligações de Alma [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora