Capítulo 23

11.5K 949 61
                                    

Capítulo 23 — Digão

Da mesma forma que aquele dia eu vi o Ney chegando nela, mas ela não me viu, hoje, a gente também consegue ver o movimento do baile, mas eles não conseguem ver quem tá aqui comigo.

Luara é totalmente fora da curva, já disse essa porra várias vezes. Não consigo tirar o olho dela um segundo desde que ela chegou aqui de vestidinho e sandália rosa, não tem pra nenhuma outra mulher... Pode ter 20, 30 anos, cara de experiente... Mas todas tão perdendo pra novinha de 18 que, eu não sei como, consegue equilibrar vergonha e segurança de um jeito único.

O corpo dela tá parado na minha frente e meu braço abraçando seu pescoço. Nós dois tamo curtindo da forma mais gostosinha que tem, bebendo e conversando, sem precisar tá aparecendo pra ninguém botar inveja no que a gente tem.

Checo a segurança do baile mais uma vez, vendo em cada canto um segurança meu, prontos pra resolver qualquer k.o porque hoje eu só quero pensar nela.

O DJ troca a música e a Luara começa a rebolar de levinho no ritmo do funk, roçando aquela bunda absurda no meu pau.

Digão: Assim tu vai matar vagabundo, pretinha — aperto mais o pescoço dela pra falar com a boca próxima ao ouvido dela.

Ela sorri, toda linda, e mesmo com o meu alerta, não para de dançar. Vai me deixar maluco, é isso.

Luara: Pensei que tu era mais forte que isso — sorri e olha pra mim, por cima do ombro.

Digão: Não vou ficar te mandando o papo que tu tá mexendo com fogo, vou deixar tu se queimar — fecho a minha mão no pescoço dela, prendendo nossos olhares um no outro.

Luara: Tô pagando pra ver — morde o lábio inferior rosinha e levanta uma sobrancelha.

De um jeito maluco, eu gosto da forma como ela me desafia.

Digão: Eu vou querer ver você manter essa marra depois e continuar com papinho de que é superestimado — cheiro o pescoço dela, logo atrás da orelha.

Luara: Até agora tu não fez nada pra mudar minha opinião — faz uma carinha debochada e eu rio.

A filha da puta tá me testando, mas uma porra que eu tenho é controle. Ela quer que eu perca a cabeça pra provar pra ela que é bom, só que o que ela não sabe é que eu não preciso disso.

E se eu perder o controle, aí é que vai dar ruim.

Digão: Não fiz nada, né? — pergunto e ela nega com a cabeça, segurando o sorriso.

Sem soltar o aperto no pescoço dela, passo a ponta do meu nariz pelo início da sua clavícula e subo, respirando fundo perto da orelha dela.

Sorrio quando os pelinhos do pescoço dela se arrepiam com o meu toque.

Digão: Se sem fazer nada, eu te deixo arrepiada assim, quero que tu imagine quando eu me esforçar — digo baixo.

Viro ela de frente pra mim, que me olha de baixo pra cima, fazendo minha mente voar no que eu quero fazer com ela mais tarde.

Seguro o queixo dela, trazendo a boca linda brilhando pra mim. Afundo a minha língua na dela e sinto o gosto do whiskey misturado com morango, ofego com o sabor gostoso.

A minha outra mão, mesmo segurando o copo, apoia na bunda dela e eu brinco com a língua dela.

Ela arranha minha nuca, também me deixando arrepiado, enquanto sinto o beijo suave que ela se concentra em me dar.

Digão: Gostosa — digo, quando ela se afasta e volta a apoiar as costas no meu peito.

Tomo um gole do Whiskey e faço um carinho na cintura dela, olhando o baile.

Franzo a testa quando vejo uma movimentação estranha dos meus seguranças. Tiro a arma de trás da cintura e olho pra Luara, que continua dançando sem perceber nada.

Digão: Preta, olha pra cá — puxo o braço dela e destravo a arma, vendo as balas no pente — Entra no banheiro e só sai de lá quando eu ou Picolé for te pegar.

Luara: Que que tá acontecendo? — vejo o desespero passar pelos olhos dela, que franze a testa tentando me entender.

Digão: Não é nada, linda — beijo o cantinho da boca dela — Confia em mim e faz o que eu tô te pedindo.

Pra minha maior surpresa, ela concorda com a cabeça e me obedece. Espero ela entrar no banheiro e ando na direção da entrada do camarote, enquanto o Picolé vem correndo na minha direção.

Digão: Qual o papo? — pergunto, ainda segurando a arma.

Picolé: É polícia, patrão — engole em seco — Os cara tão imbicando aqui pra dentro.

Digão: Tão onde?

Picolé: Preparando pra subir ainda.

Digão: Evacua o baile e reforça a contenção na barreira, de resto é só fazer o combinado, sem cabeça quente, na calma — pego o fuzil da mão dele e passo a bandoleira pelo pescoço, guardando a Glock na cintura — Tão de blindado?

Picolé: Dois blindado, patrão.

Pego o radinho na cintura e aperto o botão pra dá o papo pros meus funcionários.

Digão no rádio: Coé, rapaziada. Atividade, acabou baile, desliga a porra do som e eu quero todo mundo em casa, toque de recolher nessa porra. E esses fudidos não vão subir, não vai subir ninguém. Pode mandar blindado, nosso bonde é mais pesado.

Não me alongo muito porque toda a conduta já tá na cabeça deles bem memorizada. Quando nós planeja um baile, a gente pensa em cada mínima chance de dar merda. Não é a primeira vez que esses caras tenta subir em dia de baile e nem vai ser a última vez.

Segundos depois de eu passar a visão pelo rádio, o barulho de fogos no céu substituiu a música. Meus funcionários começaram a evacuar a área, numa correria do caralho.

Digão: Vai tomar no cu, meu baile tava numa paz — xingo, quando Picolé reaparece com um colete pra mim e eu visto — Preciso tirar a Luara daqui.

Picolé: Segunda invasão e ela nem é sua fiel ainda, patrão — ele ri e me fez rir também — Daqui a pouco ela acostuma igual nós.

Esse moleque gasta muito a onda

Digão: Papo reto, ela tá mais vivida dessa porra que muito vagabundo — nego com a cabeça — Traz uma moto, quero minha segurança reforçada, vou levar ela pra minha casa.

Picolé: Tijolo já tá na espera de vocês — concordo e ando, com o fuzil na frente do corpo, até o banheiro.

Bato na porta e forço a maçaneta trancada.

Digão: Sou eu, preta, pode abrir — forço de novo e ela destranca.

Luara: Que susto do caralho, puta que pariu — leva a mão no coração e respira fundo.

Digão: Vem que eu vou te levar pra minha casa — seguro a mão dela, entrelaçando os nossos dedos — Tamo podendo ficar de bobeira não.

Ligações de Alma [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora