Capítulo 66

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Capitulo 66 - Luara

Kemilly: Controla a sua respiração — ouço a voz um pouco atrás de mim.

Sinto as minhas mãos suarem levemente, mas seguro a arma com firmeza. Mantenho a postura e respiro fundo.

Kemilly: Melhor uma bala certeira do que descarregar o pente — complementa — Vai, agora.

Me concentro na garrafa a uma distância de uns 100 metros, prendo a respiração e aperto o gatilho. O tranco empurra meus braços um pouco pra trás, mas busco firmeza nas minhas pernas no chão e me mantenho no lugar.

A bala atravessa a garrafa, estilhaçando o vidro.

Solto o ar preso nos meus pulmões. Eu consegui, depois de muitas tentativas, consegui. Com uma adrenalina boa correndo nas minhas veias, gerando uma sensação de liberdade...

Na verdade, sensação de poder.

Kemilly: Boa — me elogia e eu abaixo a arma — Viu, Chocolate? — grita pro homem parado perto da mesa cheia de arma e ele levanta o polegar, sorrindo.

Luara: Caralho... Eu acertei.

Kemilly: Mandou bem — reforça o elogio , mas sempre com uma secura na voz.

Acho que essa garota não vai muito com a minha cara não.

Kemilly: Geralmente a Princesa ensina os detalhes de cada arma, como limpar, montar e desmontar, mas a gente não tem tempo — ela para na minha frente — Tu já sabe mais ou menos a anatomia do bagulho. O que tu precisa saber de importante é que uma Glock 9mm igual essa aí que tu tá segurando tem 15 tiros. Algumas de pente estendido chega a 30 tiros. Você sempre tem que ter em mente quantas balas você tem. Isso é questão de vida ou morte, entendeu?

Luara: Entendi.

Olho em volta, estamos em um campo de futebol, mas sei que, pela estrutura, eles usam mais pra treinamento.

Kemilly: Trava a Glock — ela manda e eu obedeço, meio puta já com esse tom que ela usa comigo, mas não digo nada porque tô focada em resolver

Luara: Assim? — faço o movimento e ela concorda.

Kemilly: Agora tu vai pegar num fuzil — pega a glock da minha mão e tira o fuzil da bandoleira, me entregando.

Luara: Puta que pariu, pesado — seguro meio sem jeito.

Kemilly: Vai acostumar, é mais pra tu ter uma noção. Acho que tu não vai precisar de um desse tão cedo, vou falar com a Princesa pra tu ter mais umas aulas. — me ajuda a endireita a postura — Essa aí é uma AK, vamo ver como tu vai com ela.

Ela me passa orientações sobre a mira e apostura, porque o coice dessa é muito maior. Ficamos mais ou menos uma hora treinando com essa arma. Ela dá uns tiros pra me mostrar e eu tento também.

Ainda não tô boa o suficiente, mas não me desisto. Volto a segurar a Glock e miro nas garrafas enquanto Kemilly me observa, quieta, me deixando incomodada.

Luara: Por que você me olha com essa cara, garota? — travo a arma e coloco em cima do tanque, olhando pra ela.

Kemilly: Tô decidindo se gosto de você ou não...

Luara: Com todo respeito, não preciso que você goste de mim não — vejo a cara de debochada.

Só não vou pra cima porque sei que essa mina tem condição de me arregaçar.

Kemilly: To ligada — sorri, aumentando meu ódio — É só que eu tô acostumada a ter pé atrás com todo mundo. Pega de lição pra vida, não dá pra confiar em geral.

Ligações de Alma [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora