Capítulo 38 — Luara
Sinto as mãos dele passando pela minhas costas enquanto meu corpo tá por cima, ainda deitados no sofá.
Ninguém teve coragem de levantar, Rodrigo só colocou a cueca e eu a calcinha... Se ele não teve coragem de fazer mais do que isso, muito menos eu tive, com a bunda e a coxa doloridas.
"Essa é a última vez que te aviso, Luara. Essa buceta é minha. Não espera uma tragédia acontecer pra entender essa porra."
Toda hora vem na minha cabeça ele dizendo isso enquanto me enforcava. Eu ainda tava fora de mim por causa do orgasmo, mas lembro exatamente dessas palavras e da sensação que ele me causou.
Fico fraca.
Digão: Tranquilo? — alisa minha bunda e estica o pescoço pra me olhar.
Alguns raios de sol passam pela janela e atingem o rosto dele, deixando o olho escuro quase num tom de mel. Ele é gostoso pra caralho, sim, mas é lindo também. E essas duas coisas juntas me fazem pirar nele.
Luara: Se eu conseguir sentar nos próximos dias, vai ser lucro — digo, sentindo uma leve ardência na minha buceta e ele ri.
Digão: Não reclama, que tu sabe que foi você mesma que pediu essa porra — ri e me puxa mais pra cima, mantendo o carinho em mim.
Luara: Você não pode levar em consideração o que eu digo quando tô com tesão — me aninho no peito musculoso dele.
Digão: Tu me deixa cego, isso sim... Levei em consideração só as raivas que tu me fez passar essa semana.
Luara: Eu?
Digão: Sonsinha... Me deixou no escuro a semana inteira— aperta minha bunda e eu choramingo.
Luara: Tava com raiva de você.
Digão: Tem motivo pra isso? — tira um cachinho da frente do meu rosto e me olha.
Luara: Você é um cachorro — resmungo e apoio do queixo no peito dele.
Digão: Sou porra nenhuma — segura a risada me olhando.
Luara: Tu comeu essa favela toda! — belisco a costela dele, irritada já.
Eu mudo de sentimento quando to perto dele numa velocidade assustadora.
Digão: Pera aí, cara — ri e segura minha mão — Tu tá na neurose por um bagulho que eu fiz antes de te conhecer.
Luara: Tô nem aí pro que você fez antes — dou de ombros — o problema é me colocar nessa mesma listinha aí, junto com essas ratazanas de esgoto.
Digão: E teu preto pode fazer o que pra melhorar isso? — me olha, todo gostoso.
Luara: Nada.
Digão: Então não fica puta, pretinha — passa a mão no meu cabelo.
Luara: Já tô puta — tento fazer cara de paisagem e ele solta uma risada gostosa.
Não é como se eu escolhesse sentir isso. Eu sempre soube que ele devia ter tido muita mulher na vida, é gostoso, tem dinheiro e poder... Isso chama, mas me irrita muito a perturbação que isso significa na minha vida.
Luara: Para de rir de mim — sento na barriga dele, tentando não rir também. Porque tô amando esse jeito relaxado dele.
Digão: Não se mexe muito não, se tu for um pouquinho mais pra trás vai dar ruim. Já tá me deixando maluco com esse peito na minha cara, se tu continuar se esfregando em mim, não vai ter conversa — segura minha cintura com as duas mãos firmes. Eu pego a camisa dele no braço do sofá e visto, antes dele voltar pro assunto — Não tô rindo de você não, tô rindo é de mim que arrumei uma novinha encrenqueira pra complicar ainda mais a minha vida.
Luara: Tu fala à beça de eu ser novinha mas no fundo você gosta.
Digão: Eu gosto, po. Gosto da tua forma de ser mulher pra caralho, mesmo com pouca idade. Gosto da sua coragem e eu sei que isso é pela tua idade também. Mas tem muita coisa que eu preciso me acostumar ainda, tenho que entender que eu sou mais vivido mesmo, já tô casca grossa e você tem muito caminho pra andar ainda, não posso te privar disso, tá ligado? Só tu pensar que eu tinha quinze quando tu nasceu, já tava no movimento, ...
Luara: Tu era o que essa época? — pergunto, curiosa.
Digão: Já era vapor — me olha nos olhos, como sempre.
Luara: De repente tu conheceu meu pai... Eu não sei quem ele é.
Digão: Tua mãe nunca te falou?
Luara: Sempre mudava de assunto, mas me disse que ele era envolvido. Você lembra da minha mãe nessa época?
Digão: Sabia quem era... Sua família era famosinha aqui — faz um carinho na minha cintura.
Luara: Tu conheceu alguém que se envolveu com ela?
Digão: Não sei se era teu pai, mas eu lembro de um parceiro se envolver com a tua mãe... Ela tinha uns dezoito quando te teve?
Luara: vinte.
Minha mãe estaria com 38 anos se tivesse viva, ela morreu muito nova, isso é que me deixa mais angustiada.
Digão: O parceiro que ela se envolveu, devia ter uns vinte e cinco... Era vapor também, porque entrou no movimento mais tarde, mas era uns dez anos mais velho que eu.
Luara: Tá morto? — pergunto mesmo já sabendo a resposta.
Digão: Tá.
Luara: Ela me disse, mas eu não sabia se era verdade.
Ele me olha por alguns segundos, quieto e me puxa de volta pro peito dele.
Digão: Eu tô ligado no que a Gabrielly te falou, Luara — meu coração erra o compasso e as batidas ficam dessincronizadas — Tu não vai mais ter esse tipo de k.o. Nessa favela aqui ela não pisa nem tão cedo e a coça que ela tomou já recado o suficiente pras outras.
Luara: Tô tranquila, preto. Não me magoa o que ela falou, porque eu vi a minha mãe lutar pra caralho contra um câncer porque queria ficar comigo — engulo em seco enquanto ele me estuda — Eu sei que se ela tivesse escolha, ela estaria aqui. E não vai ser nenhuma piranha que vai me fazer pensar contra isso, por isso não choro. Tive a melhor durante o tempo que Deus permitiu... Só não vou aceitar que tentem desonrar quem ela foi pra mim...
Digão: Você tá certa, não deixa ninguém manchar essa imagem nunca... Fico puto por você ter vivido isso, pretinha — passa a mão no meu rosto — Se não quiser falar, tá tranquilo.
Luara: É uma merda? Sim. Mas é a minha história, não tenho como fugir disso...
Digão: Eu tô ligado como é
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Ligações de Alma [M]
FanfictionLigações de alma, eu falo seu idioma Traduzo suas emoções, entendo sua confusão. Luara e Digão