As Crônicas de Scott: A Guerra / Vol. 2

Capítulo 18: Dragão da terra.

O homem me levou até uma sala no segundo andar, longe dos olhos de todas aqueles visitantes, mesmo que eu tivesse certeza que todos estavam bêbados demais para prestar atenção em mim, além das fadas do sexo. Quando ele abriu a porta, a mulher sentada do outro lado da extensa mesa de madeira já parecia estar esperando por mim, porque não ficou me um pouco surpresa.

—Eu devo estar com muita sorte pra receber uma visita tão ilustre como essa. —A mulher abriu um sorriso largo e confiante. A pele negra parecendo quase brilhante, enquanto os cabelos negros estavam presos em um penteado que formava uma coroa sobre sua cabeça.

—Você é Aisha de Castro? —Questionei, me aproximando da mesa, enquanto a via acenar com a cabeça para o homem, que saiu da sala e fechou a porta, nos deixando sozinhas.

—Eu mesma, de carne e osso. —O sorriso dela se tornou menor. Quase curioso, enquanto ela gesticulava para que eu me sentasse. —E você é a famosa Zaia Scott, de quem todos estão falando. A arcadiana do dragão.

—As pessoas tem muitas coisas pra falar sobre mim, mas nenhuma delas normalmente está certa. —Retruquei, tentando controlar a ansiedade que me devorava por dentro. Nunca tinha ido tão longe sem algum amigo. Sem Percy ou Margo para me ajudar a lidar com os falesianos. Sem Sky. —Estou aqui a procura de uma pessoa, Aisha. Recebi uma informação de confiança de que você pode me ajudar a encontrá-la.

—Uma guerreira do Chalé Azul, eu imagino. —Aisha tamborilou os dedos na mesa, com o sorriso desaparecendo com a simples menção daquele assunto. Toda a simpatia indo embora do rosto. —Ágatha esteve por aqui, se é o que quer saber. Mas ela foi embora depois da notícia do último ataque a Cidade do Lago chegar aqui.

—Você sabe pra onde ela foi? —Questionei, vendo-a torcer os lábios e erguer as mãos para ajeitar os cabelos, mesmo que eles estivessem perfeitamente intactos.

—Toda informação tem um preço. —Aisha me lançou um sorriso doce, enquanto eu me segurava para não revirar os olhos. —Até mesmo para guerreiros nível um.

—O que você quer? —Indaguei, sem conseguir esconder o tom de voz afiado, porque aquele tipo de coisa sempre me irritou. Venda de informações. Ninguém por ali estava disposto a ajudar de graça. Tudo era sempre uma troca de favores.

—Quero que me conte como conseguiu aquele dragão. —Afirmou, com um dos cantos do lábio se repuxando em algo perigoso. —Quero que me diga quais táticas usou para ele obedecê-la.

—Eu não fiz nada. Você é falesiana, sabe como a ligação de um dragão com o cavaleiro funciona. —Falei, ficando rígida na cadeira, porque não tinha gostado do rumo daquela conversa. —E não é ele. Misty é uma fêmea.

—Você não tem o nosso sangue. Um dragão não ia simplesmente reverenciar você. A maioria por aqui acredita que você descobriu uma forma de fazer um dragão seguir as ordens, sem precisar sem um elemental. —Ela apontou com a cabeça para o meu braço. Um movimento frio e desconfiado. —Você não tem poderes. Não tem marca nenhuma. Quero saber o que fez. Quero que me ensine.

—Eu sou neta de Adam Carter, o último elemental da água que viveu nesta terra. —Afirmei, me inclinando pra frente, enquanto erguia o queixo para enfrentá-la. —Misty me escolheu porque está no meu sangue. Ganhei o respeito dela porque mereci ele. Pra onde ela foi?

—Sendo assim, não tenho nenhuma informação pra você. —Sibilou, erguendo a mão e gesticulando que eu saísse da sala, como se eu não fosse mais tão interessante pra ela. Meu sangue ferveu, enquanto eu empurrava a cadeira de forma brusca, fazendo-a ranger no chão.