Capítulo 27: Gruta dos Sonhos.

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—Você vai mesmo fazer isso? —Ayla questionou, assim que Misty pousou na floresta, em frente a outra caverna. Era perto da Floresta Noturna, então não demoramos nada pra chegar ali, apesar de eu ter desejado mais tempo pra pensar naquilo.

—Pode ser uma armadilha. —Erick afirmou, deslizando das costas de Misty para o chão, observando a entrada da caverna, que revelava algumas tochas. —Não deveríamos confiar em Raven.

—Isaac disse que ele só queria conversar. —Falei, mesmo que aquilo não fosse motivo o suficiente para acreditar em Raven. Não confiava nele.

—Está se baseando na palavra de um lusion. —Kylian retrucou, parando atrás do irmão depois de descer de Misty. —Ele é uma criatura perigosa e trapaceira.

—Esse lusion em questão me ajudou quando eu estava na Floresta Noturna. —Me virei para encara-los, me sentindo um tanto frustrada. —Então sim, estou me baseando na palavra dele. Devo minha vida a ele.

—Se isso for uma armadilha e você acabar sendo capturada ou morta, nossas cabeças vão decorar a cabana de Sky quando ele descobrir. —Erick afirmou, me fazendo comprimir os lábios quando pensei no quão furioso Sky ficaria se soubesse sobre aquilo.

Mas era necessário. Eu não estava confiando em Raven. Estava confiando em Isaac. Acho que se ele quisesse me ver morta, teria feito alguma coisa quando eu estava naquela floresta. Eu precisava me agarrar alguma coisa naquele momento, ou ia acabar enlouquecendo.

—Me esperem aqui, por favor. —Falei, antes de me virar na direção da caverna e começar a caminhar na direção da entrada dela.

Havia uma pequena escadaria esculpida nas pedras, dando para o interior rochoso. Isaac tinha dito que chamavam aquele lugar de Gruta dos Sonhos, mesmo que não tivesse me explicado o motivo daquele nome. O pequeno corredor da caverna estava iluminado por várias tochas, antes de acabar em uma enorme gruta. O teto rochoso era cheio de entradas, revelando a claridade da lua, que iluminava uma lago cristalino, com uma pequena ilha no centro, ocupada por uma árvore solitária.

Parei de andar quando o vi, sentado nas pedras ao redor do lago. O rosto voltado para o chão, com a expressão perdida. O corpo parecia mais magro do que da última vez que o vi. Além do seu rosto conter marcas profundas de quem não dormia há muito tempo.

—Por um momento achei que você não viria. —Raven afirmou, erguendo a cabeça e olhando pra mim. O cansaço marcando cada traço do seu rosto, como se tudo aquilo estivesse cobrando um preço alto dele.

—Eu provavelmente não deveria ter vindo. —Falei, parando de andar a uma distância segura dele, olhando ao redor da gruta para tentar ver qualquer coisa que pudesse acusar que aquilo era uma armadilha. —Você não se ajudou muito nos últimos tempos.

—Lamento por tudo que aconteceu, Zaia. —Raven umedeceu os lábios com a língua, antes de balançar a cabeça. —Pode não acreditar, mas eu sinto muito e peço desculpas por tudo que te causei.

—Não tente ganhar meu perdão. —Exclamei, sentindo o rancor escorrer pelo meu corpo como água fervendo. —E não tente fingir ser uma boa pessoa, como fez da outra vez. Não vim até aqui pra cair em qualquer coisa que você tente me explicar.

—Eu sei que não mereço seu perdão, nem o mínimo de atenção que está me dirigindo agora. —Falou, soltando uma risada tão amarga, como se dizer aquelas palavras estivessem doendo nele. —Mas fico feliz que tenha vindo. Temos algumas coisas para esclarecer. Imagino que queira saber quem é a bruxa da lua que está me ajudando.

Raven indicou algo atrás dele e eu vi a sombra de alguém saindo de trás da parede rochosa. Ergui a espada, antes de notar quem era. A bruxa da lua com o rosto repleto de frieza e maldade, enquanto eu pensava no quão irônico aquela situação toda era. Era óbvio que ela estava ajudando Raven. Ela havia se mudado para meu vilarejo em Arcádia. Ficado mais próxima, sendo que antes estava muito confortável em viver numa ilha isolada.

As Crônicas de Scott: A Guerra / Vol. 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora