Capítulo 39: Parte do plano.

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Sky se aproximou quando percebeu que tinha sido descoberto. Ele parecia um tanto perdido, como se fosse me deixar entrar no quarto e ir embora se eu não tivesse o visto. Mordi o lábio, me preparando para aquela conversa, mesmo que eu nunca soubesse o que esperar quando Sky estava por perto.

—Minha mãe te chamou pra morar com ela. —Comentou, erguendo a mão para esfregar a nuca, enquanto eu o olhava a procura de algum incômodo com aquilo. —Deve ser uma novidade e tanto.

—Ainda estou decidindo se gosto ou não da ideia de ter poderes. Mas eu precisava deles nesse momento. —Dei de ombros, porque aquilo fazia um peso enorme sair das minhas costas. —Tenho certeza que sua mãe vai saber me ajudar a lidar com isso.

—É, ela tem o costume de conquistar todo mundo ao redor. —Os lábios dele se curvaram na sombra de um sorriso, enquanto eu sentia a tensão entre nós dois quase esmagando meus ossos. —Então, quando você partiu dizendo que precisava fazer alguma coisa, era isso.

Não respondi, porque me lembrava de ter dito isso a ele, quando estava indo embora pela primeira vez. Parecia algo que eu tinha dito a ele a dias atrás, mas já fazia um mês. Um mês que andávamos na ponta dos pés um com o outro sempre que nos víamos, como se um passo em falso e tudo fosse explodir.

—Parabéns. —Sky encarou meus olhos, parecendo perdido naquele novo tom azul, enquanto eu apertava as mãos ao sentir minha pulsação disparar. —Eu encontrei o seu tio. Ele nos deu uma carona de barco até o Chalé Marrom.

—Ele deve estar querendo me matar por não ter ido mais vê-lo. —Falei, me lembrando que da última vez as coisas terminaram esquisitas, por causa da sua nova companheira.

—Ele sente sua falta. —Sky balançou a cabeça, umedecendo os lábio com a língua antes de desviar os olhos de mim, como se não pudesse mais me encarar. —E ele pediu pra que eu te desse um recado.

—Ah, o que? —Questionei, sem conseguir esconder a surpresa, porque meu tio nunca se importou muito com Sky, mesmo quando soube que havia alguma coisa entre nós.

—Ele me pediu pra dizer que sente muito orgulho de você. E que ele te ama. —Sky comprimiu os lábios ao dizer aquilo, enquanto eu engolia em seco ao ver ele me encarar de novo.

Aqueles olhos de tempestade parecendo mais fortes do que antes. Abri a boca para dizer alguma coisa, mas Sky partiu antes que eu absorvesse todo aquele momento. Fiquei parada no corredor por um tempo, encarando o lugar que ele tinha estado antes de ir embora. Um buraco se abrindo no meu peito, enquanto eu via aquela rachadura entre nós dois aumentar ainda mais.

[...]

Eu estava dormindo profundamente quando os sinos do Chalé Azul começaram a ser tocados, anunciando que alguma coisa estava acontecendo. Quase caí da cama quando tentei levantar alto, esfregando os olhos enquanto ia até a janela. Lá embaixo, no gramado, guerreiros azuis e marrons disparavam para pegar armas e armaduras.

Fechei as cortinas e coloquei aquelas roupas de couro que todos os guerreiros azuis usavam, sabendo que precisava de uma armadura. Então, prendi a espada na cintura e disparei para fora do quarto, desviando dos guerreiros apressados pelo caminho. Mesmo sem perguntar a ninguém, eu já podia imaginar o que estava acontecendo.

Encontrei Aurora no início das escadarias do chalé, dando ordens aos berros, enquanto Sky estava na sua frente, parecendo desesperado para falar com ela. Aurora o ignorou, se virando assim que escorreguei e parei na sua frente, com o coração chegando na garganta com o tamanho da minha ansiedade.

—O que está acontecendo? —Questionei, vendo Aurora me olhar com cautela.

—Raven está na Cidade do Lago. Ele é um exército de guerreiros. —Aurora afirmou, me fazendo comprimir os lábios, porque no fundo eu esperava que Raven pudesse mudar de ideia. —Preciso que fique aqui, em alerta, Zaia. Se precisarmos de você, iremos lhe dar um sinal.

As Crônicas de Scott: A Guerra / Vol. 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora