Capítulo 47: O que você fez?

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—Seu tio deve estar morrendo de saudade. Faz tanto tempo que nós duas não viemos aqui. —Ayla afirmou, assim que chegamos a Cidade Oceânica.

O lugar estava meio vazio, como se as pessoas evitassem sair na rua se não fosse necessário, depois do que aconteceu semanas atrás. Eu não as julgava por isso, porque tinha evitado todo mundo por muitos dias. E continuava fazendo isso, porque não tinha saído da Casa do Ar fazia alguns dias. Mas uma hora eu precisava deixar minha toca.

—Ele sabe que estávamos ocupadas. —Falei, porque meu tio sabia que talvez não nos veríamos por um bom tempo depois da morte de Aurora. A primeira semana tinha sido quase caótica, porque ninguém sabia como lidar com a situação.

Quando chegamos a casa do meu tio ele havia saído, e Elanor estava sozinha. Ela abriu um sorriso grande quando nos viu, como se realmente estivesse feliz por nos ver. Tentei não demonstrar tanto desconforto perto dela, porque não havia motivo algum para aquilo. Elanor não era Alexia e nunca tinha feito absolutamente nada de errado, além de fazer bem ao meu tio. Eu tinha que ficar feliz por ele.

—Meu tio está no mar? —Questionei, aceitando a xícara de chá que ela estava nos servindo. Imaginava que deveria ser solitário pra ela quando ele saía e demorava alguns dias pra voltar.

—Sim, muito trabalho nos últimos dias. —Ela ergueu os olhos até mim e se sentou no sofá a nossa frente, parecendo ponderar o que dizer. —Ele esteve bastante preocupado com você depois do que aconteceu. Vai ficar feliz quando souber que esteve aqui para vê-lo.

—Eu sei. Tinha a intenção de vir visitá-lo antes, mas não deu tempo. —Falei, umedecendo os lábios com a língua, antes de dar um gole longo no chá. O líquido quente desceu queimando na minha garganta, quando pensei no caos que meus sentimentos estavam.

—Você é oficialmente uma elemental agora? —Questionou, analisando meus olhos azuis com interesse, enquanto sorria. —Seu tio me contou. Ele parecia tão orgulhoso de você. É uma ótima coisa, não é?

—É, é uma coisa muito boa. —Concordei, abrindo um sorriso fraco, antes de dar outro gole longo no chá, porque aquele não era um assunto que eu desejava falar.

—Como andam as coisas por aqui? —Ayla chamou a atenção dela, sabendo muito bem como eu me sentia sobre aquele assunto. Lancei a ela um olhar grato, vendo-a piscar um olho pra mim e olhar para Elanor.

—Normais. As pessoas vivem com medo, mas... —Deu de ombros, encarando a própria xícara de chá, como se tivesse ficado subitamente tensa. —Agora que sabem quem está por trás de tudo, vão atrás deles?

—Guerreiros estão fazendo buscas por Falésia. Mas não tivemos notícias na última semana. —Ayla balançou a cabeça, abrindo um sorriso meio torto, porque Luna tinha sumido do mapa, assim como Raven, mais uma vez.

—Uma pena. Todos estão rezando para que tudo isso acabe logo. —Elanor falou, soltando um longo suspiro.

Elanor e Ayla engataram uma conversa animada que eu preferi não participar, então deixei a xícara de chá sobre a mesa e me levantei, caminhando até a janela que mostrava a rua da frente. Enfiei a mão dentro do bolso da jaqueta, até minhas mãos roçarem naquela pedra e eu a segurar, a girando nos meus dedos como se ela fosse meu ponto de segurança.

Inclinei a cabeça para o lado, franzindo a testa ao ver quatro guerreiros caminhando pela rua vazia. Usavam roupas de couro e longas capas, além de olharem ao redor o tempo todo, como se procurassem por alguma coisa. Apertei aquela pedra no centro da minha mão até ela me machucar.

—Elanor? —Chamei, fazendo ela e Ayla me encararem na mesma hora. Fiz um sinal para que viessem até a janela, antes de apontar para os guerreiros na rua. —Já os viu por aqui?

As Crônicas de Scott: A Guerra / Vol. 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora