Capítulo 46: Você merecia saber.

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Fiquei paralisada por um momento, porque não esperava ver ele ali. Mas o pior, foi depois do susto inicial, quando percebi como ele estava. As roupas bagunçadas e sujas, um pouco rasgadas em alguns pontos. Os machucados nas mãos e no rosto, como se ele tivesse se metido em uma briga.

Ele não falou absolutamente nada, além de me encarar quase como se não estivesse nem respirando. Meu coração se apertou dentro do peito, enquanto eu me dava conta de que estava na casa da mãe dele. Ele poderia sentir que eu estava violando alguma coisa ali, já que ele havia chegado e provavelmente iria querer ficar sozinho.

—Oi. —Sussurrou, dando alguns passos na minha direção. Soltei a vela sobre a mesa no canto da sala, antes de caminhar até ele.

—O que aconteceu com você? —Questionei, hesitando na hora de trocá-lo, porque não sabia se ele iria querer isso. Da última vez, ele nem mesmo quis abrir a porta para me ver. Ele deu de ombros com a minha pergunta, antes de fechar os olhos por um momento e engolir muito lentamente. —Você está todo machucado e sujo.

Balancei a cabeça negativamente, sentindo um nó se formar na minha garganta ao imaginar o que tinha acontecido com ele em todos esses dias. Olhei ao redor, me perguntando onde Aurora guardava suas poções, para poder limpar os machucados dele. Não consegui me afastar, porque assim que dei um passo para longe, Sky me segurou.

—Onde você vai? —Questionou, quase como se subitamente tivesse ficado desesperado. —Não vai embora. Fica aqui, por favor.

—Eu não vou embora. Só preciso de algumas coisas pra limpar seus machucados. —Afirmei, ficando sem fôlego quando ele balançou a cabeça negativamente, praticamente caindo de joelhos na minha frente, antes de abraçar minha cintura e esconder o rosto na minha barriga.

—Fica aqui. —Repetiu, me segurando como se tivesse medo que eu desaparecesse, enquanto eu tinha a sensação que ele iria se desmanchar a qualquer momento. —Não preciso de mais nada além de você. Fica aqui.

—Eu não vou embora. —Insisti, porque ele não parecia acreditar em mim. Toquei os braços dele, sentindo meus dedos tremerem ao ver o quão fraco ele parecia. —Só quero cuidar de você. Não vou embora.

—Eu não mereço você, não é? —Ele ergueu a cabeça, os olhos encontrando os meus por entre aquela única luz vinda da vê-la que estava quase se apagando. Os olhos brilhando como se ele estivesse prestes a chorar. —Eu fiz tudo de errado desde o início. Eu não tratei você como merecia e nem fui justo com nossos sentimentos. Eu deixei meus medos atrapalharem tudo, porque sou um covarde de merda.

—Sky, está tudo bem. —Falei, porque aquilo não importava mais. Nada daquilo. Nossas discussões pareciam sequer fazer sentido naquele momento.

—Não está tudo bem. Você sabe que não está. Você me deixou justamente por isso. —Ele engoliu em seco, fechando os olhos com força como se estivesse sentindo dor. —Eu não sei lidar com isso, Zaia. Não sei lidar com o que eu sinto por você, porque tenho a sensação que se eu deixar você entrar na minha vida, uma hora você vai embora ou vai ser arrancada de mim como a minha mãe. Não consigo... não consigo pensar nisso sem sentir vontade de morrer.

Apertei meus lábios com força, porque não sabia o que dizer a ele. Ainda estava me recuperando do susto de encontrá-lo ali, do fato de ele estar de joelhos falando essas coisas. Fechei meus olhos, respirando fundo antes de tentar me recuperar. Toquei o rosto dele, deslizando minhas mãos pelas suas bochechas, até vê-lo fechar os olhos e descansar contra a palma da minha mão.

—Me deixe cuidar de você. —Falei, quase como um sussurro, porque não queria que Margo ou Percy acabassem acordando e o encontrando ali naquele estado, tão vulnerável.

As Crônicas de Scott: A Guerra / Vol. 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora