Capítulo 52: Não me torture.

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Seus olhos pareciam estar repletos de um sentimento que eu não conseguia identificar. Eles brilhavam como a lua e as estrelas, enquanto ele me encarava quase como se não estivesse piscando e muito menos respirando. Passei minha mão pela garganta dele, sentindo o tremor da sua respiração e o quão tenso ele estava ficando a cada segundo que passava. Ele estava tão nervoso quanto eu e aquilo me deixava feliz.

Me ajeitei no colo dele, antes de deslizar minha mão pela peito nu, que ainda estava um pouco molhado pelas gotas que tinham caído dos seus cabelos. Ele estremeceu, soltando uma respiração pesada enquanto eu o via ficar completamente arrepiado. Minhas bochechas doeram de tanto que eu estava sorrindo, porque precisava tanto sentir ele que chegava a doer.

Parei apenas quando cheguei na borda da calça. O sangue latejou na minha cabeça, fervendo tanto que eu achei que poderia começar um incêndio. Umedeci os lábios com a língua ao erguer os olhos e encarar a expressão pesada de Sky. O desejo e a ansiedade que marcavam cada traço do seu rosto bonito.

—Gosto de saber que é esse o efeito que tenho sobre você. —Falei, abrindo o botão da calça muito lentamente, vendo-o engolir em seco.

—Está indo para um caminho sem volta. —Afirmou, como se estivesse me dando a chance de mudar de ideia. Soltei uma risada, porque ele não fazia ideia do quanto aquilo era a maior certeza da minha vida. Eu precisava fazer tantas escolhas e estava fazendo uma nesse exato momento. Eu estava o escolhendo, assim como ele tinha me escolhido.

Ele soltou um suspiro e suas mãos vieram na minha direção. Eu as segurei rapidamente e afastei de mim, vendo seu olhar desafiador no seu rosto quando entendeu o que eu estava fazendo. Sky deixou as mãos caírem ao lado do corpo, ajeitando a cabeça no travesseiro com um tremor passando pelo corpo.

—Não me torture. —Sussurrou, e eu me deitei sobre ele, envolvendo suas bochechas com minhas mãos, antes de fazê-lo olhar pra mim. —Você ainda não me disse se vai ficar.

—Você já tem essa resposta, Sky. Só está com medo de pensar nela. —Afirmei, vendo-o fechar os olhos por um momento, como se estivesse absorvendo o significado daquelas palavras. Quando ele abriu os olhos de novo, vi todos os sentimentos que ele teve que lutar nos últimos dias. O luto. Medo. Raiva. Saudade. A dor que atravessava seus olhos.

—Você sempre foi a única com poder sobre mim, sabe disso, não é? Desde o começo. A única que poderia me matar usando só as palavras. —As palavras dele eram uma música baixa nos meus ouvidos, enquanto meu peito doía de tão rápido que meu coração estava doendo. —Eu preciso de você. Por favor... por favor me deixe tocar você.

Senti o desespero nas palavras dele. A ansiedade que estava o consumindo de dentro pra fora. Assenti, sentindo que tinha perdido a capacidade de falar. Sky girou o corpo muito rápido, me colocando embaixo dele. Meus cabelos se espalharam pelo travesseiro dele, enquanto uma risada escapava pela minha boca com a pressa dele.

Ele sorriu ao me ver rir, antes de sua boca cobrir a minha em um beijo desesperado, como se ele fosse enlouquecer a qualquer segundo. Segurei a nunca dele, deixando que ele tirasse de mim tudo que queria e precisava. O beijei de volta com a mesma intensidade, sentindo seu gosto tomar conta da minha boca e me deixar tão desesperada quanto ele.

Ele se afastou rápido demais, me fazendo sentar na cama para tirar minha jaqueta. Fui rápida em pegar aquela pedra do bolso, vendo que ele estava tão distraído no que fazia que nem notou quando a enfiei embaixo do travesseiro. Sorri pra ele, erguendo os braços quando ele puxou minha camisa por cima da minha cabeça. O tecido roçando nos meus seios sensíveis, enviando uma onda de calor até o ponto pulsante entre minhas pernas.

Soltei o ar com força, sentindo meu peito subir e descer com o quão rápido minha respiração estava. Sky ficou de joelhos ao lado da cama, tirando com cuidado minhas botas e depois as meias. Meus lábios se abriram em busca de ar quando ele me encarou pedindo permissão, antes de puxar minha calça com delicadeza pelas minhas pernas, me deixando nua sobre a cama dele.

—Perfeita. —Sussurrou, deixando um rastro de beijos pelas minhas pernas. O calor ondulando dentro de mim como ondas. Ele beijou minha pele inteira, deslizando os dedos para sentir meu corpo e todos os lugares que ele queria.

—Vem aqui. —Falei, quase sem fôlego, porque estava ansiosa demais para esperar. Mais tarde ele poderia se demorar aonde quisesse. Mais tarde teríamos mais tempo. Mas não agora. Não quando eu só queria olhar para o rosto dele contra o meu.

Sky fez o que eu pedi, me ajudando a tirar a calça dele. Nos dois nos atrapalhando com os dedos trêmulos. Acabei rindo, porque estava com um frio na barriga. Estava sentindo minha pele arder em todos os lugares que as mãos e a boca dele tinham passado. Agarrei aquela pedra com força embaixo do travesseiro enquanto ele jogava a calça do outro lado do quarto.

—Me beija. —Pedi, vendo os olhos dele faiscarem ao ouvir meu pedido. Ele me beijou como eu pedi, mergulhando a língua na minha boca como se tivesse morrido de saudade. As mãos ajeitando minhas pernas uma de cada lado do seu quadril. Estremeci por inteira quando ele roçou o quadril no meu, sentindo uma pontada de prazer que não estava esperando.

O beijo ficou mais profundo. Mais desesperado. As mãos dele procuraram as mãos, as puxando para cima da sua cabeça. Seus dedos se entrelaçando com os meus como se ele precisasse daquilo tanto quanto eu. Mas senti quando ele ficou rígido sobre mim. Quando sentiu aquela pedra entre nossas mãos e mordeu meu lábio.

Sky se afastou, encostando a testa na minha e mantendo os olhos fechados. Sua respiração fez cócegas no meu nariz, enquanto eu dava a ele o tempo de se recuperar da surpresa. Ele não soltou minha mão um segundo sequer. Ele continuou a segurando, com mais firmeza, como se tivesse medo que aquela pedra escapasse por entre nossos dedos.

—Desde quando... —Eu senti minhas voz falhar, porque não consegui conter a pergunta. Sky abriu os olhos e me encarou de uma forma que eu tinha certeza que ele podia ver todo dentro de mim. —Desde quando você tinha ela?

—Desde o início. Desde o momento que tudo entre nós dois começou. Naquelas apostas. —Ele riu, enquanto eu sentia a surpresa travar meu corpo inteiro, com algo caloroso e dolorido se afundando no meu peito. —Eu contei pra minha mãe a primeira vez. Contei a ela que alguém tinha tido a ousadia de apostar que eu iria perder. E ela riu tanto que chegou a chorar. E antes de eu ir embora ela me deu, falando com tanta certeza que eu iria precisar dela. Achei que minha mãe estava ficando louca, mas guardei aquela pedra. E mantive ela comigo depois que você apareceu aqui pela primeira vez.

Seus lábios roçaram no meu pescoço e eu fechei os olhos com força, sentindo ele deixar uma trilha de beijos por ali. Marcando minha pele como sua. Não consegui evitar a emoção que tomou conta de mim, doce e intensa ao ouvir aquelas palavras. Ao saber o quanto significavam.

—Eu nunca contei a ela que era você. Mas acho que ela soube disso quando te viu pela primeira vez. Eu acho que ela sempre soube. —Ele afastou o rosto para encarar meus olhos. O que eu vi ali valia mais do que qualquer coisa no mundo todo. Aquele sentimento entre nós dois valia mais do que qualquer coisa. —E eu também.

Uma lágrima deslizou pela minha bochecha, porque eu nem havia dito nada ainda, mas senti quando aquela pedra começou a desaparecer entre nossos dedos. Senti quando sua palma tocou a minha quando ela deixou de existir. Meu ombro ardeu como se alguém estivesse me mordendo ali, mas não olhei pra ele pra ter certeza do que estava acontecendo.

—Eu te amo. —Falei, porque estava tão cansada de fingir que aquilo não existia. Estava tão cansada de mentir pra mim mesma. Queria que ele soubesse. —Eu te amo tanto que acho que posso morrer por você.

—Então podemos morrer um pelo outro. —Sky sussurrou, com os lábios contra os meus, como se quisesse gravar aquelas palavras na minha pele também. —Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo.

Ele continuou repetindo aquilo mesmo quando estava me beijando. Ele continuou repetindo aquilo sem parar, enquanto eu sentia meu ombro arder com as letras que era marcadas ali, antes da ardência desaparecer e eu sentir que podia ouvir o coração de Sky batendo contra o meu, ao mesmo tempo.


Continua...

As Crônicas de Scott: A Guerra / Vol. 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora