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São Paulo

Lorena Ferreira




ACORDEI COM O VOLUME do despertador estourando e as frestas das cortinas do meu quarto sendo inundadas com os raios solares da grande metrópole de São Paulo, abri os olhos ainda relutantes e espreguicei, levantei os braços e peguei meu celular na cômoda do lado da cama.

Desliguei o despertador e fiquei deitada na cama pensando e olhando o teto, era meu momento preguiça e volta da alma para o corpo.

Hoje eu acordei mais cedo que o normal, estava com folga da faculdade por causa de um evento dos professores e diretores dos cursos, eu estou no meu terceiro ano de medicina.
Totalmente influenciada pelo meu pai, Abel Ferreira, sou filha do técnico do Palmeiras, ele é português mas veio para o Brasil e hoje é técnico do Palmeiras, meu time do coração.

Minha família, conheço todos, mas tenho amizade mesmo só com alguns, papai não gosta que eu esteja muito envolvida na internet, e eu na verdade nem faço questão porque a internet é uma bosta, pessoas te julgando e falando mal de você sem precisão, muitas vezes até da sua aparência, e sinceramente, não preciso disso agora.

Eu na verdade sou conhecida como a filha do Abel Ferreira, o grande técnico do Palmeiras,mas não sou tão presente na internet ou em redes sociais.

O alarme toca mais uma vez.

— Merda! — falo batendo no celular e desligando ele, achei que tinha colocado para despertar só uma vez.

Acho que fiquei ansiosa para o compromisso de hoje, meu pai vai me levar para assistir o treino do elenco hoje, até chamei uma amiga para ir comigo, na verdade ela vai mais pelo namorado.

Endrick.
Eu estava ansiosa para rever meus amigos, especialmente um... Raphael Cavalcante Veiga.

Caramba, como contar dele ?
Eu e Rapha somos amigos, na verdade, melhores, melhores amigos a três anos, e quando eu completei dezoito eu começei a perceber que não o via como apenas um amigo... começei a ter sentimentos por ele.

Droga, isso realmente estraga tudo, não para ele, ele nem sabe afinal, acaba estragando meu psicológico, minha mente, digamos que não é nada legal reprimir sentimentos.
E eu venho fazendo isso a um bom tempo, sempre tive medo do impacto.

E depois que Veiga confirmou um namoro com Bruna Santana, isso me abalou muito, passei um mês distante dele, dava a desculpa que estava ocupada com a faculdade.
Mas era ela...eu não estava triste, eu sempre quis a felicidade dele, mas não é bacana escutar a pessoa que você gosta falar da pessoa que ele gosta.

É sacana, e eu estava péssima, então decidi me afastar, mas voltamos a ficar grudados, Rapha sempre está comigo, em tudo.
Eu sempre me lembro de reprimir os sentimentos quando estamos juntos, por respeito a ele e a Bruna, mas não vou dizer que é fácil, até porque não é.

Faz quase uma semana que não nos vimos, eu estava atolada em matérias da faculdade e recentemente participei de dois turnos em um hospital, só achava tempo para assistir o verdão e ver ele pela tela da televisão.

Trocavamos algumas mensagens, mas Veiga também é muito ocupado, e meu pai não pega leve nos treinos.

— Lorena! Acorda filha, o café tá na mesa. — escuto uma batida na porta do meu quarto acompanhada com a voz doce da minha mãe.

Duas Metades. - Raphael Veiga Onde histórias criam vida. Descubra agora