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São Paulo

Lorena Ferreira

CHEGUEI DA FACULDADE e os ânimos em casa estão a todo vapor, hoje é dia de clássico e meu pai está daquele jeito, do jeito que o psiquiatra gosta.
Minha mãe não iria hoje porque estaria em uma reunião com advogados que são seus sócios, eu marquei com Gabriely de irmos juntas, a loira vai passar e me buscar.

Me arrumo e tento fazer essa sensação ruim passar, estava desde cedo sentindo um pressentimento ruim.
Tomei um banho gelado afim de passar isso e esquecer, coloquei uma camisa branca e verde do Palmeiras com meu nome atrás, um tênis também branco e uma calça cargo jeans clara.
Deixei o cabelo natural e passei uma leve maquiagem, coloquei um colar prata com pingente verde para combinar com a pulseira que ganhei do Veiga.

Espero Gabriely passar aqui e escuto a buzina do seu carro, eu saio de casa e tranco a porta, meu pai tinha saído uns minutos antes então eu fiquei com o dever de trancar a porta.
Fui até o carro da loira e entrei, cumprimentei ela com um beijo na bochecha.

- Oi minha morena. - ela diz sorrindo e começando a dirigir.

- Oi minha loira. - falo sorrindo meio forçado, estava ainda com aquela sensação.

- Tudo bem Lô ? - Gabriely pergunta franzindo o cenho e passando pelo portão do condomínio.

- Tudo, é que eu tô com uma sensação péssima. - falo passando a mão no peito para melhorar. - como se fosse acontecer algo sabe ?

- Credo, vira essa boca pra lá. - ela diz balançando a cabeça. - relaxa amiga, deve ser coisa da sua cabeça.

- É, deve ser. - falo concordando, deitando a cabeça no banco e olhando a estrada da grande metrópole.

Ficamos em silêncio até chegar no Allianz, passamos por alguns torcedores na rua, vários tons de verde no ar e o pessoal todo agitado.
Os dois ônibus dos grandes times estacionados na entrada, Gabriely dirige para dentro do estacionamento onde os jogadores e seus parentes colocam os carros.

Descemos e fomos até os corredores que davam acesso para o vestiário e depois as arquibancadas vip que é onde vamos ficar.
Gabriely passou no vestiário e eu resolvi ir direto para as arquibancadas, cumprimentei Antonella e ela reparou meu desânimo.

- Me fala, o que tá rolando? - a morena perguntou franzindo a testa e me olhando desconfiada.

- Nada, eu só tô com uma sensação ruim sabe. - falo olhando o campo grande a nossa frente e as duas torcidas gritando e agitadas.

- Em que sentido ? - Antonella pergunta com a mão no queixo apoiando o braço na perna.

- Não sei, só sei que tô sentindo isso desde cedo. - falo suspirando e passando a mão no cabelo.

Antonella me abraça e passa a mão na minhas costas acariciando.

- Vai ficar tudo bem Lô, relaxa. - ela diz me tranquilizando.

Eu separo o abraço e sorri, continuamos alí esperando os jogadores entrarem, uns minutos depois Gabriely chega do vestiário e Bruna se senta mais afastada também chegando.
Ela está estranha a uns dias, decido não ligar para isso.

Duas Metades. - Raphael Veiga Onde histórias criam vida. Descubra agora