trinta e oito

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< acabei de chegar aqui em mullingar >

Enviei a mensagem para o Niall enquanto o trem diminuía a velocidade. Só de já poder ver a plataforma, uma felicidade me invadia e eu não conseguia parar de sorrir. Era uma sensação ótima. Finalmente em casa.

Esperei que a mulher ao meu lado se levantasse para que eu pudesse sair do trem. Arrumei meu cachecol e fechei o zíper da minha jaqueta, vendo a neve cair pelas janelas do trem. Olhei para o lado de fora procurando pelos meus pais, mas tive que me concentrar em carregar minhas coisas para fora do trem antes que as portas se fechassem. Eu estava tão ansiosa para chegar que parecia que eu tinha viajado por dias naquele trem para Mullingar.

Assim que eu vi meus pais me esperando, saí correndo pela plataforma do trem puxando a minha mala e carregando a outra pendurada no meu ombro. Não estranhei que meu irmão não estivesse lá. Mas era bem estranho ver meus pais tão perto de mim. Tinha ficado um bom tempo sem ter minha família por perto.

Meus pais me viram correndo na direção deles e vi os sorrisos nos rostos deles. Eles estavam tremendo de frio lá, mas fizeram questão de me esperar chegar. O sorriso no meu rosto ficou maior ainda. Assim que eu os alcancei, deixei minhas coisas no chão e abracei meus pais.

-- Nem acredito que estou aqui! -- eu abracei-os mais forte.

Minha mãe riu, beijando o topo da minha cabeça. Ela me abraçou mais forte. Senti-a soluçando enquanto estávamos abraçados e me segurei para não chorar lá também. Quando meus pais decidiram me soltar, vi que meu pai discretamente piscava para não deixar algumas lágrimas escorrerem e sorri olhando para os meus pés.

-- Como estão as coisas por lá? -- meu pai perguntou quando já andávamos em direção ao nosso carro.

Antes que eu respondesse, ele me ajudou com as minhas coisas, carregando-as para mim. Minha mãe estava de mãos dadas com ele, muito emocionada para entrar na conversa. Era bom ver meus pais tão unidos. Era como se eles nunca tivessem quase se separado e aquilo me deixava feliz. Claro, com o meu irmão trancado no quarto vinte e quatro horas por dia, eles só tinham um ao outro. Ou eles brigavam ou eles se amavam e eu estava feliz por eles não estarem brigando.

-- Estão indo bem. Talvez eu tenha reprovado em uma ou duas matérias na universidade... -- eu dei um sorrisinho nervoso, puxando. -- Mas nada impossível de se recuperar!

Minha mãe riu. Olhei para ela um pouco surpresa.

-- Olha para você... -- ela falou orgulhosa. -- Já é quase uma mulher.

-- Mãe... -- eu revirei os olhos.

Meu celular vibrou no bolso da minha jaqueta e como ele não parava, percebi que não era mensagem. Estavam me ligando. Tirei o celular do meu bolso com as mãos congelando. Era o Niall. Ele devia ter visto a mensagem que eu tinha mandado assim que cheguei.

Olhei para os meus pais de relance, tentando decidir se atendia ou não, mas não estava aguentando de saudades do Niall.

-- Alô? Niall?

-- Eu não acredito que você chegou, finalmente! -- ele quase gritou do outro lado da linha, me fazendo rir.

-- Não me chama para ir na sua casa porque já está tarde e eu estou muito cansada. Te vejo amanhã, prometo.

-- Ah, não...

-- Ah, sim, Niall. -- eu falei determinada enquanto tentava fazer com que a neve não cobrisse meu rosto inteiro. -- Olha, você sabe que eu te amo demais, mas eu quero minha cama.

Chegamos no nosso carro e meu pai guardou minhas coisas no porta malas para mim. Agradeci com um sorriso enquanto ainda falava com o Niall.

Encerrei a chamada e fechei a porta do carro com um pouco mais de força do que eu desejava, mas eu só queria me livrar da neve congelando meu rosto. Esfreguei minhas mãos umas nas outras enquanto meus pais também entravam no carro.

head or heart ;; njhOnde histórias criam vida. Descubra agora