vinte e oito

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-- Oi, mãe. -- eu sorri quando minha mãe finalmente atendeu o telefone.

-- Liesel, você finalmente pode falar. -- ela soltou um suspiro de alívio e deu uma risadinha do outro lado da linha.

-- É... me desculpa sobre isso... eu sei que faz muito tempo que eu não ligo para vocês. É só que não estava dando tempo. - eu expliquei.

-- Tudo bem por aí? -- minha mãe perguntou ansiosa.

-- Tudo... sim, claro. -- eu engoli em seco.

Não ia falar de tudo que tinha acontecido naqueles dias. Faziam dois dias que eu não ouvia falar do Niall. Não tive coragem de entrar no meu Twitter e nem de responder as mensagens que os meninos tinham me mandado. Não porque eu queria ignorá-los ou algo do tipo, mas porque eu estava realmente com medo da Modest! começar a fazer da minha vida um inferno.

Eu precisava achar um jeito de falar de novo com o Niall, mas minhas amigas não tinham me deixado um minuto sozinha depois do que tinha acontecido. Então, não tinha realmente tido tempo para poder ir até uma cabine de telefone e tentar ligar para o Niall. Não estava aguentando ficar sem ele. Eu já tinha passado por aquilo e não queria passar de novo.

Só ia falar com a minha mãe sobre o que tinha que falar: sobre meu emprego e sobre eu estar pensando em passar um tempo de volta em casa quando o recesso de Natal da universidade chegasse.

-- E por aí? Tudo bem? -- eu continuei.

Minha mãe suspirou. -- Sim. Está tudo certo. Só o George... ele está dando tanto trabalho, Liesel. Eu não sei mais o que fazer.

Dei um olhar confuso. -- O George? O que está acontecendo com ele?

-- Eu não faço ideia do que deu nele. -- minha suspirou mais uma vez, falando com uma voz cansada. -- Está arranjando briga na escola, desrespeitando os professores e não para de discutir com o seu pai. E uma das professoras encontrou ele e os amigos pichando o carro de um dos professores no estacionamento, Liesel.

E eu não sabia como processar tudo aquilo. O que tinha dado no meu irmão? Ele tinha onze anos. Onze anos! Eu não conseguia acreditar como ele podia estar fazendo tudo aquilo. Eu simplesmente não conseguia. Estava sem palavras para tudo aquilo. Como o meu irmão podia estar pichando carros e arranjando briga por aí? Aquele definitivamente não era meu irmão.

-- Mãe...? V-Você já conversou com ele? E com o papai sobre isso?

-- Eu já tentei. Eu não sei mais o que fazer. Ele tem onze anos, meu deus! -- a voz dela saiu trêmula e aquilo me deixava desesperada.

Não, não, não. Minha mãe não podia estar chorando.

-- Seu pai... -- ela soluçou. -- Seu pai está tão estressado por causa disso. Eu estou com tanto medo do que pode acontecer...

Senti uma vontade repentina de ir para o aeroporto e pegar o primeiro voo para a Irlanda que tivesse. Ah meu deus, minha família estava caindo aos pedaços. Não precisava deixar minha mãe mais preocupada ainda se eu falasse de tudo que tinha acontecido entre mim e o Niall.

Estava perdida. Eu queria realmente ir para casa e resolver tudo aquilo junto com a minha família. Não tinha nada a ver comigo, mas nós ainda éramos uma família. Queria tentar conversar com o George pessoalmente, me sentar no pé da cama dele e convencê-lo a me contar o que estava acontecendo. Talvez eu conseguisse?

Eu estava esperando que a minha relação com ele não tivesse mudado. Me lembrava de como ele vinha me contar as coisas ou perguntar coisas em vez de ir falar com os meus pais. Esperava que ele ainda confiasse em mim o bastante.

head or heart ;; njhOnde histórias criam vida. Descubra agora