head or heart ;; njh

doze

-- Sim mãe, está tudo bem. -- eu falei pela terceira vez. Eu não sabia por que ela era tão preocupada.

-- Sentimos sua falta. -- ela falou e eu pude perceber que ela estava quase chorando.

Um nó se formou na minha garganta e eu engoli em seco. -- Eu também sinto...

Pisquei algumas vezes para me livrar das lágrimas que tinham aparecido nos meus olhos. Eu me sentia tão sozinha às vezes e me arrependia profundamente de ter feito tudo aquilo, mas sempre que eu ligava para a minha mãe falando que eu queria voltar, ela me encorajava a ficar e as palavras dela sempre me convenciam e naquele momento, era a minha família que precisava de mim e eu não fazia ideia do que fazer. Eu me sentia tão inútil sem poder fazer alguma coisa.

-- Bom, é... -- eu ouvi a minha mãe do outro lado da linha. Eu podia perceber a dificuldade que ela tinha para conseguir falar. -- Acho que vou desligar. Só... queria saber se... tudo estava bem.

Eu assenti, mesmo sabendo que ela não podia me ver, porque eu não conseguia falar também. Respirei fundo. -- Tudo bem...

-- Te amo.

E eu acabei desligando sem falar nada, porque eu simplesmente não conseguia. Engoli em seco e coloquei o meu celular na mesa de cabeceira. Já era tarde e eu ainda precisava tomar banho, mas eu podia fazer aquilo de manhã. Eu estava muito cansada para fazer qualquer coisa. Eu tinha chegado tarde da biblioteca naquele dia, porque a Sra. Donner tinha pedido para eu e para a Louise ficarmos até mais tarde arrumando a seção restrita da biblioteca. Eu não tinha como recusar.

***

Eu abri os olhos um pouco confusa. Um barulho alto tinha vindo da sala. Eu esperei para ver se ia ouvir mais alguma coisa. Me sentei na cama e olhei para a porta do meu quarto, que estava fechada, atenta para qualquer barulhinho que fosse. Meu coração acelerou. Eu tive que me levantar e ir até a porta para ver se ouvia mais alguma coisa, porque os batimentos do meu coração ficavam mais altos a cada segundo. Era como se o meu coração tivesse migrado para os meus ouvidos. Como não ouvi mais nada e como eu não tinha coragem de ir na sala ver se realmente tinha alguém lá, me deitei novamente na cama, mas fiquei de olhos abertos, esperando qualquer coisa acontecer.

Não passou um minuto e eu já estava em pé de novo, indo em direção à porta do meu quarto. Era horrível morar sozinha. Eu nunca me sentia segura. Nunca mesmo. Segurei a maçaneta e respirei fundo, soltando um suspiro trêmulo logo em seguida. O que eu devia fazer em uma situação como aquelas? E se realmente tivesse alguém no meu apartamento? Eu tinha certeza de que tinha fechado as janelas e trancado a porta. Talvez tinha sido alguma coisa que tinha caído e eu estava me preocupando à toa. Tirei a mão da maçaneta, tentando pensar. Eu não tinha escolha, eu não ia conseguir dormir até que eu fosse ver o que tinha acontecido na sala. Se fosse alguém que ia me matar, então que eu aparecesse logo.

-- Ai meu deus... -- eu me afastei novamente da porta, quando ouvi um barulho abafado vindo da sala. Respirei fundo e corri até a mesa de cabeceira, pegando o meu celular. Minhas mãos tremiam um pouco. Eu não sabia lidar com situações como aquela.

Disquei o número do Logan tremendo e coloquei o celular no meu ouvido. Para quem eu ia pedir ajuda? O Brian e o Logan eram as pessoas que estavam mais perto de mim. Comecei a considerar a ideia de dividir um apartamento com a Phely bem convidativa. Se nós passássemos por situações como a que eu estava passando sozinha naquela noite, pelo menos estaríamos juntas. Percebi que o celular não estava chamando e vi que eu não tinha apertado o botão para chamar.

De repente, a luz do corredor se acendeu e a maçaneta da porta do meu quarto mexeu alguns segundos depois. Realmente tinha alguém lá. Não eram só coisas caindo sem querer. Eu estava apavorada. Eu não sabia o que fazer. Tudo que já tinham me falado sobre como agir em situações como aquela tinha fugido da minha mente e eu não conseguia nem me mexer. Olhei novamente para a tela do meu celular, ainda com o número do Logan lá.